28 de fevereiro de 2010

Fórum: Democracia e Liberdade de Expressão

01/03/2010 em São Paulo
8h30 - Recepção
9h - Abertura Oficial: Min. Helio Costa
Palestra Especial: Roberto Civita

9h30 - Painel de Abertura: Liberdade de Expressão: Cenários, Tendências e Práticas na América Latina
Exposições: Adrián Ventura (Argentina), Carlos Vera (Equador) e Marcel Granier (Venezuela)
Mediador: Marcelo Rech

11h - 2º Painel - Ameaças à Democracia no Brasil
Exposições: Demétrio Magnoli, Denis Rosenfield e Amaury de Souza
Mediador: Tonico Ferreira

12h:30 - Intervalo para o Almoço
13h30 - Recepção

14h - 3º Painel - Restrições à Liberdade de Expressão
Exposições: Arnaldo Jabor, Carlos Alberto Di Franco, Sidnei Basile
Mediador: Luis Erlanger

15h30 - Intervalo

16h - 4º Painel - Liberdade de Expressão e Estado Democrático de Direito
Exposições: Marcelo Madureira, Reinaldo Azevedo, Roberto Romano
Mediador: William Waack

17h30 - Painel - Especial de Encerramento: Democracia e Liberdade de Expressão
Exposições: Dep.Fernando Gabeira, Dep. Miro Teixeira e Otávio Frias Filho
Mediador: Carlos Alberto Sardenberg.

19h - Conclusões Finais
Amaury de Souza

27 de fevereiro de 2010

Há risco real de bolha no Brasil,diz Strauss-Kahn

O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, alertou hoje que Brasil, Indonésia e outros países emergentes correm um “risco real” de sofrer uma bolha no preço de seus ativos por causa da avalanche de dinheiro externo que entra nessas nações. “Grandes quantidades de capital entram no Brasil, Indonésia e outros países, que estão em risco real de sofrer com bolhas”, advertiu o diretor do FMI em um fórum econômico em Washington. O Índice Bovespa, que caiu dos 30 mil pontos no final de 2008, durante o pior da crise, hoje passou dos 66 mil pontos, apesar de registrar perdas neste ano, o que significa uma valorização de mais do dobro do dinheiro investido. Altas similares foram registradas na Indonésia e em outros mercados emergentes.
(...) O ex-ministro da Economia francês disse que a resposta “normal” aos fluxos de capital é permitir a valorização da moeda. Mas isso pode levar a uma alta excessiva da taxa de câmbio, reconheceram analistas do FMI. Outra possibilidade é que o banco central acumule reservas de divisas, mas alguns países já têm mais do que o suficiente. Nessas circunstâncias, os controles de capital são uma medida “legítima” para lidar com o problema, afirmaram analistas do FMI em um estudo sobre o tema publicado em 19 de fevereiro. No entanto, eles advertiram que sua aplicação generalizada poderia prejudicar o crescimento mundial e redirecionar os fundos externos a países que não são capazes de absorvê-los. (Estadão, 27/02/10)

26 de fevereiro de 2010

Liberdade de Expressão

Gosto muito dos textos do Nelson Motta no Estadão, da mesma forma que gostei do livro do Tim Maia. Aqui ele dá uma solada de dois pés na turma do Marco Aurélio Top Top Garcia:
Se é preciso democratizar as comunicações no Brasil, como quer o programa de governo do PT, é porque elas não são democráticas, concluiria o conselheiro Acácio. Mas aqui qualquer um pode abrir um jornal, uma rádio ou uma emissora de TV, dependendo de seus recursos para montar e manter o veículo. E de sua capacidade de conquistar audiência. Com a infinidade de canais que hoje o mundo digital oferece, é fácil para qualquer sindicato, ONG ou movimento social ter sua rádio e seu canal de televisão. O difícil é ter espectadores. Na internet, ninguém precisa de nenhuma autorização, ou de muito dinheiro, para botar no ar sua rádio, jornal, revista ou televisão – basta ter competência e audiência. O que pode ser mais democrático do que isso? Não é por falta de democracia que as esquerdas não conseguem fazer um veículo de massa de sucesso popular, mesmo com todas as verbas e a “vontade política” oficial. O último foi o Pasquim. Esse pessoal só vai ser lido, visto e ouvido se a concorrência for eliminada. Alguém duvida que a Globo, a Record, a Band e o SBT disputam cada centavo do mercado, cobrando por cada espectador conquistado? Dezenas de canais a cabo não competem ferozmente por assinantes e anunciantes? Os jornais não estão disputando leitores nas bancas e online? Não há livre concorrência? Então que monopólio é esse que eles querem acabar? Por que ninguém vê a TV Brasil? Por que A Voz Operária é menos lida do que O Estado de S. Paulo? Por que a Carta Capital só tem uma fração dos leitores da Veja? Não se trata de quem é melhor ou pior, é só uma livre escolha do público. E nas escolhas democráticas, às vezes, a maioria está errada, mas o que fazer, acabar com a democracia? Ou com a maioria? Quem sabe, com o tempo e governos petistas, os brasileiros ganhem educação, consciência política e bom gosto e façam da Voz Operária, da TV Brasil e da Carta Capital campeões de audiência? Já em Cuba, na Coreia do Norte, na Venezuela e no Irã, quem falar em democratizar as comunicações vai preso. Porque lá elas já estão democratizadas, concluiria o conselheiro.

Aposta em derivativo castiga Grécia

Nelson D. Schwartz e Eric Dash (THE NEW YORK TIMES)
Apostas feitas por alguns dos mesmos bancos que ajudaram a Grécia a ocultar seu crescente endividamento podem agora estar empurrando o país na direção da ruína financeira. Ecoando o tipo de transação que quase pôs fim ao American International Group, o seguro contra o risco de uma moratória grega, cada vez mais popular, está fazendo com que Atenas encontre dificuldade crescente para obter o dinheiro de que necessita para pagar suas contas, de acordo com negociantes e administradores de portfólio.
Esses contratos,conhecidos como CDS (do inglês credit default swap, que pode ser definido como um seguro contra calote), permitem que bancos e fundos de hedge apostem naquilo que equivale, em termos financeiros, a um incêndio de grandes proporções: o anúncio de um calote por parte de uma empresa ou, no caso da Grécia, de um país inteiro. Se a Grécia deixa de pagar suas dívidas, os negociantes donos desses swaps têm lucro. “É como contratar um seguro contra incêndio para a casa do seu vizinho – cria se um incentivo para queimar a casa”, disse Philip Gisdakis, diretor de estratégia de crédito da UniCredit, de Munique.
Conforme a piora da condição financeira da Grécia prossegue prejudicando o euro, o papel desempenhado por Goldman Sachs e outros grandes bancos no ocultamento da verdadeira extensão dos problemas do país atraiu críticas dos líderes europeus. Mas, mesmo antes dessa questão se tornar aparente, uma empresa pouco conhecida emantida por Goldman, JP Morgan e cerca de uma dúzia de outros bancos tinha criado um índice que permitia aos participantes do mercado apostar na possibilidade de quebra na Grécia e em outros países europeus. Essa empresa, a Markit Group, de Londres, apresentou em setembro o índice iTraxx SovX para a Europa Ocidental, elaborado a partir das negociações de CDS, permitindo que os negociantes apostassem na situação da Grécia pouco antes da crise. Tais derivativos passaram a desempenhar um papel desproporcionalmente importante na crise do endividamento europeu, pois os negociantes têm se concentrado nos giros diários desse mercado.
Alguns deles dizem que um dos resultados desse processo é um ciclo vicioso. Conforme os bancos e outros investidores procuram esses swaps, o custo do seguro da dívida grega aumenta. Alarmados por essa perspectiva negativa, os investidores fogem dos títulos dessa dívida, dificultando a obtenção de empréstimos por parte da Grécia. Isso, por sua vez, aumenta os temores – e o processo recomeça. Nas mesas de negociações, debates furiosos tentam determinar o que exatamente está por trás dos recentes problemas da Grécia.
Alguns negociantes dizem que os swaps agravaram o caso, enquanto outros dizem que a culpa é da deterioração das finanças gregas. “O país está emitindo papéis num mercado cada vez mais fraco”, disse AshishShah, codiretor de estratégia de crédito da Barclays Capital, referindo se à contínua necessidade grega de empréstimos. Mas enquanto alguns líderes europeus culpáramos especuladores financeiros em geral pela piora da crise, a ministra das Finanças da França, Christine Lagarde, destacou na semana passada a responsabilidade dos CDS. Ela disse que um número pequeno de participantes dominava esse mercado, que necessitaria de uma regulamentação mais rigorosa, segundo ela. Neste ano, as negociações no índice de derivativos de crédito soberano da Markit aumentaram muito, ajudando a encarecer o custo do seguro da dívida grega e, assim, aumentando o preço pago por Atenas pelos empréstimos solicitados.
Como aumento da demanda por proteção para os CDS, os investidores fugiram do mercado de títulos da dívida grega em várias ocasiões entre o fim de janeiro e o início de fevereiro, o que levou muitos a duvidarem da capacidade da Grécia de encontrar compradores para futuras ofertas de títulos. “Trata-se de uma situação na qual um cego conduz outro”, disse Sylvain R. Raynes, especialista em finanças estruturadas da R&R Consulting, de Nova York. “O índice iTraxx SovX não criou essa situação, mas a exacerbou.” O índice da Markité composto pelos 15 CDS mais negociados da Europa, e abrange outras economias em dificuldades, como as de Portugal e Espanha.
Conforme as preocupações relativas às dívidas desses países moveram os mercados em todo o mundo desde fevereiro, as negociações no índice registraram forte alta. Os bancos europeus, entre eles os gigantes suíços Credit Suisse e UBS, os franceses Société Generale e BNP Paribas e o alemão Deutsche Bank, estão entre os maiores compradores de seguros para swaps, de acordo com negociantes e banqueiros que solicitaram anonimato porque não têm autorização para fazer comentários públicos. Isto porque são esses os países mais expostos ao risco. Os bancos franceses detêm US$ 75,4 bilhões em títulos da dívida grega, seguidos pelas instituições suíças, com US$ 64 bilhões, de acordo com o Banco de Compensações Internacionais. A exposição dos bancos alemães é avaliada em US$ 43,2 bilhões.
As negociações em CDS associadas apenas à dívida grega também se intensificaram muito, mas o seu volume ainda é inferior ao endividamento do país, avaliado em US$ 300 bilhões. O seguro total da dívida grega chegou a US$ 85 bilhões em fevereiro, um aumento em relação aos US$ 38 bilhões registrados 12 meses atrás, de acordo com a Depositary Trust and Clearing Corp., que acompanha as negociações de swaps. A Markit, por sua vez, diz que seu índice é uma ferramenta para os negociantes, e não um fator de propulsão do mercado. Em pronunciamento, a Markit disse que seu índice foi criado para satisfazer uma demanda do mercado, e melhorou a capacidade dos negociadores de se garantir contra riscos. A empresa acrescenta que o índice, junto com produtos similares, facilita a avaliação de preços por parte dos compradores e vendedores para instrumentos que são negociados entre participantes no mercado de balcão, e não em negociações mediadas pelas instituições. “Esses índices ajudaram a trazer mais transparência ao mercado soberano de CDS”, disse a Markit. “Antes da sua criação, não havia um índice padrão estabelecido que permitisse aos investidores acompanhar o desempenho de segmentos do mercado soberano de CDS.”
Alguns administradores de portfólio dizem que o problema está isoladamente na negociação de swaps gregos, e não no índice como um todo. “É como se o rabo abanasse o cachorro”, disse Markus Krygier, administrador sênior de portfólio da Amundi Asset Management, de Londres, que possui US$ 40 bilhões em ativos de renda fixa de todo o mundo. “Há uma espécie de efeito dominó, pois conforme as posições subjacentes começam a parecer mais arriscadas, os modelos de risco são disparados, obrigando os administradores de portfólio a vender títulos gregos.” Não é por acaso que essa situação parece conhecida. Os críticos desses instrumentos afirmam que os swaps contribuíram para a derrocada do Lehman Brothers. Mas, até recentemente, a demanda por seguros para as dívidas governamentais era pequena. A possibilidade de um país desenvolvido cair em inadimplência com suas obrigações parecia remota. Como resultado, muitos bancos estrangeiros que tinham títulos da dívida grega ou que participaram de outras transações financeiras com o governo não buscaram proteção para o risco de uma moratória. Agora, estão todos correndo para os seguros. “A Grécia não é um país pequeno”, disse Raynes, da nova iorquina R&R. “Os CDS transmitem uma impressão de segurança, mas na verdade aumenta morisco sistêmico.”
TRADUÇÃO DE AUGUSTO CALIL

25 de fevereiro de 2010

Los tres amigos


http://www.granma.cu/espanol/2010/febrero/juev25/elmundo.html

Ativista político morre em greve de fome no meio da visita de Lula em Cuba


Sabemos bem qual é a posição cretina do PT em relação à regimes opressores como Irã, Venezuela e Cuba, reforçada pela candidata Dilma em sua entrevista à revista Veja: 'Respeito às diferenças dos povos e à soberania'. Assim, se o regime cubano decide prender um cidadão desde 2003 por realizar encontros em praça pública, e por motivos políticos semelhantes decide encarceirar 300 prisioneiros, devemos, obviamente, respeitar esta 'diferença cultural'. Se o regime iraniano, um dos mais obscurantistas do planeta, resolve enforcar dissidentes, deve ser coisa da cultura deles - embora os iranianos assassinados pelo governo sejam pessoas cultas e civilizadas em sua maioria, e justamente por isso, perseguidas por um regime que não admite pessoas que lêem, pensam e causam confusão. Reprimir estes dissidentes é problema destes países-amigos, e não cabe a nós dar nenhuma lição de moral. Problemas deste tipo ocorrem no mundo todo, como disse Marco Aurélio Garcia.

Se você não defende isso, obviamente deve ser apenas um golpista, um direitista, ou coisa pior.

Lula foi pego com sangue na mão neste episódio. Ao mesmo tempo que discutia investimentos da Odebrecht na ilha-presídio, financiado através do BNDES com o NOSSO dinheiro, o ministro da defesa realizava encontros fechados para discutir 'assuntos militares'.

Que assuntos militares queremos ter em comum com o regime mais repressivo das américas???

23 de fevereiro de 2010

Grécia ameaça mais que o Euro

Mais um artigo sobre a crise européia e seus efeitos na UE.

Em resumo, aponta, como já é comum em outros artigos, o grande erro que foi formar uma união monetária sem ter uma união política.


But there is no sign of any such move. Europe is stuck. So what has gone wrong? The problem is that the “economics first, politics later” method is almost Marxist in its assumption that economics will inevitably dictate a particular political response. But democratic politics involves choice.

Comento: Não vejo problema nenhum com uma ênfase na integração econômica da europa. O problema está na moeda fiat. A moeda fiat carrega em si os genes da organização estatal. O melhor nome para uma moeda deste tipo é extamente este: moeda estatal. Infelizmente o culto ao estado já é tão legitimizado que poucos se apercebem destas incongruências.

É impossível ter uma integração econômica livre e soberana através de uma moeda estatal criada por uma colcha de estados diferentes. Aí sim, seria necessário uma integração política - indesejável, para a maioria dos europeus. O euro tem um problema fundamental de design. Não sei se é possível consertá-lo. Não sei se é possível ter uma união monetária fiat. Duas possibilidades já foram testadas pela realidade: moeda baseada em commodity (ouro) ou uma europa sem moeda comum, com cada país emitindo a sua moeda.

O euro está sendo testado agora. E parece que não se sustentará.

22 de fevereiro de 2010

Link para artigo do Geoge Soros sobre o Euro

Estou lendo o novo caderno econômico do Estado online. Ótimo conteúdo em português, e o acompanhamento do que estão falando nos jornais internacionais importantes.

O blog do Sívlio Crespo salienta hoje este importante artigo no FT onde Soros nos diz o que pensa sobre o Euro. Aquilo que já comentamos: aos poucos se começa a discutir as tecnicalidades do euro, e o retrato não é bonito. Isto, uns anos atrás, era unicamente discutido pelos 'euro-céticos', a turma eternamente 'do contra', o que agora se vê, é que estes argumentos mereciam mais atenção dos economistas do mainstream...

19 de fevereiro de 2010

Atentado nos EUA foi ataque suicida contra a Receita Federal

Joseph Stark encontrou uma brecha legal na confusa legislação americana. A lei que justifica a cobrança de imposto de renda nos EUA é baseada em trechos obscuros. Alguns americanos idealistas, que cismam em ler as leis e às levam realmente ao pé da letra, deixam de pagar impostos por birra, baseados nestas brechas. Resolvem cutucar o leão com a vara curta. Como já dizia o cônsul romano Pompeu Magnus 'Pare de nos repetir a lei. Não vê que nós estamos armados?'. Brigar com o estado entrando nos meandos da lei é uma aventura quixotesca.

No final, a conta veio pesada para Joseph Stark. Teve que pagar dezenas de milhares de dólares em impostos atrasados.

Ao ver seus planos radicalmente alterados, desiludido ao ver como funciona o sistema, e com problemas pessoais e financeiros, Joe Stark se dedicou a este projeto insano. Quase se chocou no prédio da Receita Federal americana.

A televisão mostrou, ninguém explicou porquê. Os blogs na internet fuçaram, e agora a imprensa começa a publicar o motivo.

Assim é na América... De vez em quando aparece um louco. Pena que estes loucos não declarem imposto de renda por aqui!


18 de fevereiro de 2010

The Cambridge Five spies


Assisti neste carnaval a uma série de espionagem da BBC sobre a vida de cinco jovens britânicos todos provenientes de famílias importantes, colegas em Cambridge, e com grande acesso na sociedade britânica.

O UK ainda era um país bastante conservador na época da segunda guerra, e os apertos de mão e as gravatas que mostravam que você pertencia a esta ou aquela escola de nome abriam as portas do serviço público e da realeza.

Só que estes jovens eram apaixonados pela doutrina marxista. Foram cooptados por agentes soviéticos e, talvez buscando uma vida fora do comum, passaram a reportar para Moscou atividades relevantes do serviço de embaixadas e do serviço de inteligência britânico, que podiam penetrar facilmente, graças à suas credenciais aristocráticas. Dedicaram suas vidas à isto.

Um era mais velho e introduziu a eles os contatos em Moscou. Outros dois destes espiões não passavam de 'dândis' em busca de aventura. Já os outros dois, Kim Philby e Donald McLean, passaram aos soviéticos informações importantes sobre os acordos britânicos com os EUA, e por anos foram a principal fonte de informação de Stálin nesta área.

Ao contrário dos seus pares brasileiros, não ganharam jamais indenizações milionárias do estado britânico. Após serem expostos, tiveram que escapar para a União Soviética, onde Philby e McLean se integraram à burocracia estatal, se tornando respeitáveis cidadãos soviéticos. O que só era possível com doses generosas de vodka.

Guy Burgess, extrovertido homosexual, teve obviamente grandes dificuldades de adaptação em um regime totalitário bem diferente do que imaginava, e se acabou na bebida.

Anthony Blunt, um historiador de arte membro do grupo com um pé na família real britânica, era o membro do grupo espionando para os russos os escândalos da família real.

Perdeu suas condecorações reais, foi publicamente exposto no governo Thatcher. Teve o bom senso de não emigrar para a URSS e tentou viver no sul da Europa. Teve um difícil retorno à Inglaterra, pois era confrontado na pela população, quando o reconheciam.

Disse que tentou o suicídio, mas preferiu o uísque e o trabalho duro como historiador da arte para tentar enterrar o passado.

A grande desgraça ideológica dos anos 30 foi esta escolha falsa entre dois totalitarismos. O original, comunista, e sua versão derivada, o fascismo, que buscava integrar em um regime totalitário análogo ao comunista os grupos dominantes da sociedade pré-fascista.

Apenas depois da segunda guerra, com o fascismo derrotado, é que o modelo soviético passou a ser confrontado por um novo sistema político e econômico, proposto por EUA e UK. Ainda bem que o mundo saiu dessa fase sombria. Pena que alguns cismem em voltar ao passado.

17 de fevereiro de 2010

Risco de desabastecimento

Especialista em energia, Adriano Pires, diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), analisa o movimento da petroleira brasileira. “Há quase uma década o Brasil se tornou um exportador. Primeiro, foi o anúncio da Petrobrás de que interromperia a exportação, há cerca de um mês, e agora tem de comprar de outros produtores; é surpreendente”, diz.
Segundo Pires, os últimos movimentos do governo e da Petrobrás claramente mostram a preocupação com o risco de desabastecimento tanto de gasolina quanto de etanol. Ele cita a redução do etanol na gasolina e agora a importação de gasolina. Além disso, o governo ensaiou recentemente a suspensão temporária do imposto de importação para o etanol. “Há três anos, Lula falava que o Brasil se tornaria a Arábia Saudita verde e agora passamos por esta situaçãoemque a luz amarela acendeu”, opina.
Nos Estados Unidos o estoque atual, divulgado no site da Agência de Energia do país, é de 230 milhões de barris. “Lá, os números são transparentes. Aqui, com o monopólio da Petrobrás e a Agência Nacional do Petróleo(ANP)que não cumpre o seu papel, tudo é um mistério”, critica. A ANP não respondeu ao pedido de informações do Estado.
Para Ildo Sauer, professor da Universidade de São Paulo e ex diretor da Petrobrás, o volume de 2 milhões de barris não chega a ser expressivo, já que é equivalente à produção diária da Petrobrás. Mas Sauer também se surpreendeu com a importação. “A empresa era superavitária de gasolina desde a entrada doProálcool, nos anos 70”, lembra.

12 de fevereiro de 2010

Será que seremos testemunha de mudanças?

Vimos um episódio, de certa forma, inusitado. Não me lembro, nesses anos de vida, de ver um chefe do executivo ser preso.
Será que seremos testemunha de mudanças da justiça brasileira? A justiça a partir desse episódio começará a funcionar de verdade, sem distinções de "criminosos"?
Confesso que não estou nada confiante.
O povo esqueceu o episódio desencadeado por Roberto Jeferson em Junho de 2005, envolvendo os tais figurões do PT, o que o povo não esqueceu foi o nome dado a isso, MENSALÃO.
Hoje o Mensalão do ARRUDA se tornou combustível para as eleições presidenciais, o (des)governo "petista" achou pertinente utilizar esse triste episódio para eliminar seus adversários, "um a um". A guerra esta declarada em ambos os lados, e haverá "respingo" pra tudo quanto é lado e, nós, eleitores seremos espectadores desse trágico teatro do poder.
O Brasil testemunhou a IRA de parte (fantoches) brasileiros protestando contra a sujeira no governo arruda. Protesto válido se não fossem "ideologistas" de esquerda que, no escândalo do PT estavam sumidos. Onde estavam esses "brasileiros" no Mensalão do PT? onde estavam as bandeiras da UJS, CUT, PT, PC do B, UNE entre outras entidades "éticas" do país, quando em 2005 descobriram o "valérioduto"?.
Por isso, entendo que esse episódio da prisão do governador do DF não passa de manobra política e não o retorno da justiça, e nós continuaremos a pagar caro para assistir a tudo isso.

11 de fevereiro de 2010

Um presente de grego

Os manda-chuvas da UE decidiram ceder à pressão e oferecer um pacote de ajuda à Grécia, cujos termos ainda não são conhecidos.

Será que deveremos aguardar, na próxima semana, um pacote português, espanhol, britânico, italiano? É um problema de moral hazard complicado. Especialmente quando alguns governos destes países iniciavam reformas dolorosas e necessárias, difíceis de serem defendidas perante à opinião pública.

O problema da UE continua sendo que não há um plano de escape para SAIR do euro. Cada país que arriscar um desacoplamento, será a mesma estória.

Por causa do moral hazard, Bruxelas deverá impor alguma penalidade a quem precisar de ajuda. Provavelmente menos autonomia e mais gerência européia nas contas da nação em problemas, bem mais do que a pressão exercida por FMI.

Isto alteraria um dos princípios da UE, de gerenciamento de contas independentes entre as nações membros. Mas parece ser uma decorrência. Não é possível ser salvo pela Alemanha e continuar independente.

Por outro lado, os políticos dos países que resgatam também vão ser alvos de grandes críticas. Seus eleitores não ficarão nada contentes
em ter que trabalhar duro para pagar pelos erros dos outros.


Experiência Socialista . . .

Um professor de economia na universidade Texas Tech disse que ele nunca reprovou um só aluno antes mas tinha, uma vez, reprovado uma classe inteira. Esta classe em particular tinha insistido que o socialismo realmente funcionava: ninguém seria pobre e ninguém seria rico, tudo seria igualitário e 'justo.'
O professor então disse, "Ok, vamos fazer um experimento socialistanesta classe. Ao invés de dinheiro, usaremos suas notas em testes."
Todas as notas seriam concedidas com base na média da classe, e portanto seriam 'justas.' Isso quis dizer que todos receberiam as mesmas notas, o que significou que ninguém repetiria. Isso tambémquis dizer, claro, que ninguém receberia um A....
Depois que a média das primeiras provas foram tiradas, todos receberam Bs.
Quem estudou com dedicação ficou indignado, mas os alunos que não se esforçaram ficaram muito felizes com o resultado.
Quando o segundo teste foi aplicado, os preguiçosos estudaram ainda menos - eles esperavam tirar notas boas de qualquer forma.
Aqueles que tinham estudado bastante no início resolveram que eles também se aproveitariam do "trem da alegria" das notas. Portanto, agindo contra suas tendências, eles copiaram os hábitos dos preguiçosos.
Como resultado, a segunda média dos testes foi D. Ninguém gostou.
Depois do terceiro teste, a média geral foi um F.
As notas não voltaram a patamares mais altos, mas as desavenças entre os alunos, buscas por culpados e palavrões passaram a fazer parte da atmosfera das aulas daquela classe.
A busca por 'justiça' dos alunos tinha sido a principal causa das reclamações, inimizades e senso de injustiça que passaram a fazer parte daquela turma.
No final das contas, ninguém queria mais estudar para beneficiar o resto da sala.
Portanto, todos os alunos repetiram... Para sua total surpresa.
O professor explicou que o experimento socialista tinha falhado porque ele foi baseado no menor esforço possível da parte de seus participantes. Preguiça e mágoas foram seu resultado. Sempre haveria fracasso na situação a partir da qual o experimento tinha começado.
"Quando a recompensa é grande", ele disse, "o esforço pelo sucesso é grande, pelo menos para alguns de nós".
"Mas quando o governo elimina todas as recompensas ao tirar coisas dos outros, sem seu consentimento, para dar a outros que não batalharam por elas, então o fracasso é inevitável."

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"É impossível levar o pobre à prosperidade através de legislações que punem os ricos pela prosperidade.
Por cada pessoa que recebe sem trabalhar, outra pessoa deve trabalhar sem receber.
O governo não pode dar para alguém aquilo que não tira de outro alguém.
Quando metade da população entende a idéia de que não precisa trabalhar, pois a outra metade da população irá sustentá-la; e quando esta outra metade entende que não vale mais a pena trabalhar para sustentar a primeira metade, então chegamos ao começo do fim de uma nação.
É impossível multiplicar riqueza dividindo-a."

Adrian Rogers, 1931.
PASTOR EVANGÉLICO, QUE FALECEU EM 15 DE NOV. 2005 .

10 de fevereiro de 2010

Sobre a função econômica do especulador

Poucos personagens são tão odiados em época de crise quanto o do especulador, como os que agora apostam 8 bilhões em uma crise do euro desencadeada pela quebra dos PIIGS.

Mas, semelhante aos abutres, o especulador que aposta em uma quebra tem uma função importante. Ele cheira a carniça, dá uma bicadinha, acaba de matar a presa. Ele sinaliza ao mercado: 'tem carniça por aqui!'. Ele ajuda a limpar o terreno dos empreendimentos mortos-vivos que rastejam por aí. Ajuda as pessoas a caírem na real e admitirem uma nova situação desagradável, e fazer algo para corrigir esta situação.

Economistas chapa-branca serão uníssonos ao afirmar que 'não há razão', que as contas públicas estão em ordem, que 'os especuladores são irracionais'. Mas os especuladores pagam para ver. Se as apostas forem, de fato, irracionais, eles perderão muito dinheiro.

Imagine que ridículo seria, em uma mesa de poker, um dos jogadores sabendo que você está blefando, e pagando para ver, e você dizendo 'que não há razão'. Ora, o dilema agora é simples. Ou você cobre a aposta e mostra alguma coisa, para quebrar este apostador, ou se resigna a virar as cartas.

Encontrei neste blog português uma ótima discussão sobre o especulador, e suas variantes. Como eles estão no meio do furacão, e alguns falam com grande conhecimento, vale a pena conferir.

9 de fevereiro de 2010

Gasto com pessoal é o mais alto em 15 anos

A política de contratações do governo Lula, que deve aumentar em mais de 100 mil os postos na administração direta até o fim do ano, foi criticada ontem por economistas e políticos em debate sobre reformafiscal na Fecomércio/SP. “O nome desse fenômeno é desperdício”, afirmou o economista Paulo Rabello de Castro. Segundo ele, a avaliação que se faz no setor público da necessidade de contratação não reflete as necessidades futuras, mas tão somente a necessidade do presente. “Quando o contratado entra no emprego público, ele tem uma perspectiva de se perpetuar naquela condição. Essa é a fonte do tremendo desperdício e da tendência ao déficit crescente no setor público, que vai gerar mais impostos e uma diminuição dos empregos no setor privado”. O professor Yoshiaki Nakano, da FGV/SP, observou que a folha de salários do governo federal cresce algo como R$ 20 bilhões a cada ano. Ele ressaltou que o funcionário público fica em média 40 anos na folha de pagamentos do governo. Para ele, esse dinheiro deveria ser destinado a investimento para saneamento, para controlar problemas de enchentes ou para melhorar o transporte público, entre outros. “A escolha que está sendo feito pelo governo é entre pagar funcionários que ficam sentadinhos em suas escrivaninhas em Brasília, gerando serviços na ponta que sabemos que o Estado brasileiro produz, ou investir R$ 20 bilhões por ano e resolver os problemas básicos que a população enfrenta atualmente”, afirmou Nakano. O economista comentou que a máquina pública já é absurdamente inchada. “Mais do que isso, eu tenho absoluta certeza e aposto que quase todos esses novos funcionários estão indo para a retaguarda, e não para o trabalho efetivo de fiscalização que é necessário”, disse Nakano. Para o ex-senador pelo DEM/SC, Jorge Bornhausen, “este é um gasto que vai deixar marcada a administração do presidente Lula como perdulária e ineficiente”. Na avaliação dele, o impacto na economia é muito grande, porque cria uma herança pesada para o sucessor do atual governo.
(...)
Às vésperas das eleições, o governo federal poderá ter que enfrentar uma nova onda por reajuste salarial e reestruturação de carreira do funcionário público, jogando para o próximo presidente da República uma conta ainda mais salgada de gastos com pessoal. O maior foco da pressão vem do Judiciário que cobra a aprovação, pelo Congresso, de projeto de lei que reestrutura os planos de carreira reajuste de 56,42% amais de 100 mil servidores. Se aprovado, o custo amais na folha será de R$ 6,3 bilhões. A pressão por gastos parte também da Polícia Federal, Polícia Militar, bombeiros e demitidos no governo Collor que foram anistiados. As reivindicações, no entanto, deixaram de ter como base razões econômicas, como a inflação, e geralmente miram a equiparação com outros servidores que têm salários maiores. Segundo o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, toda criação de uma nova despesa é preocupante.Isso porque, na maioria dos casos, não se aponta de onde sairá a receita para bancar o gasto. Depois de ter recebido aumentosalarialemtornode60% em 2006, os policiais federais pressionam os ministérios da Justiça edo Planejamento para conseguir um plano de reestruturação com reajuste médio de 18%. Eles já ameaçam fazer uma greve semelhante à de 2006, também ano de eleição gerais. Foi justamente o aumento salarial dos policiais federais que acionou o gatilho para uma série de reajustes de várias categorias do funcionalismo federal, com impacto na folha de pagamentos da União até 2011. (Estadão, 09/02/10).

Comento:
o desperdício ocorre de várias formas. Uma delas é a contratação de profissionais absolutamente dispensáveis no serviço público municipal, estadual e federal. Por exemplo, jornalistas. Nenhuma estrutura pública precisa de jornalistas como servidor público. Não é função do Estado. Essa é uma atividade tipicamente terceirizável, assim como muitas outras.
O governo está criando estruturas inchadas com uma profusão de cargos de diferentes profissões inúteis. Essa gente, em seis meses de trabalho já se sentem aposentados. No cafezinho só conversam sobre licença prêmio, greve, aumento salarial... Vivem numa prisão de porta aberta para garantir benefícios pagos pelo restante da população.

O modus operandi dos chantagistas sociais

Um protesto de pelo menos 200 pessoas (...) acabou em conflito. Quem se envolveu diretamente no confronto com a polícia, no entanto, foram políticos de oposição à gestão Gilberto Kassab(DEM). Eles enfrentaram os PMs armados, na frente da Prefeitura de São Paulo, na tarde de ontem. A manifestação começou às 14h, na frente da Prefeitura, quando os manifestantes ligaram um sistema de microfone e começaram a reclamar da política habitacional de Kassab para a região. À frente do ato havia uma série de assessores parlamentares do PT e políticos, incluindo ex-secretários da gestão Marta Suplicy – EduardoZarattini (Transportes), Donato (Subprefeituras), José Américo (Comunicação) –, além dos vereadores Alfredinho, Juliana Cardoso e Zelão. Os deputados estaduais Adriano Diogo (PT) e Simão Pedro (PT), o federal Ivan Valente (PSOL) e o senador Eduardo Suplicy (PT) também estiveram presentes. Mais manifestantes de movimentos como o Passe Livre e o de Moradia, de direitos sociais, de sem-teto e de grupos da Igreja Católica chegaram e, uma hora depois, a PM bloqueou metade da calçada com barreiras móveis. (Estadão 09/02/10).

Comento: É muito fácil ganhar salário do governo e participar de manifestações políticas como essa. É dinheiro público financiando a deliquência e a cara de pau desses chantagistas sociais.

8 de fevereiro de 2010

Alemanha vai comprar dados bancários roubados

Estamos dando mais uma link de uma notícia muito importante, que não recebeu muito destaque no Brasil, mas está causando muita polêmica na Europa.

O governo da Alemanha, citando como precedente as investigações de evasão fiscal para Liechtenstein há dois anos atrás, decidiu agora comprar dados bancários roubados, que podem conter informações sigilosas sobre possíveis clientes alemães de bancos suíços, com algo a esconder do fisco.

Estes dados foram obviamente roubados por algum hacker ou ex-funcionário de banco. Ao comprar estes dados por 2.5 milhões de euros, o governo alemão passa a patrocinar a pirataria moderna.

Pois é, amigos... Não é só a China que resolveu se aventurar com seus corsários do cyber-espaço. Se lá eles o fazem por motivos políticos, agora o fisco alemão o faz por motivos práticos, passando por cima das regras e até do bom-senso. Roubo de dados é crime, mas para os governos, o crime máximo é não pagar imposto que vai para eles. Todos os outros são relativos...

Se a moda pega, e a crise continuar pressionando as contas públicas, vamos ver governos tomando mais medidas nada ortodoxas para ir atrás do dinheiro. O Obama deve estar aprendendo, e já declarou que também quer ir atrás de ativos americanos pelo mundo... Quem sabe ele também não patrocina uns piratas de dados?

http://www.swissinfo.ch/por/economia/Alemanha_vai_comprar_dados_bancarios_roubados.html?cid=8220158&rss=true

A obsessão autoritária

Eu sei, o texto é longo, mas é fundamental para entendermos a obsessão da esquerda pelo fim da liberdade de expressão (Estadão 08/02/10):

Está bem que um ex-porta-voz do governo lulista nos afiança, do alto de uma conversa confidencial com “um dos ministros mais importantes do governo Lula”, que esse negócio de “controle social da imprensa” é papo furado. Para nos tranqüilizar diz que podemos “tirar o cavalinho da chuva” porque esse negócio não vai rolar – pelo menos neste governo. (Quem duvida procure ler De onde vem tanto medo?, de Ricardo Kotscho, publicado no blog do autor e republicado no Observatório da Imprensa.)
Ufa, se estamos livres do perigo, como nos garante Kotscho, por que diabos vamos ficar insistindo nesse assunto? Há pelo menos uma razão para isso: existe um grupo de pessoas que tem uma obsessão paranoica pela palavra “controle” (e todas as suas sequelas) e sempre que podem a encaixam em qualquer projeto em que procuram edificar um futuro glorioso para nós, para nossos filhos e nossos netos – embora não lhes tenhamos concedido delegação para tanto. Vai que um dia a sociedade relaxe a vigilância e baixe a guarda, acreditando na palavra de “um dos ministros mais importantes do governo Lula”, e elas consigam, enfim, emplacar o seu sonho dourado – que é não apenas o de controlar o que chamam pejorativamente de “mídia”, mas controlar tudo o que lhes pareça controlável.
Afinal, não existe ideologia esquerdista que não inclua no sonho terminal de sua utopia instalada o controle amplo, geral e irrestrito de todas as atividades humanas. Como só eles sabem onde mora o sol, generosamente querem que todos nós usufruamos sua luz. Depois do fracasso da tentativa de emplacar um Conselho Nacional de Comunicação, usaram um projétil de nome insuspeito – Plano Nacional de Direitos Humanos-3 (PNDH-3) – para empacotar outra tentativa de controle. Controle é uma palavra que de suspeita se tornou insuportável, e até um dos ideólogos do jornalismo esquerdista, Bernardo Kucinski, professor da USP, recomendou aos companheiros que parem de usá-la.
Nem a tentativa de enobrecê-la acoplando-a ao qualificativo “social” caiu bem. Enquanto o Houaiss continuar insistindo em definir “controle” como “poder, domínio ou autoridade sobre alguém ou algo”, a parte da sociedade que preza o livre-arbítrio – tal qual o cachorro de Pavlov – vai continuar rosnando cada vez que ela for pronunciada. O amigo de Lula pergunta, em seu artigo, de onde vem tanto medo, uma vez que o presidente nunca mexeu uma palha contra a liberdade de imprensa e nunca deu sinais de ser a favor da censura. Noves fora duas ou três bravatas verbais ambíguas disparadas a esmo em algum palanque eleitoral e a tentativa de expulsão de Larry Rohter, correspondente do jornal The New York Times, o presidente, de fato, nunca tomou nenhuma iniciativa concreta para calar a imprensa. Mas é verdade também que nunca tomou nenhuma iniciativa concreta para aplicar o programa do PT em seu governo.
Ao permitir a edição desse calhamaço chamado PNDH-3, e assiná-lo embaixo, Lula parece ter feito o papel do psiquiatra que conduz seus pacientes a um desabafo catártico para aliviar lhes os pesos da consciência. Já que nada mais fizemos do que continuar aplicando o programa econômico neoliberal de nossos antecessores, vamos despejar sobre a cabeça do País 29 mil palavras do mais puro malte petista, sem blended de nenhuma espécie. Se colar, colou. Eis aí por que temos medo: puseram a caneta na mão dos inspetores de quarteirão – e, como se sabe, é deles que temos de ter medo, mais que dos chefes.
É a última chance – pelo menos neste governo – que os inspetores de quarteirão do petismo têm de pôr em prática suas ideias. Por isso no PNDH-3 estão as ideias recorrentes da vulgata petista, entre as quais as mais vistosas e típicas são estas: O desprezo à democracia representativa, substituída por umarremedo de democracia direta, que são as conferências das “organizações sociais”, por suposto, formadas pelos militantes dos partidos que apoiam o governo; a tentativa de abastardamento do Poder Judiciário, substituído pela mediação das “organizações sociais” em casos de conflitos de invasões de terras; a tentativa de criação de um ranking de empresas de mídia sob o aspecto de sua atuação em relação aos direitos humanos (com critérios ditados por quem? Claro, pelas “organizações sociais” controladas pela máquina partidária); a criação de uma “Comissão da Verdade” para julgar as violações dos direitos humanos cometidas por uma – e só uma – das partes em conflito depois do golpe militar de 1964; a nomeação de uma instância sindical para atuar nos processos de licenciamento ambiental de empresas, oferecendo mais um criador de dificuldades para vender facilidades.
Os governistas estão indignados com a reação da imprensa e de muitos setores da sociedade contra os aspectos mais “controladores” do PNDH-3, pois, afinal de contas, dizem, as conclusões foram “tiradas” (é assim que se fala ainda, como nas velhas assembleias estudantis?) em dezenas, centenas, quase milhares de conferências locais, regionais, municipais, estaduais, nacionais, etc., das quais participaram 14 mil pessoas. E essa fica sendo a conta da peculiar democracia petista: se, num país de 190 milhões de habitantes, 14 mil militantes foram mobilizados para essa prática de democracia direta, o problema da legitimidade está resolvido.
Pouco importa se os 14 mil foram tirados do mesmo embornal ideológico e que não tenham sido escolhidos por nenhum mecanismo representativo legitimado e reconhecido pelo resto da sociedade. O dedazo ideológico substitui a representatividade e quem for contra esse método é contra os direitos humanos, segundo o diktat petista. Pode ser que nada disso seja para valer (o presidente já se cansou de teorizar sobre “bravatas”, lembramse?), mas é sempre bom ficar atento. O autoritarismo costuma instalar-se disfarçado de justiceiro.

Sandro Vaia, jornalista, ex-diretor de redação do jornal O Estado de S. Paulo, é articulista do Instituto Millenium.

Probabilidade de calote na dívida pública, segundo CMA Market Data

Estive fazendo umas pesquisas e encontrei o site desta empresa que vende dados financeiros.

Eles desenvolveram um sistema de cálculo chamado Datavision, que fornece, baseado na movimentação do mercado de credit default swap, que é o equivalente do seguro do seu carro, só que para títulos de empresas e do governo. Quando há um problema com alguma empresa, bancos e investidores resgatam seus CDS.

Os CDS estiveram em foco durante a crise. Pois a estrutura em que operam era extremamente frágil, supondo que todos estes eventos de quebras eram isolados. É muito difícil comprar um seguro contra eventos que acabam atingindo o mundo inteiro.

Mas, em todo caso, após a crise os governos de vários países socializaram dívidas imensas de bancos e de instituições para-estatais, como as agências de habitação americanas. Isto teve um grande peso na dívida pública e colocou vários novos países na área de altíssimo risco de calote, encabeçada pelas familiares Venezuela e Argentina.

Infelizmente não é possível acessar dados históricos. Mas a página de cortesia nos fornece uma tabela recente , calculada pelo Datavision.

O CPD, cumulative probability of default, é o número da última coluna, e ele representa qual é a probabilidade do título deste país sofrer um calote nos próximos 5 anos, que é geralmente o prazo médio dos títulos. Aos tradicionais campeões de quebra de contas públicas, se uniram países como Ucrânia e Paquistão, com sérias crises políticas, e Iraque, recém saído de uma guerra.

Por exemplo, o sistema deles associa uma probabilidade de 51% dos títulos da Argentina e Venezuela sofrerem um calote. Um dos calotes soberanos mais recentes foi o do governo do Equador.

Segue a tabela e o link.



Sovereign Risk Monitor

http://www.cmavision.com/market-data

Venezuela 51.73
Argentina 51.13
Ukraine 45.17
Pakistan 45.13
Iraq 35.61
Iceland 33.80
Dubai 31.81
Latvia, 29.24
Greece 29.18
California 25.55

Florianópolis no limite do gasto com servidores

Reportagem publicada hoje no Brasil Econômico impresso mostra que a maioria dos grandes municípios brasileiros se adequou aos limites impostos pela Lei de Responsabilidade Fiscal, legislação de 2000. Apenas Macapá, com 58% e Florianópolis, no limite, com 51%, ficaram respectivamente acima do limite e bem no limite prudencial de gastos com funcionalismo.

Na média, o gasto é de 40%. A capital mais econômica com os gastos de impostos municipais com folha foi Salvador, com 32.5%, seguida de Campo Grande, com 33%.

7 de fevereiro de 2010

A Classe Média vai ao paraíso

Acompanhem a trajetória de Julia Albertin (Estadão 07/02/10):
Foram 15 concursos em quase três anos de intensa dedicação. Passou em dois, mas não foi chamada. Aliás, essa é uma frustração recorrente na busca pela estabilidade e pelos bons salários em muitas das ofertas de emprego público que hoje mobilizam jovens em todo o País. Julia Balbi Albertin, 30 anos e há pouco mais de três efetivada no cargo de analista judiciário, com salário de R$ 7 mil, não desistiu e não se arrepende de todo o desgaste até a terceira aprovação. “Foi dedicação de atleta”, brinca ela. “Mas o que importa é que cheguei lá.” Quando entrou na faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Julia sonhava com a carreira de advogada. Dois anos depois de estágios em escritórios como o respeitado Lilla, Huck, Otranto, Camargo e Munhoz Advogados viu que esse não era o caminho. Conversou com os pais, que se dispuseram a bancá-la por três anos de estudos (...) Os sacrifícios com até 10 horas de estudos, em períodos em que apenas trocava de pijama, sem sair de casa ou namorar, resultaram em peso extra e a convicção de que outras alternativas mereciam atenção. Assim, em 2006, passou em 18.º lugar no concurso do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Eram 234 vagas disputadas por 10 mil candidatos. “Ganhei qualidade de vida e umbom salário.”

Comento: pobre do país em que os filhos da classe média só encontram no emprego público o futuro das suas vidas. Essa moça, como outras milhares de pessoas, estão dedicando a fase mais produtiva das suas vidas para estudar para concursos. Os que passam, ganham “Um clube de vantagens salariais” (post de 14/12/09), formam a nova burguesia do capital alheio, reforçam as entidades sindicais e os movimentos de chantagem social. Está se criando uma herança maldita que custará caro para o País durante gerações, fonte principal de desigualdade social (junto com a corrupção). Aos que não passaram fica o passivo de um período em que não produziram/economizaram nada. O Estado forte do PT (e do PSDB também) só revigora um ciclo peronista em que sanguessugas do estado se perpetuam no poder para ganhar mais privilégios e benefícios em detrimento do restante da população.

Ações afirmativas e a crise

Na recente crise financeira os bancos e o capitalismo saíram como os grandes vilões. Os esquerdóides ainda têm orgasmos ideológicos com os reiterados “ataques” aos bônus e a nova regulação do mercado financeiro mesmo nos EUA. Mas pouco se ouve falar do papel que as ações afirmativas do presidente Clinton tiveram nesse processo. Ele incentivou uma política pública (sic) habitacional para incentivar empréstimos para pessoas de baixíssima renda, principalmente negros, com absoluta incapacidade de honrar seus pagamentos. Surgia aí os subprimes e toda uma lambança de papéis para segurar os subprimes, segurar o seguro, resseguro do seguro, resseguro do resseguro na qual se envolveram a Fannie Mae e a Freddie Mac. Ou seja, foi uma iniciativa social (sic) que deu origem a uma crise no sistema bancário. Isso, evidentemente, os esquerdóides amantes de ações afirmativas não falam. Prova de como essas ações afirmativas podem gerar distorções no futuro no campo econômico, social, educacional (cotas nas universidades), entre outros.
Estadão (07/02/10): entrevista com Peter Wallison, especialista em regulação financeira que integra a Comissão Angelides, que está investigando as causas da crise financeira nos EUA.
Existe um sentimento antibancos nos EUA hoje em dia?
Sim, há um sentimento antibancos na população americana hoje. E o governo Obama está encorajando isso para conseguir objetivos políticos. O governo Obama está alimentando o sentimento antibancos (...).
Mas não é correto controlar mais os bancos? Eles não originaram a crise financeira?
Existe uma narrativa, perpetuada pela imprensa e estimulada pelo governo, que os bancos são responsáveis pela crise e agora não estão emprestando o suficiente, e assim não ajudam na recuperação do país. Na realidade, foi uma política de governo que criou a crise, ao incentivar tantos empréstimos subprime, ao insistir que a Fannie Mae, Freddie Mac e bancos fizessem tantos empréstimos. Trata-se de política de habitação do governo, que queria aumentar a todo custo o número de proprietários de imóveis.
Então, os bancos eram apenas coadjuvantes?
Sim, estavam seguindo a política de habitação do governo. Isso não significa que não tenham culpa. Eles fizeram maus empréstimos por sua conta, que foram securitizados pelos bancos de investimento.

6 de fevereiro de 2010

‘Risco Europa’ já é maior que o do Brasil


Quem diria que isso fosse acontecer um dia. Os investidores confiam mais no Brasil do que nos papéis de países da Zona do Euro.
Num artigo no Estadão, o jornalista Floyd Norris faz um comentário interessante: “Devemos permanecer unidos”, afirmou certa vez Benjamin Franklin, referindo-se às colônias que constituíam os Estados Unidos. “Do contrário, seremos enforcados separadamente.” Os países da zona do euro agora deveriam se perguntar se não estão diante de uma decisão semelhante.
(...) Mas muitos alemães ocidentais ficaram pasmos com o custo da unificação
com o lado oriental. Se não gostaram de subsidiar seus próprios primos, gostarão de subsidiar gregos ou portugueses?

Além disso nem tudo são flores para o Brasil: O professor do Insper Marcelo Moura pondera que as contas públicas brasileiras também são frágeis e lembra que o País terá déficits crescentes na conta corrente. “O Brasil melhorou porque não sofre tanto quando há uma crise, mas ainda paga mais para rolar sua dívida interna do que esses países europeus”, disse.“Discordo desse ufanismo com o País.”

Influência de Cuba divide Venezuelanos


Estadão 06/02/10:
O convite feito pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, para que o veterano comandante da Revolução Cubana Ramiro Valdés seja o novo “czar do apagão” na Venezuela desatou ontem uma enxurrada de críticas e protestos no país. O convite é feito num momento em que a presença cubana em setores da administração pública, do governo e até das Forças Armadas venezuelanas está em evidência e se tornou o centro de um amplo debate no país. (...)
“Não dá para entender como o ministro de um país onde os apagões são crônicos há muitos anos contribuirá para a solução do problema na Venezuela”, disse ao Estado o cientista político venezuelano Omar Noria, da Universidade Simon Bolívar. (...)
Segundo dados não oficiais, hoje há cerca de 60 mil cubanos na Venezuela. Desses, 30 mil são médicos e profissionais da área de saúde que trabalham em pequenos hospitais e postos da periferia dos centros urbanos, nas chamadas missões Bairro Adentro.

Comento: Visitei uma missão Bairro Adentro no bairro Macarao no fim da linha de metrô de Caracas. De lá saí com as seguintes impressões: a positiva é que a missão levou médicos cubanos e algum serviço de saúde com um estrutura mínima (foto acima), mas as negativas são que o programa de saúde preventiva vendida pelo militante chavista que me acompanhava era nada mais que um cubano enfiando antibiótico na bunda da criançada, e o acesso era restrito para apenas parte da população. Assim como no programa Mercal (um mercado a preços populares), a quantidade de pessoas atendidas era incompatível com o tamanho da população. Não pude atestar concretamente, mas o acesso aos dois serviços era limitado por algum critério qualquer, bolivariano provavelmente.

A impunidade social contamina até o DEM

No Estadão (06/02/10): Servidores do Senado fraudam ponto eletrônico
(...) O senador Heráclito Fortes (DEM-PI), titular da primeira secretaria do Senado, onde será feita a investigação, informou que os cinco funcionários foram aprovados em concurso público recentemente e ainda estão em estágio probatório. Ao informar que uma sindicância investigaria o caso, Fortes aproveitou para teorizar sobre o porquê de os funcionários terem fraudado o sistema.
“Eu, se fosse advogado deles – que não sou, não posso ser e nem quero ser –, alegaria que eles vieram e foram contaminados com a prática que existe, que infelizmente é comum, não aqui no Senado, mas na administração pública brasileira, essa história de burlar hora extra, de burlar o ponto, de enganar a si próprio”, disse o senador.
“Eu confesso, como ser humano, como pai, que não gostaria que houvesse uma pena máxima, como a de demissão. Talvez a suspensão. Não sei nem se a comissão pode caminhar por esse rumo”, completou.
(...) No ano passado, o Senado pagou R$ 87,6 milhões em horas extras – R$ 3,7 milhões a mais que em 2008.

Comento: Eu confesso, como pagador de imposto, que exijo a demissão desses funcionários. Essa mentalidade social de perdoar o sujeito que pratica a corrupção tem um efeito perverso em toda a sociedade, e não somente no serviço público, a certeza da impunidade pois tem sempre um chantagista social passando a mão na cabeça dos corruptos. Sem exemplo concreto, essa mamata não vai acabar. Lamento profundamente que até um senador do Democratas tenha caído nesse papo social do “ser humano”, “como pai”. Tenha pulso firme senador.

5 de fevereiro de 2010

O que está acontecendo nos PIIGS da europa.


Eu morei alguns anos na Irlanda, onde tive experiência de primeira mão sobre a crise financeira, suas origens, e os desafios que a Europa enfrenta agora para sair dela.

Logo após a quebra dos bancos irlandeses, o governo de lá tomou a pouca sábia decisão de nacionalizar estes bancos, socializando o prejuízo destes bancos. Isso era algo já esperado, infelizmente, pelos próprios investidores que apostaram tudo já sabendo disso.

A surpresa, e a atitude mais correta, seria o governo ter deixado o problema atingir quem acreditou neste castelo de cartas, como aconteceu nos Emirados Árabes, e por falta de opção, na Islândia.

Mas não o fizeram. Rolaram a crise para alguns meses adiante, buscando ganhar alguns meses, como o fazem os políticos. Apenas pensam no curto prazo, como é natural com quem tenha um cargo eletivo.

Aos poucos, a sujeira em baixo do tapete começou a aparecer. Nada mais previsível. Não apenas na Irlanda, mas em outros países-membros em situação análoga. A deterioração das contas públicas apareceu rapidamente, em um novo cenário onde ninguém mais aceita comprar títulos destes países pagando as mesmas taxes de antes.

A Grécia é o em pior situação, seguida de Irlanda, Espanha, Portugal, Itália. São países que apresentam aquela mania tão comum na américa latina, de aceitar e até esperar que o estado gaste mais do que pode, e de jamais fazer cortes. São os países do PIIGS, os porquinhos na casa de palha da Europa.

Recentemente, o mercado se convenceu da absoluta incapacidade do governo grego de fazer os ajustes necessários à nova situação, e o mercado passou a especular contra os títulos gregos. O spread em relação aos títulos da alemanha já chega a 4%. E todos os países com problemas fiscais estão vendo este spread aumentar.

Não se discute muito sobre as dificuldades técnicas da implantação do Euro. Nem mesmo na Europa. Muitos investidores e observadores dos mercados tratam o euro como se fosse uma moeda normal. Não é bem assim.

O euro é uma iniciativa inédita de criação de um frankenstein monetário. Uma moeda política, como toda moeda hoje, emitida por banco central, e não lastreada em ouro ou outra commodity. Mas, diferentemente das outras, é emitida por vários países diferentes, em situações fiscais diferentes.

E há muito pouca vontade política de fazer uns pagarem pelos erros dos outros. Porque uns estão majoritariamente no país X e outros no país Y. Já quando todos estão envoltos pela retórica nacionalista, se torna a coisa mais comum do mundo um pagar pelo outro, e inventam mil justificativas para isso.

Mas socializar os erros cometidos por estrangeiros é algo que nunca pega muito bem na opinião pública.

É um assunto complicado este da moeda fiat, que pretendo tratar em outros posts neste blog. Mas por enquanto basta observar que a autoridade monetária européia aceita como colateral para a criação de euros, uma grande variedade de títulos de governos europeus, cuja qualidade obviamente varia.

Em suma, um euro português é o mesmo que um euro alemão. Mas o banco português deposita no ECB um título de pior qualidade. Para manter a distorção sob controle, a UE estabelece parâmetros fiscais, que aparentemente foram observados por estes países apenas até a entrada no euro. Com estes spreads aumentando e estas contas deteriorando, os países mais sólidos acabam tendo que socorrer os 'porquinhos', ou correr o risco de ver a crise fiscal destes países se tornar em uma crise do euro, e ver o lobo mau começar a soprar as casinhas de madeira...

Mais sobre este assunto no Financial Times, é claro. Perco meu tempo lendo jornais brasileiros, e que eu saiba, nenhum noticiou este importante desenlace da crise.

4 de fevereiro de 2010

Novo estudo de segmentação

Serasa-Experian e consultores da USP lançam relatório 'Mosaic Brasil', onde a sociedade brasileira é segmentada em 10 grupos e 39 segmentos.


A finalidade deste estudo não é governamental, e sim comercial. Todo serviço de segmentação serve para conhecer melhor as ansiedades e modos de vida de diferentes pessoas.

Estes grupos são completamente de ordem prática. Como sou matemático, entendo um pouco do assunto. Estas análises colocam cada agente em um espaço onde cada dimensão representa renda, escolaridade, atitude perante o consumo. Cada pessoa é representada como um pontinho nessa nuvem, ou mais provavelmente, várias nuvens. Um algoritmo matemático semelhante a este tenta traçar qual é a melhor segmentação do conjunto, por isso o nome 'segmentação'.

Apesar disto, o grande número de grupos revela algo que eu já suspeitava: A enorme diversidade de comportamentos econômicos existentes na sociedade brasileira. Pois cada grupo representa também uma estratégia diferente de sobrevivência, dentro das possibilidades e das deficiências de cada um destes grupos. Se for levar a coisa mais além, descobriremos diferentes gostos musicais, diferentes religiões, diferentes atitudes perante o mercado de trabalho. Há mobilidade, é claro. Mas há também demarcações mais rígidas, como 'Brasil Rural', 'Aposentadoria Tranquila', e outros que representam grupos mais estanques.

Este é um retrato bem diferente da clássica divisão em A-B-C do IBGE que já não significa muita coisa. Especialmente aquela classificação por 'número de televisores' na casa. Algo tão obsoleto para ter um retrato social quanto contar o número de chaminés...

Outra surpresa deste estudo é que ele aponta como grupo majoritário no Brasil a 'Periferia Jovem'. Jovens de baixa renda, da periferia, com baixa formação e pouca desejabilidade no mercado de trabalho.

É claro que com diferentes eixos, teríamos diferentes grupos, mas não deixa de ser um estudo interessante.