30 de abril de 2010

Desemprego espanhol atinge 20%

Um dos países mais afetados pela expansão do mercado imobiliário, a Espanha é também um dos países que agora está mais sofrendo com a crise.

http://www.ft.com/cms/s/0/c39f1320-5443-11df-b75d-00144feab49a.html

Lula celebra Geisel em Belo Monte

Texto de Demétrio Magnoli mostrando as semelhanças e as semelhanças entre o modelo desenvolvimentista petista e o dos milicos.

29 de abril de 2010

Tentando explicar a taxa de juros

Há muita confusão no Brasil sobre taxa de juros. Muitos enxergam uma simples conspiração bancária que conspira para manter juros altos e não entendem que às vezes os bancos lucram mais ainda emprestando 10x mais com juros mais baixos. Apontam o dedo para a vítima errada.

A maioria simplesmente não entende o que o mecanismo de alta e baixa de juros tem a ver com inflação e com a dívida pública. Faço uma tentativa de esclarecer este tema, pelo que aprendi através dos ensinamentos da Escola Austríaca e lendo material em inglês, pois em português predomina a politização e a desinformação sobre este importante assunto.


Há uma demanda natural de títulos da dívida do governo, que pagam uma certa remuneração que equilibra a demanda do estado por crédito e a vontade dos investidores de emprestar a uma certa taxa para um tomador de baixo risco, como é o caso do estado. As boas condições fiscais do estado assim como seu histórico de crédito são fundamentais para o mercado convergir em uma taxa mais alta ou mais baixa, dependendo da confiabilidade deste investimento.

Quando novos títulos entram no mercado já saturado, o governo precisa oferecer uma taxa marginalmente maior para que este lançamento seja bem sucedido - lembre que os títulos do governo estão competindo por investimentos com todos os outros possíveis. É como no final da feira, quando o feirante reduz os preços para limpar seu estoque, que no preço atual já não possui demanda.

Por outro lado, quando há título de menos, os investidores aceitam receber cada vez menos em juros, porque investir em títulos públicos é quase sempre mais seguro que emprestar para empresas. É análogo a uma feira onde não há tantos feirantes vendendo maçã, e o feirante - o estado - pode vender seu estoque de maneira mais vantajosa.

Mas ao contrário do que as pessoas pensam, a taxa de juros nestes títulos não é um preço-livre, como na feira.

Como o dinheiro nada mais é que um registro no sistema de contabilidade do Banco Central, o banco central pode efetivamente controlar a criação e destruição de crédito do sistema. Como sabemos, este preço fundamental dos juros tem impacto na economia toda.

O BC poderia fazer isso diretamente. Mas ao longo do tempo o mecanismo mais prático e efetivo para isso trabalha indiretamente.

O BC intervém no mercado de compra e venda de títulos do governo para colar a taxa destes títulos em sua 'taxa alvo', estipulada pela política monetária dentro de um paradigma que tenta um equilíbrio ótimo entre a expansão monetária e o controle da resultante inflação.

Vai haver mais crédito em circulação. Mantidas as mesmas condições de produção, teremos mais dinheiro competindo para comprar exatamente os mesmos bens. Haverá uma subida de preços. E este movimento beneficia muito quem bota a mão no dinheiro 'fresco' primeiro, às custas dos que não conseguem acesso ao crédito.
A produção e a eficiência na fabricação bens também sempre aumenta. Ao contrário da expansão monetária, este é um fenômeno que se origina no mundo real, e depende de progressos reais e uma maior eficiência dos produtores. Os limites para este crescimento de produtividade no Brasil dariam um belo debate, que é frequentemente evitado. É mais fácil trabalhar do outro lado da equação...

Em todo caso, o BC tenta, dada a situação macroeconômica do país, controlar os dois lados dessa equação de maneira que a inflação sempre exista, mas esteja dentro de uma meta.

Em uma situação normal viveríamos sob deflação constante, já que novos processos produtivos a cada ano produzem mais por menos. Isto até transparece em algumas áreas com muito acréscimo de produtividade, como a de tecnologia.

O BC pode tanto intervir muito ou intervir pouco neste mercado. Quando intervém muito, abaixa demais ou sobe demais os juros comparado com o preço do mercado. Aí precisa entrar agressivamente comprando ou vendendo títulos do governo para levar a taxa para o que eles querem.

Quando eles querem forçar uma baixa de juros, precisam 'comprar' parte do estoque de títulos disponíveis no mercado. Comprar está entre aspas pois eles pagam isso com crédito recém-criado. Essa é a 'mágica' da moeda fiat.

Este crédito compra um título no mercado, e esse dinheiro vai para o sistema bancário. Vai aumentar os depósitos no sistema. E esse crédito vai ser emprestado pelo banco para terceiros, que vão redepositar a quantia no banco. Aí o sistema bancário como um todo, apenas mantendo a chamada taxa de depósito compulsório, reimpresta o mesmo dinheiro até o permitido pelo BC. Na prática, o dinheiro injetado pelo BC é multiplicado.


O sistema monetário atual protege os bancos nesta prática, o que facilita a tomada de crédito e aumenta os lucros bancários, causa uma oferta artificialmente mais elevada de crédito, e, que em condições normais, estaria sujeita à corridas e quebras bancárias.

Mas nas condições 'sob controle' do banco central, este mecanismo pode ser evitado. Caso haja um movimento forte de retiradas, o BC efetivamente imprime dinheiro e manda caminhões e mais caminhões de papel para o banco com problemas.

Isto raramente acontece. A última vez que me lembre no Brasil foi durante um dos mandatos do Fernando Henrique.

Se um banco tem problemas repetidas vezes ( lembram do Banco Santos? ) o BC intervém e tira o banco do sistema.

Falando desta época, vale lembrar que o proceso monetário no Brasil antes do Real era completamente exótico e fora do controle. O estado emitia títulos a torto e direito para financiar seus contínuos déficits. Isso exigiria do estado cada vez mais recursos em juros. Mas aí o BC 'comprava' esses títulos a taxas baixas, efetivamente criando uma espiral de expansão monetária. Aí o mercado exigia ainda mais juros, para ter um lucro real, e por aí vai.

Quem possui mecanismos de defesa contra a inflação lucrava com ela. Os primeiros a lucrar eram governo e bancos. Era uma grande farra de bancos públicos nesta época, pois não importava o quanto estas instituições eram mal-gerenciadas, a inflação simplesmente cobria tudo.

Com os orçamentos era a mesma coisa. Um estado podia deixar suas receitas paradas no banco para no próximo mês ter recursos para pagar sua folha defasada. Aqui em Santa Catarina isso aconteceu algumas vezes.

Quando acabou a inflação, implodiu o esquema todo, destruíndo uma rede de interesses sinistra que se beneficiava com esse processo às custas dos brasileiros 'desindexados', geralmente de baixa renda. A real dívida pública acabou bastante elevada, e o governo federal precisou resgatar bancos estaduais, orçamentos dos estados, e outros 'cadáveres' enterrados. (Veja artigo sobre a expansão da dívida pública no governo FHC ).

Para terminar, nesta época o BC suspendeu completamente o multiplicador, aumentando os depósitos compulsórios para 100%. Isto foi um dos dispositivos que serviu para acabar com a inflação, entre outros mais acertados e menos acertados.

Como legado, o Brasil hoje tem uma das maiores taxas de depósitos compulsórios. Isso contribui muito para a solidez do sistema monetário brasileiro ( veja o que aconteceu mundo afora ). Porém, o preço que a gente paga, é a taxa de juros alta.

Governo prepara MP para dar conexão direta entre o tesouro e empresas privilegiadas

O BNDES recebeu 100 bilhões de aportes financiados exclusivamente com dívida pública. Não vai ser feito, obviamente, nenhum corte por parte do governo para fazer essa quantia.

Agora, assustadoramente, o governo quer tornar permanente o que era para ser provisório. Uma 'linha direta' de crédito financiado pelo tesouro direto para Petrobrás, Vale e outras grandes empresas com grande influência estatal, e projetos com riscos elevados, como se tornou Belo Monte, onde o estado acabou segurando a bucha sozinho.

O colunista Antônio Machado faz essa importante conexão com o mesmo dispositivo que era usado na época da ditadura.

http://www.cidadebiz.com.br/paginas/52001_53000/52326-1.html

Se olharmos friamente, há uma conexão grande entre o Lulismo e os governos ufanistas da ditadura militar, os que governaram antes dos problemas aparecerem. Um estado forte, autoritarismo, ufanismo, exploração da copa do mundo. E adivinhe como os milicos financiavam seus projetos estatais? Isso mesmo, conexão direta. O que contribuiu muito para a hiper-inflação que seguiu depois. É um risco enorme deixar essa porta aberta.

O orçamento público não é feito para ser investido em empresas.

Keynes Vs Hayek (versão Rap)

Vale muito a pena assistir o clip de música em versão RAP.
Um debate entre Keynes e Hayek.

http://www.youtube.com/watch?v=O5jeXrKvJXU&feature=player_embedded

28 de abril de 2010

Lula estuda criar o 'bolsa copa' para campeões das copas do passado

Por onde eu começo essa? Criticando a demagogia absurda de se misturar política com futebol, fazendo caridade com dinheiro público? Criticando a iniciativa de se fazer uma lei retroativa, para premiar um time de futebol? Ou que tal se vossa excelência agora começar a baixar decretos tendo como alvo grupos em particular? Ou que tal leis que só valem para o devido nome e sobrenome?

Já que é tão grande assim o amor pelo futebol no Brasil, porque não organizam alguma campanha, bastaria uma declaração do presidente e a mídia tomaria a causa. Muitos ajudariam esses ex-jogadores que administraram mal suas carreiras. Ou, se quisesse, poderia alvejar a entidade privada CBF, uma máquina de fazer dinheiro, e obrigá-los a lidar com esse problema.

Mas não. O Brasil não precisa disso, porque agora o Brasil tem rei. Um rei querido e iluminado porque nasceu em uma manjedoura e chegou lá para nos redimir, e distribuir os recursos infinitos da grande nação com sua bondade e sabedoria. E esse rei é fanático por futebol, como a maior parte de seus súditos.

Jânio Quadros entrou para a estória brasileira por baixar decretos esdrúxulos, como o proibindo a rinha de galos, o biquini, e o carteado. Lula busca deixar também seu factóide na história brasileira. Ele já vinha flertando com essa idéia desde 2008. Não dá para negar que este decreto, se for baixado, será a cara da era Lula.

http://www.cadaminuto.com.br/index.php/noticia/2010/03/25/bolsa-copa-governo-federal-vai-premiar-jogadores-campeao-do-mundo

27 de abril de 2010

Mercosul não conseguiu sequer união alfandegária

Quem torce por livre-comércio e uma redução do protecionismo no Brasil, sabe que o Mercosul acabou não ajudando em quase nada, pois foi neutralizado pelos sentimentos protecionistas da Argentina e do Brasil, mas principalmente Argentina, que tomou um rumo em sua história muito intervencionista.

No blog do Celso Ming no Estadão ele repercutiu a declaração de José Serra contra o bloco, que teria impossibilitado o país de assinar tratados bilaterais. É aquela teoria do 'anti-bloco', como a gente já costumava dizer, aceita por um presidenciável.

http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/2010/04/26/a-farsa/

O articulista lamenta que o Mercosul acabou se tornando uma mera união alfandegária, estabelecendo quais taxas de importação devem ser aplicadas em quais produtos.

Só que aí há um problema. Uruguai e Paraguai, como todo país pequeno, necessitam de acesso ao mercado mundial. O brasileiro não tem idéia do quanto o país está isolado do mercado mundial através de tarifas absurdas. E lembrando que em cima do II ainda vai ter IPI e ICMS.

Então como é que o bloco não implodiu antes, sendo que obrigaria os países menores a aceitar o protecionismo brasileiro? Muito simples. Eles simplesmente adotaram tarifas diferentes em quase tudo. Faça a pesquisa de algum item e veja por si mesmo.


Ex. setor automotivo (possui centenas de sub-itens para atender interesses específicos)

Tarifa

Automotiva Argentina:
35.00 %Norma
Automotiva Brasil:
35.00 %Norma
Automotiva Paraguai:
10.00 %Norma
Automotiva Uruguai:
23.00 %Norm

Roupa de cama

Tarifa

TEC:
35.00 %

Exceções à TEC

Confecções Uruguai:
20.00 %Norma
Confecções Paraguai:
20.00 %Norma Nota


E por aí vai. Sempre que alguma coisa é fabricada no Brasil por algum setor, dá-lhe tarifa de 35%, com exeções.









26 de abril de 2010

Frase do dia

A visão 'progressista' do homem comum é a de uma criatura que, se não for guiada, estará condenada a tomar sempre as decisões mais erradas e irracionais. EXCETO quando estiver na cabine de votação, votando para os partidos 'progressistas'.

tradução livre de

Entrevista de Celso Amorim




Um dos pontos críticos do governo Lula foi na área de relações internacionais, pautada por uma aproximação com ditaduras e com regimes isolados, e um forte traço ideológico, contrário à tradição da diplomacia brasileira. As relações diplomáticas foram uma das áreas entregue pelo partido ao seu 'taliban' interno.

Nesta entrevista, Celso Amorim, o diplomata de carreira que virou executor da agenda diplomática petista, defende - ou desconversa - suas controversas posições.


update:

24 de abril de 2010

Ciro Gomes chuta o balde e menciona crise da dívida

Ao ver sua candidatura descontruída pelo PT, o candidato chuta o balde e lança uma previsão que já batemos a tecla por aqui:

"Em 2011 ou 2012, o Brasil vai enfrentar uma crise fiscal, uma crise cambial. Como estamos numa fase econômica e aparentemente boa, a discussão fica escondida. Mas precisa ser feita."

Isso mostra que é bem diferente o que se passa dentro do governo e a maquiagem de dados e toneladas de marketing que eles vendem aqui fora. Ciro já ouviu falar deste problema. Quem mais lá dentro sabe? Talvez todo mundo? Será que sabem que quem tomar o governo de Lula receberá uma "herança maldita" muito maior do que este julgou receber do governo anterior?

Lula vai entrar para a história por ter gastado recursos como 'nunca antes na estória deste país'. Entrará na história por ser um presidente que praticamente não precisou dizer 'não' para absolutamente nada e comprometeu as contas públicas mesmo em tempo de crescimento.

Acho que se a quebra da China ocorrer, o pior nos espera, graças ao grande fanfarrão. Mas, se não ocorrer, é capaz do crescimento do país conseguir segurar o estado que ele criou nas costas.

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100424/not_imp542381,0.php

23 de abril de 2010

Trecho do belo discurso do Hélio Beltrão

A história da ética tem sido uma história de exploração. Os indíviduos foram desde sempre separados em dois grupos: os que devem obedecer às regras "éticas" sempre, e os que não precisam obedecê-las. O povo deve cumprir a ética e a moral, mas os governantes, não.

A ética, que eu e você devemos obedecer, corretamente advoga que não se pode roubar a propriedade de terceiros, matar ou obrigar alguém a fazer algo à força.

Mas notem que tais regras éticas não valem para o governo - o governo toma seu dinheiro, chama isso de impostos democráticos, e pronto: está autorizado a roubar.

Se um sujeito escraviza outro, está caracterizado um crime hediondo. Escravidão é a antítese da individualidade! Porém, no caso do governo, convocam você para "servir à pátria" durante um ano, chamam tal servidão de "serviço militar", e a servidão passa a ser perfeitamente legal.

Se um vizinho mata outro, isso é assassinato; porém, se for um funcionário de governo - principalmente do governo americano - com uniforme verde-oliva que invoca uma guerra preventiva ou algo similar, então é permitido matar, e legalmente.

Falsificar dinheiro é crime, mas só para você e eu - pois o governo tem a máquina de fazer dinheiro, ou melhor, de falsificar dinheiro. Se forem eles, pode. Se formos nós, vamos presos.

Há trezentos anos, boa parte da população nas Américas era formada por escravos. Cem por cento dos frutos do trabalho dos escravos eram de propriedade de seus donos. Hoje, não somos escravos. Mas hoje, de 40 a 50% do resultado do seu esforço e talento não são seus, mas de seus senhores: os governantes e seus amigos. Isso é o que você paga, queira ou não, embutido nos preços dos produtos e através de outros impostos, taxas e contribuições. Ou seja, não somos mais escravos, mas somos servos.

Antes os donos de escravos ameaçavam punir com a chibata, caso estes se recusassem a trabalhar. Agora, se você não pagar ao governo, é ameaçado com notificações e processos, até finalmente acabar sendo preso. Em ambos os caos, a violência é do mesmo tipo. A arma nem precisa ser mostrada, similarmente ao caso do ladrão de rua. A simples ameaça basta. Mas a arma está lá, no bolso do ladrão, e no paletó do governante.

Ainda que sancionado pela maioria, roubo ou escravidão continuam sendo crimes! Este roubo do governo, pelo governo e para o governo (e seus amigos) é estranhamente aceito, e racionalizado pela maioria. E por que diabos a maioria concorda com esse roubo?

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=654&comments=true

Economistas do Mises Institute participam de fórum no Rio Grande do Sul

O Hélio Beltrão, que trabalhou muito com sua equipe para organizar a versão brasileira do Instituto Mises, http://www.mises.org.br/, conseguiu um feito e tanto ao trazer acadêmicos do Mises Institute como Tom Woods, Mark Thornton e Lew Rockwell pela primeira vez no Brasil. Pena que dessa vez não deu para comparecer neste evento único, mas aguardo os vídeos no YouTube.

O evento aconteceu durante o Fórum da Liberdade, evento já tradicional no Rio Grande do Sul patrocinado por empresas locais.

Imagino o choque de alguém formado por uma universidade brasileira que tenha por acaso entrado no evento. Os blogs de esquerda não tem o que comentar sobre o assunto. Ora enxergam mega-conspirações e acham que o libertarianismo tem algo a ver com um 'levante reacionário', ora acham que isto representa os empresários. Não sabem nem do que estão falando. Aliás, uma das grandes 'gafes' do Fórum da Liberdade, que veio depois, foi justamente a grande distância entre os idealistas do Mises Institute e empresários como Carlos Ghosn, que defendem a intervenção estatal para salvar empregos na indústria automotiva - além do próprio emprego dele, é claro.

Revistas como Veja e Época publicaram notas sobre o evento que podem abrir um pouco o universo dos brasileiros às 'estranhas' idéias destes radicais libertários do instituto Mises.

22 de abril de 2010

Mais Lula x FHC : A estória não contada da dívida pública

Publiquei um post aqui um tempo atrás falando sobre as grandes dificuldades fiscais após o plano real, fato bastante esquecido na nossa história recente. Como resultado do plano real tivemos uma grave crise fiscal e um enorme aumento da carga tributária. As privatizações feitas pelo PSDB precisam ser vistas neste contexto, já que os petistas de carteirinha lançam uma grande campanha de falsificação histórica apontando o 'estado fraco' da era social-democrata. Ora essa. Tivessem os petistas assumido naquela época através do sr. Lula, muito provavelmente teríamos alta inflação até hoje. Pois o sr. Lula mostrou em seu governo o quanto foge das mais mínimas reformas estruturais.

Ao contrário do PT, há de se reconhecer que Fernando Henrique não empurrou com a barriga. Autorizaram competentes economistas (talvez pela primeira vez em muitas décadas) a levar adiante um plano que teria consequências catastróficas para as contas públicas, e que teria que cortar na carne, se desfazendo de empresas e cortando investimentos até que as contas fossem saneadas.

Valeu à pena? É óbvio que sim. O imposto inflacionário é imposto escondido. É o mais insidioso de todos os impostos. Era o maior problema do país nesta época. Melhor reconhecer nossa carga tributária real, que a partir desta época se revelou em torno de 35%, do que ficar fingindo que a carga tributária é baixa, mas deixar o governo e os bancos lucrarem em cima das perdas inflacionárias dos outros.

Os bancos brasileiros também passaram portanto por grave crise, especialmente os bancos públicos. Tiveram que se adaptar para uma situação completamente diferente da qual eles sempre trabalharam.

Em suma, uma série de esqueletos foi retirada do armário nestes anos. E as reformas fiscais deram as condições para que o governo Lula, principalmente em seu segundo mandato, entrasse nessa farra fiscal na qual nos encontramos agora.

Recentemente encontrei este excelente blog

O autor, Amilton Aquino, publicou nada mais que uma série de 10 posts tratando exclusivamente deste importante assunto.

É bom que o país tome conhecimento desta história o quanto antes. A inflação está aí batendo na porta. Os juros alcançaram seu nível mínimo, abaixo do que todos gostariam. Agora, é só para cima. O culpado é o gasto governamental, mas não importa. Vão apontar o dedo em outra direção. O presidente do Banco Central sabe do problema. Mas é tema proibido, portanto não toca no assunto.

A boa situação fiscal do país rapidamente foi comprometida. Os efeitos só serão sentidos daqui a alguns anos. Como todo presidente gastador, Lula entrará para a história amado pelo povo, e detestado por quem vê fatos e números e enxerga as consequências do que ele fez para o futuro do país. Além de ter conduzido uma política externa equivocada e atentado várias vezes contra princípios fundamentais da democracia, deixará uma verdadeira bomba fiscal para seu sucessor. Isso começa a ficar claro recentemente, com vários indicadores de que a gastança chegou ao seu limite.

19 de abril de 2010

Lista de impostos no Brasil

Me preparando para o feriado de Tirandentes, gostaria de colocar o seguinte link com a lista de impostos atualmente cobrados no Brasil : 85 impostos diferentes.

Há uma clara opção no Brasil por tributos indiretos que incidem sobre empresas e sobre a cadeia produtiva. Isto é interessante para o estado cobrar impostos indiretamente dos mais pobres e passar uma imagem de que as pessoas precisam do estado para viver, quando na verdade ocorre o oposto.

Tentei encontrar uma 'pie-chart' mostrando os maiores impostos em termos de arrecadação para o governo federal, mas não encontrei. Ainda é uma briga conseguir informação simplificada por aqui. E somos mantidos no escuro, graças a esta alta complexidade tributária.

Nos tempos do Tiradentes, era bem mais simples fazer a conta. Era o 'quinto dos infernos'.

16 de abril de 2010

Sobre a dificuldade de poupar no mundo atual

O mundo tomou um rumo muito perigoso quando os governos decidiram passar a controlar a moeda. Alguns liberais talvez não tenham noção de quanta liberdade foi confiscada pelo estado neste momento.

No post anterior, vemos um episódio causado pela espiral inflacionária na Argentina. Mas nem todos entram nesta onda de consumo. Muitos argentinos, já acostumados com o ambiente hostil oferecido pelo estado argentino para quem quer preservar os frutos de seu trabalho, tomam frequentemente o 'ferry-boat' para ir até o Uruguai depositar suas economias. No Uruguai você pode abrir uma conta em dólares ou comprar ouro, ou investir em outros instrumentos. Na Argentina, só comprando ativos reais, como investimentos no mercado imobiliário.

Se fosse um problema apenas de um país que já foi rico e resolveu se tornar uma república de bananas, não seria tão grave assim. Poupadores do mundo todo, no ambiente atual, precisam 'tomar a balsa', metaforicamente falando, e buscar estratégias de investimento bem longe do convencional.

A coisa começa através do banco central, colocando taxas muito baixas durante muito tempo. A população desaprende a poupar, como é o caso americano. Aprende que dá para se endividar em vários cartões de créditos. Aprende que dá para ganhar muito mais dinheiro especulando com casas do que trabalhando. Comentaristas financeiros 'pró-mercado' aplaudem este movimento de 'acesso ao crédito'.

O acesso ao crédito é realmente bom! O problema é que o preço deste crédito é falsificado pelo banco central. O sistema monetário funciona em cima desta mentira. É desta maneira que os BCs criam dinheiro ( ou eventualmente enxugam ) e também é desta maneira é que bancos ganham lucros reais em um dinheiro que eles não tem propriamente.

Como parte fundamental do sistema monetário estatal, há um inevitável acúmulo de dívida pública, que tende a se acumular para sempre. Quando o montante se torna alto demais, os países entram naquelas fases de crise fiscal, da qual nós recentemente saímos, e em breve provavelmente voltaremos, graças ao governo atual.

O mais assustador, para a liberdade, é que enquanto o grande público economiza cada vez menos e é cada vez mais dependente do estado ou de empresas, governos como os da China ou outros países que mais se assemelham a empreendimentos comerciais concentram toda a riqueza em suas gigantescas reservas.

Quando algum amigo ou alguém da família me pede conselho financeiro, dá até pena. O que eu digo? Que a tarefa de poupar hoje está restrita apenas aos especialistas em alguma área? A verdade é que as pessoas comuns estão impossibilitadas de poupar. Um leigo vai poupar, acaba entrando em uma bolha imobiliária, ou entra numa grande empresa semi-estatal controlada por políticos, ou em alguma empresa 'virtual' que nunca fabricou sequer um prego, mas possui avaliação de bilhões.

Então o único conselho que acho que vale é investir naquilo perto de você. Em propriedades na sua cidade, em áreas que você tem como avaliar se está barato ou caro. Investir na sua carreira. Investir na educação dos filhos. Evitar pagar juros, evitar se endividar a juros de mercado. Comprar casas com linhas de crédito subsidiadas, o 'dinheiro de mentira' dos bancos e do governo, e deixar o seu dinheiro em investimentos que rendem mais do que as taxas subsidiadas.

Inflação aumenta consumo na Argentina

Um dos efeitos de uma espiral inflacionária é... uma aparente prosperidade. Shoppings lotados. É assim que se destrói as poupanças e o hábito de economizar.

http://www.valoronline.com.br/?impresso/caderno_a/83/6213636/inflacao-provoca-explosao-de-consumo-na-argentina&utm_source=newsletter&utm_medium=manha_16042010&utm_campaign=informativo

15 de abril de 2010

Mais um tapa na cara do pagador de impostos brasileiro

FIFA consegue status tributário que só as igrejas possuem. Mas, tudo bem. Eles vão alegrar tanto os brasileirinhos com seu circo do futebol, não é mesmo?

http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,governo-anuncia-acordo-para-isentar-fifa-de-impostos,538727,0.htm

12 de abril de 2010

"Prende, solta", um efeito perverso

É incrível, mas quanto mais aumenta a violência, mais juristas, OAB, e "ólogos" de todos os tipos defendem medidas que favorecem o "prende, solta" nesse país. Eis o resultado perverso dessas medidas:
Pedreiro matou jovem logo após deixar cadeia
Considerado psicopata e com isolamento requerido, serial killer de Luziânia estava em liberdade condicional; as vítimas tinham entre 13 e 19 anos
A polícia identificou Admar de Jesus como o serial killer goiano que matou seis jovens entre 13 e 19 anos desde o fim de 2009. Ele ajudou a localizar os corpos das vítimas. O laudo psiquiátrico feito em agosto – após Admar cumprir pena de 4 anos por abuso infantil – revela que o pedreiro de 40 anos é um psicopata “perigoso” que deveria ser “isolado”. Mesmo assim, foi libertado.
Em 23 de dezembro, ele deixou a cadeia da Papuda, em Brasília, porque, segundo avaliação do Juizado de Instrução Penal, já havia cumprido um terço da pena e tinha direito à progressão de regime. Estava na primeira semana da liberdade condicional quando,em 30 de dezembro, fez a primeira vítima, Diego Alves Rodrigues, de 13 anos.
Estadão (12/04/10)

5 de abril de 2010

Mais um artigo do FT sobre a crise grega



'Me arrico a fazer duas previsões. A Grécia não vai entrar em moratória este ano ( a dívida de curto prazo foi rolada a 6% ). A outra previsão é, que a Grécia deverá ter que entrar em moratória em algum momento, por causa da dinâmica da dívida pública e do processo de deflação que ocorrerá na Grécia se se mantiverem dentro do euro.


A conclusão é pessimista. Fazendo uma simulação, Wolfgang Münchau enumera as futuras alternativas do estado grego, nenhuma delas muito fácil no longo prazo.

http://www.ft.com/cms/s/0/372886dc-400d-11df-8d23-00144feabdc0.html

2 de abril de 2010

Entendendo os anos FHC

Fiz umas pesquisas esta semana tentando reprocessar na minha cabeça o legado dos anos de governo do PSDB com Fernando Henrique. Atacado pela candidatura do PT, é provável que assim como a queima de Roma por Nero, que nunca existiu, a história destes anos seja escrita pelos demagogos do PT, que vieram depois.

Lula teve uma mostra de demagogia quando tentou reformar a poupança, reforma necessária pois a poupança é uma aplicação com retorno fixado por lei desde o império. Não é uma aplicação comum.

Imediatamente, partidos mais demagogos ainda que o PT se lançaram a fazer declarações comparando Lula e Collor, que este iria 'mexer na poupança'. É normal em um país de semi-iletrados que a nossa política tente toda hora confundir a opinião pública, ao invés de esclarecê-la.

Lula teve neste episódio uma mostra de seu próprio veneno. Pois nenhum partido contou tantas mentiras em sua história quanto o PT. Descendentes daquelas ideologias que pregam que para reunir um bando de militantes raivosos vale mentir, inventar estórias, amplificar confusões. São nisto companheiros de métodos dos nazistas e comunistas e dos governos autoritários pelos mundos que dominam seus povos usando falácias e jogos de palavras.

Nisto, havemos de ter mais respeito pelo PSDB. Este partido em sua história raramento mordeu a isca do argumento populista para atacar adversários. Aparentemente o PSDB sempre acreditou que não precisasse explorar a ignorância do brasileiro para ganhar votos. No cenário político brasileiro é uma postura admirável.

O PT por outro lado, lembro bem, fez uma patética campanha junto com Brizola pelo impeachment de Fernando Henrique sem base nenhuma. Sempre bateu na tecla do calote da dívida pública. Ora, se dão um calote na dívida pública interna, não tem mais moeda. Mas estas coisas são técnicas, e os confusos e ignorantes acabam sendo guiados pelos mal-intencionados.

Agora o PT vem bater novamente na tecla das privatizações. Aí vem a minha maior descoberta. Lendo documentos técnicos daquela época, que certamente passaram bem longe do debate público naquela época, deu para ter uma idéia da grave crise fiscal que foi decorrente do plano real.

O plano real acabou com a era da inflação. Isso todo mundo sabe. O que talvez não saibam é que a inflação surge como um 'jeitinho' do estado brasileiro fechar suas contas sem precisar recorrer a novos impostos. Era o chamado 'imposto inflacionário'. Se o estado de SC não tinha dinheiro para pagar sua folha, não tem problema. Atrasavam uns 2 meses e apenas os rendimentos deste montante retido dava uma sobrevida a uma situação fiscal insustentável.

Lendo este excelente texto do BC http://www.bcb.gov.br/htms/public/BancosEstaduais/livro_bancos_estaduais.pdf entendemos porque todo o sistema bancário estadual precisou ser privatizado.

Outro episódio extremamente controverso, que o PT não atacou, talvez por ter também base em São Paulo, foi a enorme dívida estadual paulista federalizada por FHC. Assim como a dos demais estados, todos quebrados graças aos seus problemas fiscais, evidenciados pelo fim da inflação.

Como é de costume, em meia dúzia de canetadas sem muita repercussão na época que eu me lembre, a união securitizou bilhões de dívidas estaduais, em uma situação parecida com a que os EUA eventualmente passe agora.

Também o sistema bancário privado nesta época passou por dificuldades. E o governo federal também. FHC aumentou tanto os impostos quanto Lula. Embora este último tenha sido 'só alegria' na hora de torrar esta grana, enquanto o primeiro realmente precisava solucionar o grave problema fiscal que o país atravessou.

O PSDB não precisaria correr deste debate. Mas como confiar no julgamento da opinião pública brasileira, tão imatura? O partido se acovardou e preferiu não fazer muito alarde sobre estas reformas.

O único chavão que vão repetir, e que é verdade, após esta minha análise, é que o governo deles realmente colocou o Brasil em outra trilha macroeconômica. E Lula colheu os frutos. Uma realidade se mostra para os técnicos e outra bem distinta para a galera, que participa do jogo político sem entender nada.

Comentário de Antônio Machado sobre Lula e o federalismo

Já faz algum tempo acompanho a opinião de Antônio Machado, colunista do Cidade Biz e de jornais brasileiros. Ele sempre possui um ponto de vista diferente sobre os acontecimentos atuais. Neste artigo ele faz uma observação pertinente: a descontrução do pacto federativo acentuada pelo governo Lula, até pela gana de fazer projetos acontecerem. Lula tenta transferir apoio local para o nível federal. Com isso, metade das iniciativas do governo federal acaba atropelando o pacto federativo.

Governo federal, em breve administrando a sua cidade.