2 de abril de 2010

Entendendo os anos FHC

Fiz umas pesquisas esta semana tentando reprocessar na minha cabeça o legado dos anos de governo do PSDB com Fernando Henrique. Atacado pela candidatura do PT, é provável que assim como a queima de Roma por Nero, que nunca existiu, a história destes anos seja escrita pelos demagogos do PT, que vieram depois.

Lula teve uma mostra de demagogia quando tentou reformar a poupança, reforma necessária pois a poupança é uma aplicação com retorno fixado por lei desde o império. Não é uma aplicação comum.

Imediatamente, partidos mais demagogos ainda que o PT se lançaram a fazer declarações comparando Lula e Collor, que este iria 'mexer na poupança'. É normal em um país de semi-iletrados que a nossa política tente toda hora confundir a opinião pública, ao invés de esclarecê-la.

Lula teve neste episódio uma mostra de seu próprio veneno. Pois nenhum partido contou tantas mentiras em sua história quanto o PT. Descendentes daquelas ideologias que pregam que para reunir um bando de militantes raivosos vale mentir, inventar estórias, amplificar confusões. São nisto companheiros de métodos dos nazistas e comunistas e dos governos autoritários pelos mundos que dominam seus povos usando falácias e jogos de palavras.

Nisto, havemos de ter mais respeito pelo PSDB. Este partido em sua história raramento mordeu a isca do argumento populista para atacar adversários. Aparentemente o PSDB sempre acreditou que não precisasse explorar a ignorância do brasileiro para ganhar votos. No cenário político brasileiro é uma postura admirável.

O PT por outro lado, lembro bem, fez uma patética campanha junto com Brizola pelo impeachment de Fernando Henrique sem base nenhuma. Sempre bateu na tecla do calote da dívida pública. Ora, se dão um calote na dívida pública interna, não tem mais moeda. Mas estas coisas são técnicas, e os confusos e ignorantes acabam sendo guiados pelos mal-intencionados.

Agora o PT vem bater novamente na tecla das privatizações. Aí vem a minha maior descoberta. Lendo documentos técnicos daquela época, que certamente passaram bem longe do debate público naquela época, deu para ter uma idéia da grave crise fiscal que foi decorrente do plano real.

O plano real acabou com a era da inflação. Isso todo mundo sabe. O que talvez não saibam é que a inflação surge como um 'jeitinho' do estado brasileiro fechar suas contas sem precisar recorrer a novos impostos. Era o chamado 'imposto inflacionário'. Se o estado de SC não tinha dinheiro para pagar sua folha, não tem problema. Atrasavam uns 2 meses e apenas os rendimentos deste montante retido dava uma sobrevida a uma situação fiscal insustentável.

Lendo este excelente texto do BC http://www.bcb.gov.br/htms/public/BancosEstaduais/livro_bancos_estaduais.pdf entendemos porque todo o sistema bancário estadual precisou ser privatizado.

Outro episódio extremamente controverso, que o PT não atacou, talvez por ter também base em São Paulo, foi a enorme dívida estadual paulista federalizada por FHC. Assim como a dos demais estados, todos quebrados graças aos seus problemas fiscais, evidenciados pelo fim da inflação.

Como é de costume, em meia dúzia de canetadas sem muita repercussão na época que eu me lembre, a união securitizou bilhões de dívidas estaduais, em uma situação parecida com a que os EUA eventualmente passe agora.

Também o sistema bancário privado nesta época passou por dificuldades. E o governo federal também. FHC aumentou tanto os impostos quanto Lula. Embora este último tenha sido 'só alegria' na hora de torrar esta grana, enquanto o primeiro realmente precisava solucionar o grave problema fiscal que o país atravessou.

O PSDB não precisaria correr deste debate. Mas como confiar no julgamento da opinião pública brasileira, tão imatura? O partido se acovardou e preferiu não fazer muito alarde sobre estas reformas.

O único chavão que vão repetir, e que é verdade, após esta minha análise, é que o governo deles realmente colocou o Brasil em outra trilha macroeconômica. E Lula colheu os frutos. Uma realidade se mostra para os técnicos e outra bem distinta para a galera, que participa do jogo político sem entender nada.

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