7 de fevereiro de 2010

A Classe Média vai ao paraíso

Acompanhem a trajetória de Julia Albertin (Estadão 07/02/10):
Foram 15 concursos em quase três anos de intensa dedicação. Passou em dois, mas não foi chamada. Aliás, essa é uma frustração recorrente na busca pela estabilidade e pelos bons salários em muitas das ofertas de emprego público que hoje mobilizam jovens em todo o País. Julia Balbi Albertin, 30 anos e há pouco mais de três efetivada no cargo de analista judiciário, com salário de R$ 7 mil, não desistiu e não se arrepende de todo o desgaste até a terceira aprovação. “Foi dedicação de atleta”, brinca ela. “Mas o que importa é que cheguei lá.” Quando entrou na faculdade de Direito da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, Julia sonhava com a carreira de advogada. Dois anos depois de estágios em escritórios como o respeitado Lilla, Huck, Otranto, Camargo e Munhoz Advogados viu que esse não era o caminho. Conversou com os pais, que se dispuseram a bancá-la por três anos de estudos (...) Os sacrifícios com até 10 horas de estudos, em períodos em que apenas trocava de pijama, sem sair de casa ou namorar, resultaram em peso extra e a convicção de que outras alternativas mereciam atenção. Assim, em 2006, passou em 18.º lugar no concurso do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo. Eram 234 vagas disputadas por 10 mil candidatos. “Ganhei qualidade de vida e umbom salário.”

Comento: pobre do país em que os filhos da classe média só encontram no emprego público o futuro das suas vidas. Essa moça, como outras milhares de pessoas, estão dedicando a fase mais produtiva das suas vidas para estudar para concursos. Os que passam, ganham “Um clube de vantagens salariais” (post de 14/12/09), formam a nova burguesia do capital alheio, reforçam as entidades sindicais e os movimentos de chantagem social. Está se criando uma herança maldita que custará caro para o País durante gerações, fonte principal de desigualdade social (junto com a corrupção). Aos que não passaram fica o passivo de um período em que não produziram/economizaram nada. O Estado forte do PT (e do PSDB também) só revigora um ciclo peronista em que sanguessugas do estado se perpetuam no poder para ganhar mais privilégios e benefícios em detrimento do restante da população.

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