Assisti neste carnaval a uma série de espionagem da BBC sobre a vida de cinco jovens britânicos todos provenientes de famílias importantes, colegas em Cambridge, e com grande acesso na sociedade britânica.
O UK ainda era um país bastante conservador na época da segunda guerra, e os apertos de mão e as gravatas que mostravam que você pertencia a esta ou aquela escola de nome abriam as portas do serviço público e da realeza.
Só que estes jovens eram apaixonados pela doutrina marxista. Foram cooptados por agentes soviéticos e, talvez buscando uma vida fora do comum, passaram a reportar para Moscou atividades relevantes do serviço de embaixadas e do serviço de inteligência britânico, que podiam penetrar facilmente, graças à suas credenciais aristocráticas. Dedicaram suas vidas à isto.
Um era mais velho e introduziu a eles os contatos em Moscou. Outros dois destes espiões não passavam de 'dândis' em busca de aventura. Já os outros dois, Kim Philby e Donald McLean, passaram aos soviéticos informações importantes sobre os acordos britânicos com os EUA, e por anos foram a principal fonte de informação de Stálin nesta área.
Ao contrário dos seus pares brasileiros, não ganharam jamais indenizações milionárias do estado britânico. Após serem expostos, tiveram que escapar para a União Soviética, onde Philby e McLean se integraram à burocracia estatal, se tornando respeitáveis cidadãos soviéticos. O que só era possível com doses generosas de vodka.
Guy Burgess, extrovertido homosexual, teve obviamente grandes dificuldades de adaptação em um regime totalitário bem diferente do que imaginava, e se acabou na bebida.
Anthony Blunt, um historiador de arte membro do grupo com um pé na família real britânica, era o membro do grupo espionando para os russos os escândalos da família real.
Perdeu suas condecorações reais, foi publicamente exposto no governo Thatcher. Teve o bom senso de não emigrar para a URSS e tentou viver no sul da Europa. Teve um difícil retorno à Inglaterra, pois era confrontado na pela população, quando o reconheciam.
Disse que tentou o suicídio, mas preferiu o uísque e o trabalho duro como historiador da arte para tentar enterrar o passado.
A grande desgraça ideológica dos anos 30 foi esta escolha falsa entre dois totalitarismos. O original, comunista, e sua versão derivada, o fascismo, que buscava integrar em um regime totalitário análogo ao comunista os grupos dominantes da sociedade pré-fascista.
Apenas depois da segunda guerra, com o fascismo derrotado, é que o modelo soviético passou a ser confrontado por um novo sistema político e econômico, proposto por EUA e UK. Ainda bem que o mundo saiu dessa fase sombria. Pena que alguns cismem em voltar ao passado.
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