Especialista em energia, Adriano Pires, diretor-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), analisa o movimento da petroleira brasileira. “Há quase uma década o Brasil se tornou um exportador. Primeiro, foi o anúncio da Petrobrás de que interromperia a exportação, há cerca de um mês, e agora tem de comprar de outros produtores; é surpreendente”, diz.
Segundo Pires, os últimos movimentos do governo e da Petrobrás claramente mostram a preocupação com o risco de desabastecimento tanto de gasolina quanto de etanol. Ele cita a redução do etanol na gasolina e agora a importação de gasolina. Além disso, o governo ensaiou recentemente a suspensão temporária do imposto de importação para o etanol. “Há três anos, Lula falava que o Brasil se tornaria a Arábia Saudita verde e agora passamos por esta situaçãoemque a luz amarela acendeu”, opina.
Nos Estados Unidos o estoque atual, divulgado no site da Agência de Energia do país, é de 230 milhões de barris. “Lá, os números são transparentes. Aqui, com o monopólio da Petrobrás e a Agência Nacional do Petróleo(ANP)que não cumpre o seu papel, tudo é um mistério”, critica. A ANP não respondeu ao pedido de informações do Estado.
Para Ildo Sauer, professor da Universidade de São Paulo e ex diretor da Petrobrás, o volume de 2 milhões de barris não chega a ser expressivo, já que é equivalente à produção diária da Petrobrás. Mas Sauer também se surpreendeu com a importação. “A empresa era superavitária de gasolina desde a entrada doProálcool, nos anos 70”, lembra.
17 de fevereiro de 2010
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Um comentário:
Interessante esta notícia, porque já sabia que os preços aqui estavam sendo manipulados para manter a inflação em baixa, e a população contente. O petróleo aumenta, e a Petrobras recebe ordens de manter a gasolina no mesmo preço. O petróleo desce, e sem competição, o governo autoriza a petrobras a cobrar mais. Eles usam esta empresa como estabilizadora. Mas a conta agora começa a aparecer...
É uma pena que o governo interfira tanto neste setor. Botam imposto, tiram imposto, estão completamente micro-gerenciando esta área. Nosso modelo é não só Arábia Saudita. É Irã, Venezuela, Argentina. Países que tem governos que manipulam estoques e estatísticas e vendem gasolina e eletricidade subsidiada para ganhar apoio da população. E aí começa, obviamente, um problema de desabastecimento.
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