13 de maio de 2010

Rumo aos Estados Unidos da Europa

Um blog da Economist que monitora a UE publicou a melhor análise até agora, na minha opinião, sobre o pacote europeu.

A parte mais interessante dá uma noção do que está reservado para o futuro da Europa.

As autoridades francesas principalmente, e com alguma relutância as alemãs, concordaram em criar um 'veículo de crédito especial' - Não chame de fundo do euro, ou os alemães vão ficar muito irritados, diz a revista - que dará garantias aos títulos com problemas. Mas a idéia é começar a oferecer no mercado uma espécie de 'título da dívida européia', embalado, para que os 'lobos' investidores não separem os mais fraquinhos do bloco para a carnificina. Vão ter que brigar agora com 'mamãe europa', uma criatura mítica de origem frango-belga-germânica.

Está sendo uma briga para ver que órgão vai controlar este fundo.

Foi realmente baseado no artigo 122 sobre catástrofes e outros 'eventos fora do controle'.

O texto original menciona também a criação de um imposto global sobre transações no mercado financeiro. O ranço anti-mercado está ficando muito forte.

O mercado financeiro, muito atacado pelas autoridades européias, é chamado de 'lobo especulador' quando aposta contra o euro, e é chamado de 'mercados internacionais' quando colabora, e, por exemplo, investe neste novo euro-fundo. Estão se organizando rapidamente para patrocinar uma agência de avaliação de risco européia, para que possa ser controlada com mais facilidade do que Moody's e Standard & Poors.

A conclusão política disso tudo é sinistra para a Europa. As autoridades da UE se recusam a reformar o euro de maneira que possa ser usado por nações autônomas e soberanas. Se recusam a ouvir os mercados. Se recusam mesmo a encarar seus defeitos. Na opinião deles, o euro é perfeito, pois o objetivo destas elites políticas é a formação dos Estados Unidos da Europa.

A Grécia perdeu sua soberania fiscal e será uma espécie de protetorado europeu, no que tange seu orçamento. O mesmo acontecerá com outros estados com problemas. Isso é algo extremamente controverso.

Durante muitos anos a UE propiciou muitas vantagens para os europeus, principalmente por causa do mercado comum e da moeda comum. Mas acredito que a grande maioria dos europeus não deseja uma UE mais forte do que os estados membros, e é exatamente isso que eles vão acelerar agora.

Se um país-membro não concordar com as novas condições, estará 'livre' para abandonar o euro e entrar em colapso fiscal.

Já posso imaginar multidões daqui há alguns meses marchando contra as reformas da UE, queimando bandeiras azuis, vilificando a UE da mesma maneira que o FMI, com muito menos razões, foi vilificado na América Latina por impor contrapartidas de austeridade fiscal a quem recebia seus empréstimos.

Outra reação possível é na Alemanha, com a população se recusando a sustentar os países com problemas apenas para satisfazer as ambições políticas sem limites dos euro-políticos.

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