10 de maio de 2010

Pacote de meio trilhão de euros na União Européia

Os políticos da União Européia concordaram em um plano de emergência improvisado no final de semana para colocar um basta nos 'ataques ao euro' promovidos por 'lobos especuladores'.

Fizeram a única coisa que governos podem fazer numa situação destas: intervenção maciça no mercado, com o propósito de fazer quem apostou contra o euro perder muito dinheiro. Isto será feito com um volume enorme de meio trilhão de euros. E o ECB foi completamente rebaixado no processo, mostrando que quem controla o euro por trás dos panos são mesmo os políticos europeus. Isto abala a confiança no euro no longo prazo. Mas foi uma decisão fácil, pois simplesmente não haveria mais 'longo prazo' para o euro.

Este pacote no contexto da UE não pode ser feito sem muitas gambiarras, que serão contestadas veementemente nos países-membros. Sem poder obrigar os países-membros a pagar a conta de outros, por exemplo, os políticos da EU invocaram o artigo 122, que diz que 'países-membros com desastres naturais ou dificuldades excepcionais além de seu controle' podem receber assistência financeira. Será que uma deterioração fiscal é agora algo além do controle do governo?

Artigo 122 do Tratado de Lisboa

Isto pode causar uma verdadeira ascenção na Europa de políticos nacionalistas. No Reino Unido este movimento é articulado e muito forte. E, como se sabe, o UK não adota o euro. E, acreditem ou não, todos os países serão 'convidados' a botar a mão no bolso e colocar bilhões para ajudar neste fundo. Mesmo os que não usam o euro.

Nigel Farage, do UK indepence party, fazendo troça do aniversário de 10 anos do euro. 'É melhor vocês celebrarem este, porque pode não haver um próximo aniversário de 20 anos'.
http://www.youtube.com/watch?v=5DlVFKBwbuU

Neste discurso, o mesmo líder do UKIP chama o presidente da UE de 'um burocrata bancário de baixo escalão'. O discurso é agressivo, mas correto ao apontar a legitimidade popular precária que estas instituições européias tem para justificar sua preponderância aos círculos políticos nacionais.
http://www.youtube.com/watch?v=bypLwI5AQvY&feature=fvw

A situação do Reino Unido é bastante delicada. As eleições não foram decisivas, com nenhum dos partidos obtendo uma vitória clara. Eles possuem problemas fiscais muito grandes, herança maldita dos governos trabalhistas. Porém, um dos países mais endividados dos PIIGS, como vimos em artigo anterior, é a Irlanda. Certamente vão pensar melhor, pois se a Irlanda quebrar, atingiria em cheio o sistema bancário britânico, mesmo sem estar no euro.

Por aí já dá para termos uma idéia de como o debate político vai esquentar na Europa. E enquanto nos países doadores os políticos serão completamente execrados pela população, na Grécia e outros países, continuaremos vendo protestos nas ruas com grande tensão política, se recusando a abrir mão de direitos adquiridos.

Os porquinhos, por enquanto, fugiram da casinha de palha para a casinha de madeira... Ganharam um tempo. E o vento, quando recomeçar, irá soprar em todo mundo...

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