17 de maio de 2010

Gary North explica como funciona o sistema

O establishment econômico usou a ganância dos eleitores para criar uma árvore de dinheiro para os bancos. E tem funcionado da seguinte maneira, desde um pouco antes da primeira guerra.

Os políticos prometem distribuir aos seus eleitores a renda retirada dos mais ricos. Os eleitores recebem promessas de emprego público, subsídios governamentais para sindicatos e para um generoso sistema de pensões. O estado do bem-estar cresce.

Os políticos sabem que não é possível aumentar os impostos o bastante para honrar estes compromissos. Eles passam a usar um sistema contábil "pay-as-you-go": A conta nunca fecha, mas é passada automaticamente às gerações futuras, através da rolagem da dívida pública e do sistema previdenciário.

Os governos se endividam. Os investidores compram a dívida pública, porque é garantida pelo governo. Estes investimentos são considerados livres de risco.

Estouram guerras. Os governos se endividam ainda mais. Esta dívida jamais será paga. Ela sempre aumenta. A dívida velha é rolada indefinidamente.

Os governos continuam vendendo promessas ainda maiores aos seus eleitores, que acreditam que estas promessas irão render frutos algum dia.

Quando começam tempos mais difíceis, os bancos centrais compram dívida pública com moeda fiat. Eles mantém a dívida rolando, e aumentando.

Qualquer ameaça de moratória derruba o sistema financeiro. Quando chega a crise, governos e o banco central assumem as perdas dos maiores bancos comerciais.

Os eleitores não fazem nada, pois eles mesmos estão completamente afundados em dívidas. Não possuem mais economias. Eles vivem de promessas governamentais. Não desejam uma quebra geral.

(...)

Este arranjo está agora caindo aos pedaços. O alto nível de endividamento está criando oportunidades, onde os especuladores expõem as mentiras dos governos e dos bancos centrais. Há lucros enormes a serem realizados no final deste espetáculo.

Artigo original no contexto dos PIIGS pode ser encontrado aqui:

Comento: O artigo original trata da exaustão do estado de bem-estar social. Alguns liberais mais exaltados, ligados aos Austríacos e às correntes anarquistas, se precipitam ao enterrar vivo o estado de bem-estar social. Esquecem que o norte da Europa vive sob este sistema, já passou por crises, e já o reformou, removendo entraves burocráticos e criando portas de saída dos programas estatais.

O norte da Europa hoje paga pela conta do sul, e está longe de um colapso financeiro, embora as mudanças de comportamento econômico resultantes de um sistema de bem-estar social sejam em geral negativas no longo prazo.

Concordo que estamos vendo uma espécie de colapso deste sistema. Mas a conta chega bem antes nos países sem uma cultura de seriedade no trato das contas públicas.

North também fala de uma 'moratória' da dívida. Tal moratória é impossível nos EUA. O estado simplesmente controla a moeda fiat, coisa que não acontece na Grécia, e que não aconteceu nas crises de dívida externa na América Latina e na Ásia. Só quem pode imprimir dólar é, justamente, o Fed americano.

Portanto, o que acontece na sequência de uma dívida impagável não é moratória, e sim a monetização da dívida, que resulta em uma inflação ou hiper-inflação. As perdas bancárias americanas não foram em títulos da dívida. Não é um comportamento irracional de mercado considerar a dívida pública como baixo risco. É realmente baixo risco, pois bancos, banco central e estado realmente tem a maquininha na mão.

Mas é extremamente verdadeira e sinistra a observação sobre o endividamento privado. Uma situação nos países ricos onde a maioria da população possui dívidas pode se tornar ainda pior do que a situação dos países em desenvolvimento, onde grande parte do eleitorado vota em demagogos pois não tem nada a perder. Porque escravos por dívidas não tem muita capacidade de resistir ao avanço dos que tem o poder de cancelar a dívida de alguns e levar outros à falência.

Princípios democráticos e republicanos são compatíveis apenas com uma sociedade livre. É necessário que a maioria da população possua liberdade, informação, propriedade privada. Caso contrário ninguém tem nada a perder e a demagogia reina solta. Nos aproximamos da tirania.

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