14 de junho de 2010

Discípulos de Sorel

Continuamos a tradução do texto de Mises sobre a mentalidade anti-capitalista, especificamente sobre a doutrina de Geoges Sorel. Porque este texto é importante?

Porque sem entender o passado, corremos o eterno risco de repeti-lo. Temos muitos grupos hoje que apelam para a 'luta' de uma militância violenta, onde a causa pouco importa, desde que cumpra o objetivo principal de aglutinar forças , criar conflitos, e selar o elo entre a militância.

A doutrina do fascismo era soreliana: o apelo não era para entender, mas sim transformar o mundo através da ação agressiva. Da mesma maneira, grupos de esquerda, especialmente os mais ligados ao movimento sindicalista, agem da mesma maneira. Beberam da mesma fonte.

Temos hoje diversas causas políticas, e algumas são legítimas e práticas. Outras, utópicas e simplesmente equivocadas. Mas todas correm o risco de seduzir o público e servir de aglutinadores.

As causas mais corriqueiras são em geral atendidas pelos partidos políticos convencionais. Sobram as causas mais absurdas, os mitos, as utopias, na mão de grupos políticos periféricos e geralmente sem escrúpulos.

Depois de conseguido o poder político que desejam, estes movimentos de luta não são mais necessários ao patrocinador ideológico, pois este agora está sentado na mesa com os 'meninos mais velhos'. Precisa, portanto, subornar, desmontar ou mesmo eliminar de forma violenta os militantes mais incontroláveis.

O militante soreliano ideal tem muito tempo livre, neurônios de menos e testosterona demais. Os estudantes são um público cativo destes movimentos, pois tem todos estes ingredientes.

Confundem o direito de expressão com o suposto 'direito' de destruir propriedade, bloquear estradas, vandalizar e agredir quem quer que seja, desde que feito em nome da causa ou lutando por supostos 'direitos'.

E quando uma polícia truculenta reprime estes grupos, um dos objetivo de Sorel está concluído. Pois a lógica tribal consolidará o elo entre os militantes, lutando juntos nas ruas contra a polícia ou contra outros militantes. Com alguma sorte para os estrategistas, algo sairá de controle e algum mártir aparecerá.
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A ideologia mais perniciosa dos últimos sessenta anos foi o sindicalismo de George Sorel, e seu entusiasmo pela 'ação direta'. Gerada por um intelectual francês frustrado, rapidamente cativou os letrados de todos os países da Europa. Foi um fator preponderante na radicalização de todos os movimentos subversivos. Influenciou o realismo francês, o militarismo e o anti-semitismo.

Teve um papel importante na evolução dos bolcheviques russos, do
fascismo italiano e do movimento jovem alemão que finalmente resultaria no Nazismo.
Transformou o propósito dos partidos políticos, não mais interessados em ganhar através do processo eleitoral, mas sim em criar facções que se organizam como bandos de militantes armados. Trouxe descrédito ao governo representativo e à 'segurança burguesa', e pregou o evangelho da guerra civil e externa. Seu principal 'slogan' sempre foi : violência e mais violência. O estado presente das coisas na Europa é em grande parte o resultado dos ensinamentos de Sorel.

Os intelectuais foram os primeiros a saudar as idéias de Sorel: estas idéias aumantavam a popularidade deles. Mas o tenor da ópera soreliana é obviamente anti-intelectual. Ele se opunha ao raciocínio frio e às deliberações sóbrias. O que conta para Sorel são puramente os atos, o
que quer dizer, o ato violento justificando o próprio ato. Lutar por um mito, o que quer que esse mito possa ser, este era seu conselho.

"Se você se posiciona no universo dos mitos, estará protegido de qualquer refutação crítica". Que filosofia maravilhosa essa, que destrói pela própria destruição! Não precisa falar, raciocinar. Mate!

Sorel rejeita mesmo o "esforço intelectual" dos teóricos campeões da revolução. O fim essencial do mito é "preparar as massas para lutar pela destruição do que existe" (o status quo).

Entretanto, a culpa por estas doutrinas terem se espalhado tanto repousa não em Sorel, nem com seus discípulos: Lenin, Mussolini, Rosenberg, nem com as hostes de artistas boêmios e intelectuais irresponsáveis.

A catástrofe aconteceu porque ninguém ousou examinar criticamente e dissecar a consciência dos militantes fanáticos. Mesmo os autores que não apoiaram abertamente a violência sem escrúpulos, sempre achavam algum traço positivo nos piores excessos dos ditadores. As primeiras objeções tímidas foram lançadas finalmente, e com bastante atraso, apenas quando os intelectuais de sustentação dessas políticas perceberam que mesmo a adoção entusiástica da ideologia totalitária não garantiria imunidade automática da tortura e das execuções sumárias.

Um comentário:

Andrey Diniz disse...

Incrivel como eles conseguem aglutinar forças. Os jovens são os mais faceis de "enrolar"com a idéia de socialismo, humanismo, igualdade, protecao aos animais, meio ambiente. Enquanto isso o mundo que nunca acorda....