1 de março de 2010

Clima de pânico ajudou, diz Warren Buffett

No sábado, Warren E. Buffet, o mais famoso investidor dos Estados Unidos, transmitiu confiança em sua carta anual endereçada aos acionistas de sua holding, explicando em termos tipicamente coloridos como suas empresas tinham sobrevivido à calamidade da crise financeira. O tom da carta era muito diferente daquele presente no relatório publicado por Buffet no ano passado, no qual ele responsabilizava a si mesmo pelo declínio no valor contábil da empresa, o segundo registrado desde que ele assumiu o seu controle em 1965.
Desta vez ele explicou como utilizou os últimos 18 meses para adquirir uma série de ativos – uma ida às compras que culminou no acordo de aquisição da Burlington Northern Santa Fe Railway, no fim do ano passado, a maior compra já realizada por ele. Buffett escreveu que sua empresa, a Berkshire Hathaway, teve uma renda líquida de US$ 8,1 bilhões no ano passado, uma alta de 61% em relação a 2008. A empresa registrou um aumento de 19,8% em seu valor contábil.
A crise de 2007-2008 levou a empresa a registrar pela primeira vez uma perda operacional, no primeiro trimestre do ano passado, levando a perguntas quanto à exposição de Buffett aos gastos do consumidor e ao mercado imobiliário. Entretanto, a empresa apresentou uma recuperação forte ainda naquele ano, ajudada por uma reversão na tendência do mercado de ações. Na carta, que acompanha o relatório anual da companhia, Buffett detalhou quantas de suas holdings dependiam da demanda por imóveis e do gasto dos consumidores. Mas as ações da empresa, que no fim de 2007 chegaram ao preço máximo de US$ 148.220 e depois caíram para cerca de US$ 73.195, registraram desde então uma recuperação expressiva, fechando em US$ 119.800 na sexta feira. “O período foi ideal para os investidores: um clima de pânico é o melhor amigo deles.”
Graham Bowley THE NEW YORK TIMES

Comento: É preciso ler dois livros para entender como funciona os investimentos do Warren Buffett. São eles: "O Investidor Inteligente", de Benjamin Graham (Nova Fronteira, 2007), e "A Bola de Neve", de Alice Schroeder (Sextante, 2008). O primeiro é uma bíblia do investimento e a primeira edição é de 1949. Infelizmente nas livrarias as pessoas só encontram livros de auto-ajuda para investimentos, mas eles servem apenas para motivar. No livro do Graham são enfatisados os conceitos de margem de segurança, ou seja, quanto melhor os fundamentos da empresa e quanto menor for o seu valor intrínseco, maior a probabilidade de obtenção de retorno a médio e longo prazo. O segundo livro, conta a trajetória de vida do Buffett, mas mesmo assim, é ótimo para entender como ele investe nas empresas. Inclusive, sugiro ler o livro do Graham primeiro, pois assim será mais proveitoso entender como ele comprava empresas quando elas valiam "baganas de cigarro". Interessante também constatar que em 2003, ele já alertava para os problemas como os derivativos. Na "minha livraria", a estande de investimento teria somente esses dois livros!
Outro detalhe interessante é o valor de cada ação da Berkshire Hathaway: US$ 119.800. Segundo Buffett, o desdobramento ou bonificação das ações é uma grande besteira. Quando uma empresa é boa ela não precisa de um valor acessível para o grande público para ter liquidez. É como se cada ação da Gerdau fosse negociada a R$ 240.000,00!

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