25 de março de 2010

Antes tarde do que nunca

Quem já mexeu com câmbio profissionalmente ou mesmo para viajar para outro país sabe o quanto esta área é complicada no Brasil, com seus inúmeros controles que foram criados em uma época em que o Brasil tinha uma moeda fraca e manipulada, como é atualmente na Venezuela, Argentina e Cuba, e em uma época que o único local adequado para estes ativos era na mão do 'el presidente', na mão do estado.

Na mão dos outros era crime. A população era obrigada a usar a moeda local, que se desvaloriza'va em um ciclo inflacionário, enquanto a elite política se beneficiava do acesso privilegiado à cotações especiais, enriquecendo bastante os aliados e os conectados e privilegiando projetos de estimação às custas dos outros participantes do mercado de câmbio.

Tudo isto não funciona sem muita burocracia e complicação. E mesmo com todo controle do mundo, é normal que as ovelhinhas tentem escapar do garrote, e vemos até hoje no Brasil um grande mercado informal de troca de moeda não autorizada pelo estado.

A situação da moeda mudou bastante no Brasil. O setor bancário é melhor que a média e mesmo a moeda brasileira não está mal, mesmo comparada às majors. Se a administração do BCB continuar como foi nos últimos anos, o caminho do Real é se tornar uma major.

Entretanto, todos os controles daquela época triste de 'cruzados novos' continuaram nos atazanando.

Até hoje no Brasil para um gringo trocar uns dólares ele precisa apresentar CPF (vai explicar para o burocrata brasileiro que isso não existe ) ou seu passaporte (vai explicar para o burocrata brasileiro que passaportes são roubados e é um trabalho para fazer outro ). Isso até para quantias mínimas, como trocar 100$. Eu já passei por isso.

Outra novela com Western Union e transferências bancárias internacionais. Vai ter que levar documento, xerocar, tirar cópia de tudo e JUSTIFICAR para o Banco Central do Brasil. Um verdadeiro absurdo. E o mais engraçado é que o Western Union, por exemplo, trabalha sem muitos problemas em muitos países do mundo, e mesmo em países com uma estrutura mínima.

E, o mais engraçado. Você não encontra uma pessoa capacitada nos bancos brasileiros para te dar informação confiável nesta área. É tão enrolado que nem eles mesmos sabem como é. E a maioria das pessoas não usa - também porque é tão complicado que nem tentam.

Pois o Banco Central do Brasil sabia destes problemas, e tinha gente trabalhando nos últimos anos para desenrolar este incrível emaranhado burocrático, e elevar a base jurídica do país nesta área ao padrão internacional. Não deve ser um trabalho fácil. Mas é tarefa de extrema importância para o desenvolvimento da economia brasileira.

Nenhum comentário: