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15 de março de 2012

A China é mais capitalista que os EUA? Peter Schiff was wrong this time.


Schiff aceitou o debate, mas sabia que tinha entrado para perder.

É verdade que os EUA tem caminhado em direção ao capitalismo de estado, e a China saiu do comunismo para o capitalismo de estado. Mas a distância entre os dois ainda é muito grande.

É claro que em muitas coisas na China seria impossível ou impraticável copiar os modelos do estado social do ocidente. Eles não tem como implementar um esquema de pirâmide que distribua benefícios, por exemplo. Quebraria muito rápido. Eles estão muito mais restritos pelas realidades econômicas do que os EUA.

Eles não tem como coordenar a concessão de benefícios para a população imigrante, e qual província pagaria por isso, então tem uma situação em que as pessoas precisam economizar para prover para o futuro - o que contrói uma base de capital, onde certamente Schiff tem razão, porque sem capital não há como falar em capitalismo. E o primeiro problema é definir o que se entende por capitalismo, coisa que apenas o Schiff teve base para fazer.

Só que alguém com mais conhecimento prático da China, como Minxin Pei, pode facilmente citar dezenas de coisas que acontecem na China que não tem nada a ver com capitalismo, a mais gritante sendo a falta da segurança jurídica, com um estado autoritário que toma o lado de quem tem os melhores contatos, coisa que não aconteceria jamais nos EUA com o mesmo nível de descaramento. Os EUA caminha para um vasto controle estatal do sistema financeiro e parte da indústria? Bem, é exatamente esta a situação na China HOJE.

Poderia ser um de nós a argumentar como ele que, não, o Brasil não é mais capitalista que os EUA, apesar das mudanças relativas, e apesar de realmente ter um quesito ou outro onde temos mais capitalismo.

E chegamos a uma situação hoje de desgaste deste sistema, onde com um passo a mais em direção ao capitalismo poderia se enfraquecer demais a autoridade do governo chinês. Depois da crise mundial vimos uma reversão também na China.

Por outro lado, como observou bem Ian Bremmer, se é verdade que os EUA tem mudado seu modelo em direção ao capitalismo de estado, também teriam algumas dificuldade para se adaptar neste sistema, porque não está na estrutura do estado americano um número de instituições que conhecemos bem, que servem para controlar as coisas de cima para baixo. Obama tem controlado o que pode através do FED e de outras maneiras indiretas. Imagine o quanto ele gostaria de ter uma Petrobras ou um BNDES na mao. Mas para a sorte dos americanos, eles ainda não tem.

Talvez no final das contas nos EUA eles fiquem mesmo brigando entre si e jamais entrem em um consenso necessário para se tornarem ainda mais estatistas do que já tem acontecido nos últimos anos, como vimos no debate sobre a dívida.

E aí vem o lado humorístico do debate : para Orville Schell, sentado ao lado do Schiff, esta indecisão americana é que é a verdadeira desgraça, e o fato de ter que lidar com uma bancada religiosa do meio-oeste. Ele na verdade é admirador da tecnocracia e da visão homogênea e de longo prazo do estado forte chinês, que, na cabeça dele, é o que significa capitalismo. É a visão do intelectual americano, que provavelmente acredita em decisões tomadas pela junta do partido comunista bem mais do que os chineses.

9 de março de 2011

A falível locomotiva chinesa

Esta é mais uma notícia pessimista da série 'notícias que você jamais vai ler no Brasil'.

Uma das razões para o aquecimento da economia brasileira nos últimos anos é a fome chinesa por commodities. Isso todos sabemos. Para construir, precisam de aço. Para o aço, precisam do minério de ferro, e para isso precisam da Vale e das australianas.

O que a nossa imprensa econômica não enfatiza é que a exemplo de várias outras nações após o estouro da crise econômica, a China entrou em um vasto programa de estímulo na área de construção, com o governo mandando os bancos estatais emprestarem bilhões para os mais diversos projetos de habitação e infra-estrutura. Ao mesmo tempo eles estão tendo problemas de super-aquecimento da economia, de inflação, de explosão do crédito imobiliário, problemas estes bastante familiares com os nossos.

Até se lê um pouco sobre os programas de habitação chineses na imprensa nacional. Sabemos que o governo chinês vem restringindo o crédito. Mas sobre o incomparável programa de construção de linhas de trem de alta-velocidade ainda não havia lido nada.

Precisei de um programa do Discovery Channel, elogiando a alta-tecnologia e eficiência do novo sistema, de um feriado de carnaval e do meu desconfiômetro para analisar a experiência chinesa em infra-estrutura, programas de estímulo, e o caminho mais certo para eles se perderem em seu próprio colapso bancário, inteiramente made in China, com sua tradição bem comunista de comando unificado da economia e controle de bancos estatais, enterrando bilhões em cidades-fantasma e projetos ao agrado dos burocratas do partido.

Muitos ocidentais acham que a China é infalível. Alguns acham que eles inventaram um novo sistema. O ocidente já perdeu a superioridade moral, tecnológica e financeira em parte e ao menos simbolicamente. E o esporte favorito do agora humilde observador ocidental é se curvar ao modelo chinês, tanto por admiração pelo supostamente bem-sucedido modelo de comando-e-controle quanto pelo mesmo motivo que os europeus se curvavam aos pés dos imperadores da dinastia Ming, para conseguir concessões e favores dos novos imperadores.

Os americanos tem suas agências estatais de fomento à habitação. Os europeus tem seu falido sistema de bem-estar-social. Os brasileiros tem seu INSS e seu BNDES, suas empresas estatais e para-estatais, que cada vez mais engloba todas as restantes. E os chineses tem seus bancos estatais, seus governos locais se endividando até não poder mais e seus programas de estímulo, investindo em novos brinquedinhos, trens de alta-velocidade, provavelmente já entre os mais avançados do planeta.

Se para algumas coisas o processo decisório das democracias deixa a desejar, para outras ela é uma bênção. O projeto do trem-bala no Brasil foi imediatamente atacado pela imprensa e pela oposição, porque, afinal de contas, não tem cabimento construir uma linha que custa 60 milhões por kilômetro para servir de cartaz de propaganda do governo, enquanto nossas estradas e aeroportos precisam de investimento. Os projetos caem no emaranhado da fiscalização do tribunal de contas, permissões ambientais, que se resolvem com a troca de favores e a pressão do governo. Como o nosso país afinal não é tão democrático assim, o projeto eventualmente prossegue. Só que a China é bem menos democrática que o Brasil, e sequer as críticas são toloradas. A coisa lá se resolve em uma canetada e para o bem ou para o mal não há muita discussão possível. E por isso por lá não apenas uma linha foi construída, mas muitas, todas esperando por passageiros.

Só que neste caso em particular a agilidade é pior para eles a longo prazo. Porque estão erguendo a um custo elevado infra-estrutura que não será usada por muitos anos, com o simples propósito de manter a economia a todo vapor, para manter o comando sobre a população, evitando revoluções e o descontentamentos semelhantes aos que eclodem no oriente médio. O autoritário regime chinês provavelmente precisa de uma alta taxa de crescimento apenas para manter o status-quo.

O passageiro das linhas de alta-velocidade deve ter um poder de compra elevado, deve ser um profissional de alto-valor, bem empregado e que tem como pagar o prêmio envolvido no transporte de alta-velocidade. O profissional paga 50 Euros no bilhete porque para ele uma hora a mais faz diferença. Para quem esta diferença não é tão grande, é possível esperar pelo próximo trem e pagar menos. É assim na Europa, que tem uma grande parte da população com renda suficiente para pagar esse preço extra, logo há um número de empresas de trens de alta-velocidade.

Não é assim no Brasil, e muito menos na China. A expansão de uma rede de trens de alta-velocidade é um destes projetos que jamais foi realizado no intuito de realmente dar lucro e ser sustentável, e sim com o intuito de deslumbrar a população, proporcionar contratos para empresas chinesas, muitas oportunidades de corrupção e de negócios. No final quem vai ficar com a conta são os governos locais da China, que vão dar o calote nos bancos estatais, e, no final, como sempre acontece, o governo de Beijing que aparentemente não tinha nada a ver com isso vai precisar usar seus muitos bilhões de reservas para resolver uma enorme crise financeira interna, inteiramente made-in-China.

No médio prazo a locomotiva chinesa continua forte, puxando a demanda por commodities no rastro de programas estatais de estímulo à economia. Mas este e outros desequilíbrios vão continuar aumentando, até a locomotiva chinesa começar a descarrilhar.

Ao menos eles possuem recursos o suficiente para um resgate de seus bancos. Acredito que ao longo prazo tendem a se consolidar na liderança global. Mas também terão seus tropeços, e ao cair mandarão grandes ondas de choque tanto para os países produtores de commodities como para os EUA, cujos títulos formam a base das resevas chineses.

http://en.wikipedia.org/wiki/High-speed_rail_in_China

14 de outubro de 2010

Aumentam importações americanas da China

Em pleno processo de desvalorização do dólar, a balança comercial americana com a China cada vez mais negativa.

Eu penso que as autoridades americanas sabem que ao desvalorizar o dólar não há como criar empregos nos EUA, porque a economia dos dois países é bastante diferente.

Mas eu acredito que eles pretendam duas coisas: em primeiro lugar, desvalorizando o dólar eles desvalorizam a dívida americana. O Fed já é o maior detentor de títulos do tesouro americano. Sim, a isto se chama monetização da dívida. Por isso não há crise fiscal como na Europa, e há sempre um comprador garantido a juros zero para o governo americano: o Fed.

O outro grande motivo, vendo estes números alarmantes da balança comercial, parece ser uma tentativa desesperada de interromper este processo.

O que tudo isso mascara, na verdade, é a falta de competitividade da economia americana. Tirando algumas empresas estelares como as de tecnologia, sobra uma economia bem menos competitiva do que Coréia do Sul, Japão e Alemanha.

Estes, by the way, acumulam saldos no comércio com a China. Então vejam que nem tudo nos EUA é culpa do Yuan desvalorizado.

Hoje uma das maiores exportações dos EUA para a China é lixo para reciclagem. A maior parte provenientes do final da vida de produtos que vieram da China. Isto indica o tamanho da distorção comercial entre os dois países, que certamente existe, mas não parece ser tão fácil de resolver com passes de mágica monetários.

Mas uma coisa que pode acontecer com essa desvalorização é o aumento das exportações agrícolas. A China passou a ser um grande importador de grãos, com a melhora da nutrição da população chinesa e sua maior demanda por carne. Embora não tenham tido muito incentivo para repetir a revolução de décadas anteriores, os EUA ainda são uma potência agrícola. Vendo nos gráficos do desemprego americanos até 2009 vemos que os estados do meio não foram tão afetados quanto costa leste e oeste.

No mais, tomei conhecimento de um desdobramento positivo da crise na Europa nesta área de alimentação: está praticamente terminada a era do 'buy organic', que passou a ser visto como sinônimo de caro.

Lembro quando morava lá em Dublin e via nas prateleiras do Marks and Spencer (supermercado caro) embalagens quase dizendo coisas do tipo: "organically produced by monks in Tibet using socially responsible techniques with zero carbon footprint and carbon-offset-airshipped into Europe". Quanta frescura...

Fenômeno mais de comportamento do que alimentar, o que agora está na moda é encher a barriga por menos mantendo a mesma qualidade, e mostrar austeridade.

11 de outubro de 2010

Cortejando mercados e ajudando governos ao mesmo tempo

Sabia que a China apoiava o mercado de títulos europeus, mas não tinha ainda ligado as coisas e observado pelo ponto de vista Chinês.

A Europa, ao contrário dos EUA, está seguindo o caminho difícil na crise, fazendo ajustes fiscais e torcendo para que reformas estruturais ajudem no médio prazo. No curto prazo sabemos que, com QE ou sem, não há solução. O euro tem se valorizado porque o ECB, ao menos por enquanto, não está caindo de cabeça na solução mágica de imprimir dinheiro para desvalorizar a própria moeda e ver se a crise vai embora.

Porque diferente dos EUA a Europa tem a crise do Euro, a crise fiscal, e não é louca de entrar em QE porque realizar um calote desses sem muita consequência imediata só mesmo quem controla a moeda de reserva - o dólar.

É neste contexto que a China apóia a Europa, e se dispõe a entrar com o que falta no momento por lá: dinheiro vivo para comprar títulos dos governos europeus. Eles querem outro mercado forte e maduro para levar o mesmo esquema que operavam com os EUA: vocês recebem nossos produtos e nos pagam com títulos da dívida pública.

Aparentemente o que pode ser um arranjo ruim para os EUA pode não ser tão inconveniente assim no atual momento Europeu. Porque o maior problema por lá é o fiscal, e não o das exportações.

A jaguatirica também quer encarar o tigre

Alguns comentaristas na imprensa vem pedindo apoio às sanções contra a China. É bastante evidente o interesse do exportador industrial ao se unir nesta campanha contra as intervenções chinesas. Mas é um erro brigar com cachorro-ou felino- grande sem ter porque.

Senão vejamos. Qual é o jogo que a China vem jogando nas últimas décadas?

Subsidiar o consumo dos consumidores americanos e europeus, exportando para estas zonas mais do que importa, turbinando seu processo de industrialização voltada à exportação e acumulando um balanço positivo ano após ano. Nada diferente do 'modelo asiático' que por anos foi a base do crescimento do Japão e da Coréia, com forte intervencionismo estatal, mas com empresas e conglomerados privados, e consumidores estrangeiros fazendo a seleção de mercado, para não cair naquele protecionismo de mercado interno sem competitividade que conhecemos tão bem.

Como sob este modelo há balanço comercial positivo, o Yuan se valorizaria naturalmente. Aí entra a manipulação do governo Chinês, que enxuga os dólares que entram na China, evitando esta desvalorização, dificultando a vida do chinês e ao mesmo tempo formando uma imensa reserva de títulos do governo americano. Exatamente como foi feito por muito tempo aqui no Brasil. Só que os fluxos positivos deles são enormes, e a reserva, a primeira ou segunda maior do mundo.

Isto cria enorme demanda por títulos americanos, o que abaixa as taxas de juros nos EUA, já com viés de baixa pela simples entrada de produtos baratos.

Resultado: A China manda produtos para eles e recebe títulos da dívida dos governos de volta. Um modelo paradoxal onde o governo do país pobre em desenvolvimento privilegia a indústria exportadora às custas de encarecer o nível de vida de sua própria população, que trabalha extra e acumula poupanças forçadas que financiam os projetos e o estilo de vida mais avançados dos países mais ricos.

Tudo estava bom e ninguém reclamava tanto antes da crise. Porque todos gostam de produtos baratos e juros baixos, certo? Todos estes containeres de produtos vão parar em 'Walmarts' e subsidiam a vida dos americanos, especialmente os mais pobres. O Fed cumpre cegamente seu papel no sistema monetário, que é evitar que haja queda de preços, e com isso dá-lhe botar os juros perto de zero e criar crédito no sistema bancário.

Só que no atual nível de desenvolvimento dos EUA e Europa, estes juros baixos distorceram fortemente a economia. Isto sempre acontece, mas no caso deles a distorção foi gigante. E causou mudanças de comportamento econômico bastante grandes, e em geral negativas. Sem investimentos viáveis que possam trazer um retorno, os bancos usaram estes juros baixos para financiar bolha atrás de bolha, e comportamentos irresponsáveis e de alto-risco.

Não é de se admirar que algumas gerações deixaram de lado profissões mais técnicas para fazer carreira em algum setor bolha. Ou que muitos passassem a viver como proprietário de imóveis, na ciranda de compra-vende e embolsando sempre uma diferença positiva.

O sistema monetário moderno funciona assim, e, sem querer me aprofundar neste tema, a razão da crise está em problemas técnicos deste sistema, que é um sistema inventado. É um sistema que funciona no médio prazo, por uns 30-50 anos. Mas não é um sistema robusto para durar 100 anos. O sistema monetário natural do mundo sempre foi o uso de commodities metálicas como ouro e prata.

Para finalizar, há um país na América do Sul que não possui poupanças, que possui taxas de juros altas como consequência disso, e que tem grandes oportunidades de investimento que não podem ser todas atendidas graças à escassez de poupança. Este país é uma potência no setor de commodities minerais e agrícolas, e tem alguns dos produtos mais desejados pela China, como alimentos, minério e energia.

O papel dos EUA como parceiro comercial brasileiro ainda é importante, mas deve continuar em declínio graças à crise. Enquanto o papel da China só tende a crescer.

Em uma situação dessas falar em 'usar arsenal monetário do Brasil contra China' é, fazendo trocadilho, dar um verdadeiro tiro no pé.

O grande medo é do Brasil se aproximar da China e ficar preso no papel de fornecedor de matéria-prima. Não acredito que seja o caso, principalmente se resolvermos nossos próprios problemas.

E tem um motivo importante pelo qual o Brasil fica na exportação básica. Porque é difícil de importar componentes, agregar valor e reexportar. É um modelo alienígena para o industrial brasileiro, conclamado a nacionalizar toda a cadeira, e acostumado a reinventar a roda, localizar componentes já aqui no Brasil, e vender produtos mais-ou-menos para o mercado local. Isso quando já não aderiram ao novo modelo de 'nacionalizar' os produtos chineses mais defasados colocando um selinho em cima.

Este modelo de importar o melhor e mais barato e agregar valor é exatamente no que os chineses se especializaram, e podíamos fazer o mesmo por aqui. Se observarmos dados industriais, veremos que a China importa muitos componentes do Japão, Malásia, Coréia. Porque este modelo é o que funciona para a indústria moderna.

Portanto acredito que devíamos nos aproximar da China, e não entrar nessa briga desnecessariamente.

Um primeiro passo seria apoiar o comércio com a China em Yuan e Reais, compra de títulos brasileiros pelo governo da China, pacto de livre-comércio, com a entrada de componentes baratos para que a nossa indústria, cujo desmoronamento parece inevitável, possa se reconstruir sob um novo sistema de produção mais moderno, voltado ao mercado externo e com foco em adicionar valor sobre componentes comoditizados.

9 de outubro de 2010

Estão cutucando o tigre com a vara curta

Vou deixar um palpite aqui que causaria muito, muito mais pânico do que a interferência do governo da China em sua moeda, que realmente existe.

Já pensaram o que aconteceria se as relações comerciais da China com os EUA esfriarem bastante por causa de barreiras comerciais? Digamos uns 5-10 anos lá pra frente. Aí eles não vão ter qualquer incentivo para comprar ou manter sua posição em títulos americanos. Eles já tem comprado outros ativos no mundo todo nos últimos anos, com grande preferência por ativos tangíveis.

Só que eles vão ter que converter rápido 2 tri $ de títulos americanos em outros ativos, principalmente ativos reais, para não levarem um calote americano ou dos outros que vão de embalo atrás da desvalorização. Estou projetando este cenário de beggar-thy-neighbour e de conflito entre os bancos centrais e os governos para uns anos na frente.

Aí imaginem a indignação americana ao ver a américa sendo comprada pelo governo da China, e o repeteco piorado da mesma coisa que aconteceu nos anos 80 com investidores japoneses comprando grandes marcas americanas.
Imaginem que os títulos americanos hoje são em grande parte lastreados por propriedades imobiliárias. Será que quem tem grande parte destes títulos não pode querer trocar pelo colateral sob risco de desvalorização?

Imaginem que políticos americanos façam qualquer coisa que impeça o governo da China de trocar títulos americanos em queda por ativos reais americanos. Imaginem que os outros sigam o exemplo americano, e coloquem legislações como as que vemos no Brasil, que limitem a venda de ativos para estrangeiros, ou até a total proibição.

A China é uma potência militar e econômica, e tudo indica que será mais ainda uma década lá na frente. E todas as vezes na história que uma potência econômica viu seus direitos de propriedade questionados houve tensão militar e geopolítica.

Imaginem os países ao redor da China como Coréia do Sul, Japão, Austrália, sem o poder americano para protegê-los e com um vizinho agressivo ao ver suas reservas de décadas se desvalorizando, uma situação doméstica precária causada pela perda de mercados e de reservas, e um boicote mundial à compra de ativos feita pela China.