31 de agosto de 2010

Encontro "In"formal Liberal

Ontem, os blogueiros do Trilha Liberal fizeram um encontro diferente do anteriores. Dessa vez deixamos de lado os encontros no café da livraria Saraiva, do Shopping Iguatemi, de Florianópolis e realizamos o encontro em minha casa. Os assuntos continuaram sendo os mesmos (Políticas, Economia, Liberalismo) porém dessa vez o antigo integrante, Giovani MacDonald, de volta à Florianópolis e agora produtor de cerveja artesanal, nos brindou com suas "safras". Foram 9 garrafas degustadas de 4 tipos de cerveja. Destaque para a cerveja feita com casca de laranja e coentro e a cerveja preta extra-forte.
Portanto, os blogueiros decidiram que todas as reuniões serão aqui em casa, por que sera?
Detalhe para a presença ilustre na mesa do Human Action do Mises. Na mesa, no sentido horário, iniciando pelo Mestre Cervejeiro, Giovani MacDonald de azul, Victor (moleton cinza) eu (Andrey), e por fim Juliano.

O milagre do Cerrado

A Economist publicou uma análise muito positiva sobre o avanço da fronteira agrícola no cerrado brasileiro.

29 de agosto de 2010

Reaprender a romper a mordaça

MAURO CHAVES
Há uma perspectivaque todos aqueles para os quais a liberdade de expressão é algo fundamental – à profissão, à realização e à vida – não podem mais fingir que desconhecem. As nuvens cinzentas da repressão censória, vindas de diletos hermanos
latino-americanos – como a Venezuela, a Argentina e a Bolívia –, já se acumulam nas fronteiras brasileiras e estão prestes a submeter o pensamento nacional ao que funcionários governamentais, representantes sindicais ou burocratas ideólogo-
partidários digam ser propício ou não à divulgação pública.
É claro que as tentativas ou medidas já concretizadas de cerceamento da independência e da liberdade dos veículos de comunicação têm sido degraus diversos de sutileza (ou de truculência) e sob pretextos (ou disfarces) variados. Na Venezuela, Hugo Chávez retirou do ar, juntamente com mais cinco emissoras de TV a cabo, a tradicional (de 54 anos) Rádio Caracas Televisão(RCTV), por esta ter desobedecido à ordem de transmitir em cadeia um discurso presidencial.
Antes a ditadura Chávez já retirar ao sinal aberto dessa emissora, que nunca se enquadrou nos padrões de comunicação exigidos pela “República Bolivariana”.
Na Argentina, o casal presidencial Kirchner tem-se utilizado de vários meios–
começando pela “Lei da Mídia”, julgada inconstitucional – para cercear veículos de comunicação que não lhe são submissos, tendo como seu alvo preferencial o Grupo
Clarín, cuja independência editorial incomoda mais os intolerantes Cristina e Néstor. Depois de ter submetido o grupo a uma violenta devassa fiscal, realizada
por 200 agentes da Receita na sede das empresas e na residência de seus diretores, e depois de ter “produzido” um boicote de caminhoneiros para impedir a circulação do jornal, o governo Kirchner resolveu atacar o grupo por meio do controle restritivo da produção de papel-jornal, cujo principal fabricante (Papel Prensa) tem no Clarín
o maior acionista.
Na Bolívia, em meio a diversas formas de censura e boicote impostas à imprensa, logo que foi reeleito o presidente Evo Morales disse em alto e bom som: “Estamos discutindo um modo de fazer com que os meios de comunicação não mintam.” Veja-
se a semelhança de visão, mostrada por essas palavras, com a que demonstrou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em discurso durante a recente inauguração de um canal de televisão do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, quando disse que a nova emissora impedirá que os trabalhadores “continuem impedidos de exercer a liberdade
de expressão” e que “o brasileiro sabe distinguir o que é informação e o que é distorção dos fatos”. Certamente essa visão está contida em todos os projetos– aos quais a sociedade brasileira até agora tem resistido – de imposição de um chamado
“controle social da mídia”.
Na verdade, não tem faltado ao governo Lula a capacidade de inventar mecanismos variados de cerceamento da liberdade de expressão, embutindo-os em programas e projetos com disfarces de maior abrangência. Só para mencionar alguns dos mais recentes: o novo Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) – que estabeleceu uma
classificação dos veículos (inclusive para efeitos de recebimento de publicidade oficial) segundo a avaliação, de comissões “oficiais”, do entendimento que tenham
sobre direitos humanos; a 1.ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom),da qual
saíram vários projetos, em tramitação no Congresso Nacional, sobre condições de concessão de canais de rádio e televisão, de sua renovação, de limites e restrições
impostos à veiculação de publicidade e pontos que envolvem o modus faciendi da comunicação no País, deixando mais camuflada ou ostensiva a intenção de manipular a opinião pública, tal como o fez o Partido Revolucionário Institucional (PRI), que assim governou o México durante 71 anos ininterruptos (de 1929 a 2000).
Segundo o Instituto Palavra Aberta, entidade recém-criada, cujas metas são a defesa da liberdade de expressão, da livre-iniciativa e da própria democracia, existem em tramitação na Câmara dos Deputados e no Senado Federal nada menos que 200 projetos
restritivos à veiculação publicitária – e não há dúvida de que esse tolhimento é uma das formas de enfraquecimento da sustentabilidade econômico-financeira dos veículos de comunicação.
Por tudo isso, as ameaças que pesam sobre a liberdade de expressão, no Brasil, estão próximas demais para dispensarem um novo preparo, uma reciclagem, um reaprendizado de resistência, já que a esta estamos desacostumados desde o fim da ditadura militar.
É preciso reaprendermos a romper amordaça. No tempo da censura militar usávamos estratagemas para burlar o arrocho à circulação do pensamento. Sabe-se de Os Lusíadas
no Estadão, das receitas absurdas no Jornal da Tarde, mas nem todos sabem como no
teatro se enganava os censores.
Antes de qualquer peça estrear, havia uma sessão para que o censor aaprovasse. Ele ia com o texto da peça e uma lanterninha para ver se os atores estavam dizendo o que estava escrito. Só que, propositalmente, os atores diziam suas falas com relaxamento
total, enxugando-as de qualquer interpretação ou insinuação crítica. Houve um censor
que, na avaliação, achou uma comédia sem graça e sem sentido, mas depois da estreia, voltando a vê-la com a família (e vendo as gargalhadas do público) tentou, irritado, interditá-la (era uma peça minha).
Convém nos prepararmos para o que deve vir por aí. Assim, já precisamos praticar nossos treinamentos metafóricos e voltar a criar estratagemas para romper a mordaça. Mas não seremos tão pacientes quanto os mexicanos, pois já amadurecemos demais para suportar um regime de censura, mesmo enfeitado pela fantasia mais exuberante de democracia.
✽JORNALISTA, ADVOGADO, ESCRITOR, ADMINISTRADOR DE EMPRESAS E PINTOR. E - MAIL:
MAURO.CHAVES@ATTGLOBAL.NET

28 de agosto de 2010

Sócios de jornal no RS têm contas bancárias bloqueadas

A Justiça autorizou o bloqueio online das contas bancárias dos sócios do jornal Já, Elmar Bones e Kenny Braga. A decisão se refere a uma solicitação de indenização contra a publicação feita por Teresa Rigotto, mãe do ex-governador gaúcho Germano Rigotto. Ela solicita reparo por danos morais, devido uma matéria produzida pelo quinzenal em 2001.
Com o objetivo de garantir a indenização à Teresa, o juiz Roberto Carvalho Fraga, da 15ª Vara Cível de Porto Alegre, autorizou o bloqueio. A matéria do Já, que é citada no processo, se referia a participação de Lindomar Rigotto, irmão de Germano, em um esquema de fraude à Companhia Estadual de Energia Elétrica, em 1987. Lindomar foi assassinado em 2000, na cidade de Capão Canoa, interior do Rio Grande do Sul.
De acordo com Bones, a decisão judicial em bloquear as duas contas não é o problema. Segundo ele, a circulação do Já está sendo prejudicada pelas "implicações públicas do processo", que fez o jornal perder anunciantes.
“A nossa versão que circula em todo o estado está suspensa desde maio. Agora só circula a edição dos bairros", informa Bones, que irá solicitar a impugnação do processo.
O advogado Dickson Pereira, do escritório Scalzilli, que responde por Teresa no processo, afirma que nunca houve perseguição contra o jornal e diz não existir a intenção de prejudicar o Já. Ele diz que está cobrando da publicação apenas R$ 7 mil, valor dos honorários.
"Abrimos mão de cobrar a indenização, até porque temos conhecimento da dificuldade financeira que o jornal está enfrentando", afirma Pereira.

Comento: A mais nova modalidade de cerceamento da liberdade de expressão: pedido de indenização da vó do corrupto, inviabilizando o único jornal que teve coragem de fazer jornalismo. Enquanto no EUA o watergate dá prêmio, aqui o rigttogate gera inviabilidade econômica.

26 de agosto de 2010

Câmara aumenta gasto em R$ 2,5 mi com reajuste do auxílio alimentação de servidores

Sem alarde, a Câmara dos Deputados aumentou durante o recesso o valor do auxílio alimentação pago a todos os servidores da Casa, uma medida que irá custar este ano R$ 2,5 milhões aos cofres públicos. O reajuste foi autorizado no último dia 6 de agosto e vai beneficiar 15 mil servidores. O auxílio passou de R$ 638,00 para R$ 670,00.

Comento: Os funcionários públicos são os maiores sanguessugas do Brasil. Para acabar com isso, uma boa ideia, é privatizar o funcionamento administrativo da Câmara. Quem vai pagar a conta são os partidos. Com certeza, demitiriam todos os funcionários, e parariam com essa avalanche de benefícios.

24 de agosto de 2010

Criação de vagas públicas cresceu 300%

É a manchete do jornal Valor de hoje. "A três esferas no Brasil contrataram 454 mil pessoas no ano passado, 301% a mais que as 112 mil de 2008.
Em Roraima, em uma ano, total de servidores nas três esferas cresceu 100%. Até janeiro de 2009, havia 19,8 mil funcionários. Em 2009, foram contratados 20,1 mil novos funcionários, elevando o estoque de funcionários para 40 mil. Os funcionários públicos representam 13,4% da força de trabalho no estado, onde não há indústria, e a produção de arroz foi para o ralo com a demarcação da Raposa Serra do Sol.

Comento: Na futura República Sindical Bolivariana do Brasil, a desigualdade social só vai aumentar. A culpa, claro, será sempre dos EUA, da burguesia, dos bancos, dos empresários, da elite, dos brancos. Mas os principais fatores serão a corrupção (que só aumentou com o PT+PMDB, e vai continuar aumentando) e um serviço público inchado, sanguessuga do Estado, cheio de privilégios e faminto por novas reivindicações.

Cristina anunciará novas medidas contra ‘Clarín’ e ‘La Nación’

A presidente argentina, Cristina Kirchner, anunciará hoje uma nova ofensiva na justiça contra os jornais Clarín e La Nación, para remover destas empresas sua participação na Papel Prensa, a principal fábrica de papel de jornal do país.
(...)
Paralelamente, além da área de papel,o governo também pretende retirar o Grupo Clarín do setor da internet. Alejandro Aguirre,presidente da SIP, declarou que o governo Kirchner “está buscando um meio de controlar os meios de comunicação independentes do país”.
Comento: No Brasil o caminho para restringir a liberdade de expressão será diferente. Aqui as empresas de comunicação sucumbirão aos novos jornais ligados a grandes grupos empresariais, como as telefônicas, associadas às empresas "sócias" do BNDES. Outras, como a Folha, serão sócias nos negócios realizados com o governo. Por fim, as pequenas empresas já são chapas-brancas, dependentes dos anúncios do governo e das estatais. Por fim, serão criados "conselhos populares" para enquadrar o que for publicado a favor do interesse de pequenos grupos grudados no teta do Estado Bolivariano Sindical Brasileiro.

Lula restringe investimentos estrangeiros no campo

Atendendo à pressão do 'empresariado nacional', i.e. aquela dúzia de empresários de sobrenomes de origem estrangeira estabelecidos há muito tempo no Brasil, o presidente Lula assinou parecer da AGU baseado em lei do governo Médici que limita a compra de terras por estrangeiros. Em um momento em que o país precisa atrair investimentos e em que a China possui poupança de sobra para investir, este tema valeria no mínimo um debate aprofundado.

Mas para quê debate? Os empresários amigos do poder e seu soberano já decidiram. Então o Brasil decidiu.

http://www.valoronline.com.br/?impresso/caderno_a/83/6450659/uniao-limita-compra-de-terras-por-estrangeiros&scrollX=0&scrollY=276&tamFonte=

23 de agosto de 2010

Armínio Fraga dá sua visão sobre os dilemas do BNDES

Ele enfatiza que os grandes financiadores de dívida de longo prazo por natureza devem ser os grandes fundos de pensão privadas. Porque há um casamento perfeito entre ativos e passivos de longo prazo.

Só que isto envolve fazer o que deveríamos ter feito: reforma da previdência, antes que a pirâmide fique maior ainda. O setor de pensões complementares ainda é pequeno. O modelo já foi implementado em vários países. Os dois sistemas vão ter que conviver por umas décadas, e esta conta vai continuar pesando no tesouro.

Ele também vê grande semelhança entre a estratégia desenvolvimentista atual e a do governo Geisel. Meia dúzia de empresas grandes recebendo crédito subsidiado. E completa provocando: qual é o benefício social de um modelo como esses? Quantas destas empresas se firmaram? Essa concentração de recursos não aumenta ainda mais as desigualdades econômicas?

E faz também a ótima sugestão de tirar o controle dessa grana toda da mão do CODEFAT - órgão controlado por sindicalistas e pelo governo - e colocar no orçamento público, onde melhor pode ser avaliado o trade-off entre tirar verba da educação e saúde para subsidiar determinadas áreas industriais ou empresas.

A existência destas contas-satélites do estado brasileiro, mas sem o mesmo controle público que existe no orçamento, é um problema sério - e faz a alegria dos nossos políticos.

http://www.valoronline.com.br/?impresso/brasil/89/6447171/pais-deve-ser-menos-dependente-do-bndes,--propoe-arminio-fraga&utm_source=newsletter&utm_medium=manha_23082010&utm_campaign=informativo

20 de agosto de 2010

Lei eleitoral proíbe piadas com candidatos

A nossa autoritária lei eleitoral, cheia de podes e não-podes relacionados às campanhas eleitorais, decidiu agora aplicar uma regra que proíbe os humoristas de fazerem piadas com os candidatos em programas humorísticos. Porque esta preocupação? Porque o humor destrói a lavagem cerebral que os candidatos fazem em seus programas eleitorais, e isto para eles é intolerável. Porque as piadas sempre foram válvula de escape para mostrar que o discurso oficial, embora aparentemente aceito por todos, na esfera privada era motivo de piada. Por isso tiranos e autoritários sempre foram inimigos do humor político.

Mas uma mostra inaceitável de autoritarismo no nosso país. E como sempre, os mais excitados são os cães-de-guarda, os talibans da esquerda brasileira, que aplaudem qualquer movimento nesta direção. Já não há espaço para 'O Pasquim', com seus colaboradores mais comunistas recompensados pela resistência ao regime militar com dinheiro público. Onde estão estes safados agora? Agora que a esquerda está no poder, não há mais motivo para piada. Eles exigem respeito.

http://www1.folha.uol.com.br/poder/785005-humoristas-organizam-protesto-contra-proibicao-de-abordar-candidatos.shtml

E o que o TSE não faz, é retirar candidaturas de candidatos-piada. Temos aí vídeos na internet mostrando o que há de pior (ou melhor, dependendo do ponto-de-vista) no humor involuntário dos candidatos-piada da nossa patética campanha eleitoral.

18 de agosto de 2010

Exemplo de uso dos fundos de pensão

http://www.valoronline.com.br/?impresso/investimentos/91/6440334/belo-monte-deixa-previ-em-encruzilhada&utm_source=newsletter&utm_medium=tarde_18082010&utm_campaign=informativo

Ainda há vida inteligente no IPEA

Descobri o site do Mansueto Almeida, técnico do IPEA que está travando uma verdadeira cruzada para que o BNDES deixe de ser a caixa-preta que é, e que deixe de ser tratado como uma varinha mágica que não incorre em custos para o país e nem em riscos. Obviamente que implica em custos, riscos, e restringe as escolhas do país de várias maneiras.

Seus artigos são claros, bem escritos, e tentam fugir do confrontamento que às vezes leva os dois lados a adotar posições ideológicas opostas mesmo concordando no essencial.

12 de agosto de 2010

Riscos do negócio: véspera de eleição e gasolina subsidiada

A Petrobrás tem uma necessidade de capital enorme que está sendo satisfeita por maracutaias governamentais, com um decorrente aumento das pressões inflacionárias e do controle estatal sobre a empresa de petróleo, como acontece na Venezuela, com a crescente intromissão política nos negócios do petróleo.

E vale o contrário: os negócios da empresa se misturam com a política. Depois do desastre na BP do México, o risco subiu, e o governo criou uma seguradora estatal sabe-se lá com quais intenções. O mais previsível seria dizer que esta iniciativa busca esconder do mercado o risco desta e de outras grandes operações, tendo o estado como seu garantidor, através desta 'empresa'.

Afinal, os seguros hipotecários não acabaram na mão do governo nos EUA? Há uma onda de estatização desencadeada pela crise. A oportunidade estava no ar e o PT aproveitou.

Acompanham com grande apreensão, obviamente, o segundo round da brincadeira onde o estado quebra como consequência de ter assumido todos estes riscos. Estado não é feito para isso. Eles ganham o deles limpinho, quando as empresas e os indivíduos pagam impostos. Mas o nosso estado adora uma mesa de apostas. Toma as fichas dos investidores e, financiados por todos nós que vamos pagar esta conta no futuro, entra botando pra quebrar.

Agora vem a pergunta sobre a Petrobrás. O que aconteceu com o preço da gasolina? O barril sobe, e a gasolina não sobe. O barril cai, e a gasolina não fica mais barata. Porque?

Tudo depende de uma análise política de preço que decerto envolve a proximidade das eleições, a necessidade da Petrobras transferir recursos para o governo ou o interesse do governo em transferir recursos para a Petrobras, aumentando sua participação.

Toda esta movimentação política não passou desapercebida dos periódicos financeiros. Com a interferência política o valor da empresa tem caído bastante nos últimos meses, e agora o lucro ficou abaixo do esperado, perdendo entre as empresas de petróleo apenas para a BP, que teve suas finanças abaladas pelo desastre no Golfo do México.

E não se surpreendam se depois das eleições o governo reverta este subsídio e coloque a empresa para fazer caixa. Parece que foi em outro século que vimos a plataforma da Petrobrás afundando no mar. Hoje predomina o ufanismo irresponsável, que é o que interessa ao partido no poder. Estas críticas especializadas são recebidas de maneira infantil pelos militantes do petismo, como se não passassem de um esforço de estrangeiros de denegrir a pátria, e por aí vai.

Está em alta a arrogância do estatismo petista em achar que todos os planos vão sempre funcionar. E aqueles que apontarem problemas serão acusados de golpistas e traidores da pátria. Porque, afinal, nosso presidente é o sabe-tudo, e tem como apoio a famosa margem de manobra de 80%, que também sabe tudo sobre finanças e economia.

Deveríamos logo adotar aquele lema do plano cruzado, 'Tem que dar certo'. Porque se não der... este país vai pagar uma conta bem cara.

http://noir.bloomberg.com/apps/news?pid=20601086&sid=aRPb_Ig_dG8A

http://www.ft.com/cms/s/0/e9520e2c-a57b-11df-a5b7-00144feabdc0.html

10 de agosto de 2010

O coração do sistema

Saúde? Educação? Segurança pública? Claro que não. O ponto de toda a briga política é ganhar o controle dos assentos privilegiados que permitem que o que Reinaldo Azevedo chama de 'burguesia do capital alheio' tome conta da economia do país.

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/43192/

9 de agosto de 2010

Indústria nacional x juros subsidiados : alguma coisa tem que ceder

A taxa Selic é definida pelo Copom. Tem uma entrada do mercado, porque se fixarem uma meta muito distante do que o mercado está pedindo vão ter que intervir muito fortemente, com injeções muito grandes de dinheiro novo ( ou retiradas massivas de liquidez do sistema ). Esta quantidade de moeda da economia é um dos principais determinantes do poder de compra da moeda.

Se o país abandonasse o protecionismo e abrisse as fronteiras, quebraria as nossas 'abimaqs', mas os preços cairíam tanto que durante anos teríamos uma queda acentuada dos juros. Porque a política do BC nunca deixa os preços caírem. Eles injetam liquidez no sistema para que os preços sempre subam 4% ao ano, que é a meta. Funciona pros dois lados. Quando os preços estão com viés de alta, eles precisam enxugar, que é a situação de praxe.

Mas se o estado brasileiro não cobrasse 50% de imposto para um pobre comprar uma roupa de cama importada da China, este produto teria uma queda de preço vertiginosa. Aí o BC colocaria a taxa de juros lá embaixo, o que financiaria novas atividades econômicas no Brasil alinhadas com esta abertura comercial. Obviamente neste novo mundo o setor industrial brasileiro teria que se adaptar e encontrar seu novo espaço. O Brasil se uniria ao rol de países que se desindustralizaram por causa da competição chinesa, ganhando grande poder de compra, e migrando para commodities e serviços.

Não acredito que vá viver para ver esta mudança. A mentalidade aqui é fortemente protecionista. As entidades patronais falam, e todos abaixam a cabeça. Especialmente os socialistas, herdeiros do poder, que defendem a política de bolsa- empresário porque para eles este arranjo com forte presença estatal é muito mais familiar do que um sistema de mercado. Vamos continuar fingindo que o mundo não existe.

Partilho da preocupação com os altos juros, e com a expansão sem fim da dívida pública. Mas não concordo com apontar um único bode expiatório (bancos malvados). Ora, o governo é o principal responsável por sua crescente dívida interna. Se ele não estivesse sempre tão ávido em se endividar, até, como vimos, para financiar o BNDES, petro-sal e outros projetos, aí os juros cairiam.

Se você pensar, se o BC realmente fosse fazer a vontade dos bancos, levaria as reservas bancárias, chamadas pro aqui pelo confuso nome de 'empréstimo compulsório' para perto de zero. É o que a Febraban vive pedindo. Pense bem: vale mais ao banco operar como na europa e EUA - com reservas quase próximas de zero, e com multiplicadores monetários para 10x, 20x. Ou seja, cada 1000R$ no banco circula e vira 10.000R$.

Vale mais pro banco cobrar 5% ao ano desses 10.000 R$ alavancados em cima de 1000R$ do que cobrar 20% ao ano em cima de 2.000 R$ alavancados em 1000R$.

O resultado disso é o que nós vimos nos últimos dois anos: crédito ultra-barato, bolhas, e no final, corridas bancárias, e o salvamento em tempo recorde do sistema bancário para impedir uma implosão do sistema. O Brasil já passou por tudo isso, e tem hoje um sistema monetário bastante conservador.

6 de agosto de 2010

Commanding Heights

Enquanto na televisão os políticos aprontam um belo discurso oferecendo um pacote de saúde, educação e segurança, nos bastidores se preocupam em disputar o que realmente interessa. Os píncaros do poder mais afastados da contabilidade pública: o controle do dinheiro, da terra, o controle do pensamento e da imprensa, da poupança forçada, dos bancos estatais, dos fundos de pensão, da empresa de petróleo e demais tetas disponíveis. Aí é briga de foice.

Vice-presidente da associação de funcionários do BNDES defende modelo de financiamento via tesouro

Ele defende o modelo de estado grande, faz troça da lei de responsabilidade fiscal, minimiza o efeito da inflação.

É a volta daquela espécie de argumento econômico oportunista que por décadas quebrou o nosso país. Entrevista assustadora. E o pior. Um mero presidente de associação de funcionários visivelmente já está ditando a linha do banco, junto com demais 'companheiros' de 'movimentos sociais', todos subitamente interessados por bancos de desenvolvimentos depois da ascenção lulista. Se o BNDES já é ruim o suficiente do jeito que está, imagine sob o controle dessa turma



“Depois da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), se Keynes estivesse vivo, aqui no Brasil seria preso por malversação de recursos públicos”, ironizou.

http://www.desenvolvimentistas.com.br/circulododesenvolvimento/2008/08/pela-alianca-do-bndes-com-o-tesouro-a-favor-do-crescimento/#more-190

Empresários brasileiros colhem os primeiros dividendos na Venezuela

Bem feito. Foram para lá com olho grande, lucrando com a destruição da economia venezuelana, e querendo agradar ao fiador de Chávez, Lula. Só que o fiador vai dizer que é um problema de soberania e vai cair fora. E Chávez vai tomar todos os investimentos alegando 'proteção do interesse nacional'. Vender para a Venezuela? Só a vista e em dólar. Como o dólar é só para os amigos de Chávez, os demais pegam taxas elevadas no paralelo. Muitos empresários estão aumentando preços ou saindo do país.

Serra denuncia perseguição às APAEs

O debate presidencial de ontem transcorreu sem muitas surpresas, exceção seja feita aos comentários irônicos do comunista linha-dura Plínio Arruda.

Entretanto, José Serra em um dos blocos carregou sua munição e disparou contra Dilma que o governo federal estaria discriminando as APAE's, associações de pais e amigos dos excepcionais.

Fiquei surpreso. Mexer com assunto tão espinhoso não é uma boa idéia para o governo.

Ao averiguar hoje as notícias sobre o tema, vi que na verdade é muito pior.

Há uma verdadeira batalha ideológica ( mais uma ) entre grupos ligados às APAEs, que há anos prestam este importante apoio aos deficientes de forma comprovada, e as entidades favoráveis ao novo sistema segundo o qual os deficientes tem o direito(!) de desfrutarem da rede pública de ensino, da mesma maneira que os outros estudantes.

Que direito seria este, já que a rede de escolas públicas não é nada mais que um depósito de crianças? As crianças normais já não aprendem sequer a ler e escrever. Temos os piores resultados em aritmética. O que alunos que precisam de cuidados especiais teriam a ganhar com este 'direito'? Temos aí a primeira cegueira ideológica. A incapacidade de assumir a desigualdade, e simplesmente ignorá-la. Um aluno com deficiência precisa de uma educação adequada para que consiga justamente suprir sua deficiência. Mas como é bonito ignorar a realidade e falar de inclusão e igualdade, ou dizer que não há deficiência alguma e que tudo não passa de preconceito.

Longe do mundo de faz-de-conta do governo e de entidades a favor da 'igualdade', temos o choque de realidade : a desigualdade de aprendizado, a segregação entre os alunos normais e os alunos com deficiência. O conflito nas salas de aula é inevitável. As crianças são implacáveis. Algumas escolas privadas já tem condições de gerenciar esta nova demanda. Mas o que esperar da rede pública, se nem suas funções mais básicas ela é capaz de prover.

Aí temos a segunda cegueira ideológica. Nos países de língua inglesa e alguns outros, hospitais, bibliotecas, universidades e escolas podem ser abertos ao público, e administrados por entidades independentes. Como acontece no Brasil com hospitais privados ligados ao SUS, ou com universidades privadas ligadas ao ProUNI. Idéias estas muito boas que economizam recursos públicos, formam uma ponte entre o mundo estatal e o mundo privado - que geralmente é o benchmark, e catalizam uma rede de serviços privados já existente.

Exatamente também o caso das APAEs. Mas neste caso, para o governo federal as APAEs não passam de 'escolas privadas' que segregam os deficientes. Estas escolas, que supriram uma lacuna, agora já não servem mais e tem sua verba cortada.

Já é comum no Brasil, por causa dos decretos do governo, a inclusão obrigatória de alunos deficientes em salas de aula comuns, seja da rede pública ou privada. Os professores ou diretores não podem simplesmente falar nada. Nos planos do governo, tudo muito lindo. Na prática, uma verdadeira batalha no dia-a-dia das escolas para os professores conciliarem o aprendizado de crianças normais com as portadoras de deficiência. E, provavelmente, recebendo apoio zero para lidar com a demanda muito maior. Uma criança com Down, por exemplo, tem um retardo mental de leve a moderado. Precisam aprender com técnicas mais lúdicas e que lidem com sua capacidade menor de concentração e reter conhecimentos.

Mas que diferença faz, para um modelo de escola pública baseado em depósitos de crianças, onde ninguém aprende nada e onde outras preocupações políticas e ideológicas se sobrepõem às educacionais? Aí realmente tanto faz. Mas para as escolas e professores sérios no meio dessa bagunça, só fica a sensação de ter sido deixado na frente de batalha sem nenhum auxílio e em uma guerra comandada por loucos.

Fiquei bastante decepcionado ao ver que um tema tão sensível possa ser politizado e polarizado desta forma. Os pais das crianças é que deveriam optar por um sistema ou outro, dependendo do que acharem que funciona melhor. Entidade nenhuma pode se arrogar este direito. Muito menos o governo. Parece uma estupidez tremenda cortar uma rede que já existe em prol de uma nova visão de 'como deveria ser'. Mas a ideologia é assim, não poupa nada.

Referência:

Documento do Ministério da Educação, contrário à educação especial

4 de agosto de 2010

Mais uma intervenção econômica do governo Lula

Frigoríficos vivem fase de concentração radical

Boa parte da consolidação vista até agora foi feita com o apoio do BNDES, que injetou recursos em grandes empresas como JBS e Marfrig
Um ano e meio e dez frigoríficos depois, um quadro de concentração ainda maior se desenha no setor de carne bovina. Especialistas preveem que no médio prazo - cerca de cinco anos - restarão apenas quatro empresas no setor. Num horizonte de mais de dez anos, estimam que sobrarão apenas duas ou três.

Boa parte da consolidação vista até agora foi feita com o apoio do BNDES, que injetou recursos em grandes empresas como JBS e Marfrig. A ação do banco provocou queixas entre as empresas de pequeno e médio portes, que se sentem preteridas diante de um pequeno grupo de escolhidos.

http://www.valoronline.com.br/?impresso/caderno_a/83/6414940/frigorificos-vivem-fase-de-concentracao-radical&utm_source=newsletter&utm_medium=manha_04082010&utm_campaign=informativo

Comento: Em algumas situações de mercado a consolidação acontece naturalmente. Quando um mercado está competitivo demais, quando metade das empresas está jogando a toalha, alguém vai ter que ser absorvido pelo mais lucrativo. Isto temporariamente prejudica o interesse do consumidor, que vai pagar mais caro pelo produto. Diminui a competição, aumenta a cartelização, mas viabiliza a lucratividade deste mercado. Depois de alguns anos, com alguma nova idéia para desafiar as empresas que detém a maior fatia de mercado, novos competidores entram neste mercado, que agora possui retorno acima da média, graças à consolidação.

Isto tudo é bastante diferente quando um banco estatal, usando o critério de claro favorecimento político, decide bancar certos empresários para saírem comprando os competidores menores. Isso é um verdadeiro crime contra o consumidor. É mais uma prova do papel nefasto que este anacrônico banco de desenvolvimento estatal chamado BNDES opera na economia brasileira.