12 de agosto de 2010

Riscos do negócio: véspera de eleição e gasolina subsidiada

A Petrobrás tem uma necessidade de capital enorme que está sendo satisfeita por maracutaias governamentais, com um decorrente aumento das pressões inflacionárias e do controle estatal sobre a empresa de petróleo, como acontece na Venezuela, com a crescente intromissão política nos negócios do petróleo.

E vale o contrário: os negócios da empresa se misturam com a política. Depois do desastre na BP do México, o risco subiu, e o governo criou uma seguradora estatal sabe-se lá com quais intenções. O mais previsível seria dizer que esta iniciativa busca esconder do mercado o risco desta e de outras grandes operações, tendo o estado como seu garantidor, através desta 'empresa'.

Afinal, os seguros hipotecários não acabaram na mão do governo nos EUA? Há uma onda de estatização desencadeada pela crise. A oportunidade estava no ar e o PT aproveitou.

Acompanham com grande apreensão, obviamente, o segundo round da brincadeira onde o estado quebra como consequência de ter assumido todos estes riscos. Estado não é feito para isso. Eles ganham o deles limpinho, quando as empresas e os indivíduos pagam impostos. Mas o nosso estado adora uma mesa de apostas. Toma as fichas dos investidores e, financiados por todos nós que vamos pagar esta conta no futuro, entra botando pra quebrar.

Agora vem a pergunta sobre a Petrobrás. O que aconteceu com o preço da gasolina? O barril sobe, e a gasolina não sobe. O barril cai, e a gasolina não fica mais barata. Porque?

Tudo depende de uma análise política de preço que decerto envolve a proximidade das eleições, a necessidade da Petrobras transferir recursos para o governo ou o interesse do governo em transferir recursos para a Petrobras, aumentando sua participação.

Toda esta movimentação política não passou desapercebida dos periódicos financeiros. Com a interferência política o valor da empresa tem caído bastante nos últimos meses, e agora o lucro ficou abaixo do esperado, perdendo entre as empresas de petróleo apenas para a BP, que teve suas finanças abaladas pelo desastre no Golfo do México.

E não se surpreendam se depois das eleições o governo reverta este subsídio e coloque a empresa para fazer caixa. Parece que foi em outro século que vimos a plataforma da Petrobrás afundando no mar. Hoje predomina o ufanismo irresponsável, que é o que interessa ao partido no poder. Estas críticas especializadas são recebidas de maneira infantil pelos militantes do petismo, como se não passassem de um esforço de estrangeiros de denegrir a pátria, e por aí vai.

Está em alta a arrogância do estatismo petista em achar que todos os planos vão sempre funcionar. E aqueles que apontarem problemas serão acusados de golpistas e traidores da pátria. Porque, afinal, nosso presidente é o sabe-tudo, e tem como apoio a famosa margem de manobra de 80%, que também sabe tudo sobre finanças e economia.

Deveríamos logo adotar aquele lema do plano cruzado, 'Tem que dar certo'. Porque se não der... este país vai pagar uma conta bem cara.

http://noir.bloomberg.com/apps/news?pid=20601086&sid=aRPb_Ig_dG8A

http://www.ft.com/cms/s/0/e9520e2c-a57b-11df-a5b7-00144feabdc0.html

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