Caminhamos para uma grande diminuição do estoque de capital global, porque praticamente o mundo todo hoje se tornou um grande experimento keynesiano onde o capital é direcionado ao consumo ou para projetos de investimento que não são viáveis, feitos sob critério político.
Gostaria de dar alguns exemplos dessa transformação no Brasil.
O primeiro são os cortes nos investimentos no setor de cana de açúcar, uma área que seria bastante lucrativa, mas que foi 'dano colateral' dentro da política de controle do preço da gasolina.
O congelamento do preço da gasolina inviabilizou o mercado do etanol, porque ao contrário da gasolina, o aumento no preço do etanol não é absorvido e escondido pela Petrobras e pelo governo, sendo atrelado ao preço do açúcar do mercado internacional, que disparou nesse ciclo inflacionário.
Como resultado, todos os produtores queriam exportar açúcar e ninguém queria mais produzir etanol.
Para 'consertar' o problema, o governo ameaça taxar a exportação de açúcar.
Isso obviamente não dá segurança a novos investimentos, mesmo considerando que há capital disponível no mercado mundial para o investimento em canaviais, que poderiam ao menos virar açúcar, e talvez etanol no futuro, mas que por enquanto não vão virar nada, e os canaviais vão envelhecendo, sem renovação, porque paira essa insegurança jurídica no ar.
É um exemplo de depreciação não-voluntária de capital.
Por outro lado a própria Petrobras também vai precisar destruir capital, ao construir refinarias que terão como único propósito abastecer o consumo do brasileiro por gasolina a preços constantes, com custo de oportunidade ou mesmo prejuízo para a estatal.
Ou seja, apesar de toda a propaganda, a Petrobrás hoje está com mais cara de posto BR do que de plataforma de pré-sal, inclusive recorrendo a importações, abastecendo o mercado nacional com prejuízo. Só sobre essa empresa poderíamos dar dezenas de exemplos de alocações de capital ineficientes, feitas sob critério político.
A mesma coisa que acontece com a cana acontece com o setor de energia, onde novamente preços são controlados para tentar esconder os efeitos da expansão monetária, e causam uma série de efeitos colaterais.
O consumo aumenta ou permanece constante, enquanto os custos das geradoras e distribuidoras aumentam e não são repassados, ou são contestados na justiça, e no final nos beneficiamos momentaneamente, é verdade. Mas passamos aos poucos a ter racionamentos e falhas constantes de energia.
O resultado é a familiar política de esconder inflação e manter o consumo sucateando a infra-estrutura, e empurrando a culpa para as empresas privadas ou, no caso de estatais, para o próprio usuário ou para eventos absolutamente fora do controle.
Ou seja, já que não há mais gado de corte, seguimos uma política de matar as vaquinhas da fazenda, pouco a pouco, para que a gente não abra mão de fazer churrasco todo final de semana. Essa sim, uma verdadeira farra do capital.
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