3 de setembro de 2010

Keynesianos clamam por inflação nos EUA

Como esperado, não há saída fácil para esta crise, especialmente nos EUA. Krugman e outros economistas da velha-guarda assistem chocados à Europa implemntando reformas emergenciais de cortes de gastos públicos, e jogando o Keynesianismo pela janela.

O último bastião é os EUA, com o dólar pronto para ser imolado pelo grande plano de escape. Pode até funcionar, enquanto os investidores aceitarem financiar imensa dívida americana em taxas baixas.

http://blogs.estadao.com.br/paul-krugman/2010/09/02/cura-pela-inflacao/

A Economist dá uma indicação de que os EUA podem também em breve se unir à onda de cortes de gastos européia. Não me surpreenderia. Uma ilusão só dura enquanto há aqueles dispostos a acreditar nela. Como disse o analista Jim Rogers, não há 'double-dip', há apenas a continuação da mesma recessão. O remédio Keynesiano nunca deixou de ser um paliativo. A recessão 'double-dip' assusta os Keynesianos, que acusam Obama de não fazer o bastante ou de não implementar o grande plano exatamente de acordo com a cartilha do economista morto.

http://www.economist.com/node/16943653?story_id=16943653

Mas já podemos antever que se não for Obama, será outro presidente a fazer os duros ajustes necessários. Caso contrário, sabemos exatamente o que eles passarão nos EUA. Seguirão um programa de 'quantitative easing' saudado pelos Keynesianos - imprimir dinheiro. Afinal é a única maneira de injetar ainda mais crédito no sistema quando os juros já estão em 0%. E de uma inflação 'Rogoff' de 10% ao ano podemos passar para uma de 30% ou 50%, sempre com retornos decrescentes, como enfatiza a Economist e como vimos no Brasil.

Pois se as pessoas se acostumam com a inflação, a mágica inflacionária deixa de funcionar como desejado. São necessárias doses maiores e maiores da mesma droga. Ainda hoje no Brasil 30% dos preços possuem indexação, resquício de uma época onde praticamente 100% dos preços eram indexados. Ou seja, até hoje pagamos um preço pela inflação das eras passadas. Juros zero por muito tempo, inflação muito alta, estas coisas induzem mudanças de comportamento econômico que nem sempre são mensuráveis pelos economistas, e que persistem por décadas.

Assim como persistiria a perda de credibilidade do banco central americano, coisa que apenas recentemente é reconquistada no Brasil, não sem muitos adversários. Será que poderemos ver o aparecimento do 'Novo Dólar'? A moeda no Brasil trocou de nome diversas vezes, como se quisesse sumir de vergonha ou induzir amnésia coletiva nos que a usam. Mas aí ao invés do 'tem que dar certo' o Fed pode usar como lema o nome do livro do Rogoff, 'desta vez é diferente'! Aliás, este poderia ser um bom lema para todos os Keynesianos.

Se os EUA seguirem o outro caminho, que é vender dívida para continuar estimulando a economia com déficits, poderemos ver outro retrato familiar. Poderemos ver um mercado saturado de dívida americana, com investidores estrangeiros se recusando a cooperar. Ver juros aumentando. Ver o custo de pagamento de juros da dívida americana pular dos 5% atuais para o patamar brasileiro de 30%. Dá para imaginar isto em um país onde o presidente quer espaço fiscal para montar um sistema de saúde público? Juros, previdência e saúde são os três maiores focos de recursos públicos no Brasil, e assim será nos EUA. Só que lá eles tem um gigante orçamento de defesa, que assegura ao país o posto de potência militar. Alguma coisa vai ter que ceder.

http://en.wikipedia.org/wiki/United_States_federal_budget

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