O 'negócio da vez' agora é o carry-trade do dólar para moedas dos mercados emergentes.
O carry-trade 1.0 teve papel fundamental no início da crise financeira. Agora estamos vendo o carry-trade 2.0, ou como diz Nouriel Roubini, a mãe de todos os carry-trades.
Economistas da escola austríaca, como Peter Schiff, há muito tempo apontam para o colapso do dólar. O dólar deixa de ser moeda de reserva, e bancos centrais hoje fazem o que seria inimaginável há anos atrás: compram ouro e outros ativos, mesmo sendo mais caro operar nestes ativos menos líquidos.
O nosso pouco brilhante ministro da fazenda frequentemente ignora os conselhos dos técnicos bem mais capacitados do Banco Central e implementa de maneira simplória aquele familiar passatempo dos políticos brasileiros, o de intervir no câmbio para tentar atingir uma mistura de interesses políticos, pressão de industriais amigos e exportadores. O bife não está vendendo lá fora! E lá vão Mantega e sua turma para mais uma trapalhada.
O movimento especulativo de moeda estrangeira para o real desta vez parece ser mais duradouro. E eles quebram a cabeça em como tentar dissuadir o investidor estrangeiro para que ele não invista por aqui. Xô, dólar!
Inventaram uma inefetiva cobrança de IOF, incapaz de reverter essa tendência especulativa de apostar no Brasil. Agora estão tapando os buracos, já antevistos pelos especialistas assim que a idéia foi proposta.
O dólar vai continuar depreciando não só em relação ao Real, mas em relação à todas as outras moedas, especialmente as de países emergentes. Não dá para saber até quando vai durar esta bolha. Posições de carry trade são alavancadas, e uma valorização súbita do dólar causaria um estouro.
Pensando como eles pensam, imagino que este influxo especulativo seja visto como grande ameaça política. Ao mesmo tempo que 'surfam' na onda do Brasil ser o investimento da vez, se preparam para o possível caldo...
Há também rumores de que a abertura de contas em dólar no Brasil está sendo estudada pelos nossos príncipes. Vale tudo para aliviar a pressão do câmbio, até tomar medidas liberais. Desde que pesem do lado certo, é claro.
Como eu voltei para o Brasil há pouco tempo, faria bom uso destas contas em moeda estrangeira, se é que isso vai ser autorizado. Parece ser bom senso acumular dólares quando estes caírem o suficiente. E as taxas que pagamos para converter dólares e euro no Brasil são muito superiores ao que seria normal. O que é um reflexo de toda essa parafernália para controlar o câmbio criada em uma época onde a moeda brasileira não valia nada.
Pensando nessa época, onde a moeda brasileira era controlada por economistas incompetentes e aventureiros, sugiro um plano drástico para desvalorizar o Real: Mantega para o Banco Central! É bom que não nos ouçam!
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2 comentários:
Olá Juliano!
Ótimo artigo. Uma análise muito interessante do assunto.
Victor
No Estadão de domingo o Celso Ming também discute sobre o carry-trade.
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