21 de maio de 2012

Neste artigo temos uma visão de como é o serviço público na Espanha, agora passando por grave crise que traz ao debate o tema do serviço público e seu modo de funcionamento. Reparem nas semelhanças para com o Brasil.


Um emprego para a vida toda


Se tornar um funcionário público é o cálice sagrado de todas as profissões para muitos na Espanha, devido seu caráter permanente. Entretanto, obter um destes postos não é tarefa fácil.


Considerando que o alto desemprego leva mais e mais candidatos a cada vez menos vagas, a competição é acirrada. Um concurso no sistema judiciário, por exemplo, significa competir com mais de dez mil candidatos. As chances de se tornar um 'funcionario' na Espanha são semelhantes a cursar uma universidade de grande reputação nos EUA.


O candidato típico gasta algo entre um e cinco anos para se preparar para as provas, e precisa se inscrever em cursos de prepacação em escolas particulares - de 100 a 200 euros por mês, sem incluir os materiais. Sem dúvida, os candidatos entram em uma corrida de esforço e recursos financeiros para obter o emprego para a vida toda. Enquanto a maioria fica de fora, uma minoria ao menos é capaz de capitalizar seus esforços conseguindo um emprego na iniciativa privada, principalemente na área da saúde ou de serviços jurídicos.


Um sócio de uma grande firma jurídica de Madri disse 'procuramos candidatos que não passaram nas provas do serviço público. Estes são indivíduos preparados que, ao contrário dos recém-formandos, conhecem o código página por página, literalmente'.


Os poucos seletos que passam as provas logo descobrem o significado do ditado 'cuidado com o que desejas', pois eles se tornam vítimas de seu próprio sucesso dentro de um sistema perverso.


Pois uma vez que o sonhado emprego público é conquistado, os incentivos do trabalho duro desaparecem: dedicação e concentração, competição e recompensa ao mérito, os ingredientes que os colocaram nestas posições em primeiro lugar, são substituidos por um sistema perverso que os leva a uma vida de complacência.


O serviço público castra a ambição e aniquila o indivíduo, pois não há incentivos para performance, talentos especiais ou habilidades. Nem sofrem pressão para manter a mesma carga de trabalho, pois como diz o ditado na Espanha, para ser demitido só por reunião ministerial.

Artigo completo em:
http://en.elconfidencial.com/opinion/2012/05/21/spains-public-servants-a-lifetime-of-serfdom-19/

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