8 de dezembro de 2010

A alternativa que não é

Recentemente o BC brasileiro optou por reduzir a alavancagem como forma de aumentar a estabilidade do sistema financeiro nacional. Muitos viram isso como uma alternativa ao aumento da taxa de juros, porque agora com menos alavancagem os bancos são obrigados a comprar mais títulos do governo, e com mais procura os juros básicos tem uma pressão de queda.

Mas quando as pessoas falam em juros baixos elas não estão interessadas em crédito fácil para o governo, e sim para os demais tomadores. Para estes, os juros vão ser mais altos.

6 de dezembro de 2010

Dá pra fazer um desenho?

Para quem com eu está curioso mas sem tempo para ler os documentos vazados pelo Wikileaks, o cartunista David Horsey resumiu a diplomacia internacional a uma charge bem bolada:

http://blog.seattlepi.com/davidhorsey/archives/230324.asp

3 de dezembro de 2010

Brasil acorda para a real situação da expansão do crédito ao consumidor

Financial Times, hoje : "Brazil raises reserve requirements to avert bubble"

A evolução da notícia aqui dentro:

"Dilma deve tirar Meirelles do BC
para reduzir juros, diz jornal"

"Setúbal descarta bolha e vê crédito no Brasil crescer por alguns anos"

"Não existe bolha de crédito no Brasil" José Olympio Pereira, presidente do Credit Suisse

Aí depois de uma semana:

"O Brasil corre o risco de passar por uma bolha de crédito?"

Aí um dia depois

"Aperto monetário visa evitar bolha no crédito, diz Meirelles"

Senhores passageiros, apertem os cintos! A conta vai chegar

2 de dezembro de 2010

Epitáfio involuntário de Nestor Kirchner

Rápida tradução do sumário:

1 - Este telegrama examina o estilo único de tomada de decisão do presidente Kirchner, conhecido como 'estilo-K'. Dado o total controle de Kirchner sobre todos os aspectos do Governo Da Argentina (GDA), o conhecimento de suas motivações e métodos é fundamental para um melhor entendimento das ações do GDA.

2 - O modo pessoal, às vezes errático com que opera e toma decisões define o modo argentino de fazer política, e é caracterizado por um foco exclusivo no curto-prazo e na acumulação e manutenção diária do poder político no cenário doméstico. O estilo político doméstico de Kirchner não deixa espaço para dissidentes, e usa táticas dividir-para-conquistar para enfraquecer a oposição. Enquanto usa retórica populista de esquerda às vezes, na prática Kirchner demonstrou que suas inclinações ideológicas são sempre menos importantes do que as praticalidades da política doméstica. Estudos do perfil psicológico de Kirchner indicam uma necessidade de sempre estar sob controle, uma tomada de decisão rápida e decisiva, uma luta constante contra supostos inimigos, e uma tendência a responder aos conflitos de modo ríspido, ao invés de entrar em um processo de negociação. A política externa do governo Kirchner é sempre subserviente aos interesses políticos domésticos. O presidente Kirchner não possui experiência em diplomacia internacional, e frequentemente ignora o protocolo. Para auxiliar na tomada de decisões fundamentais, o presidente Kirchner depende de uma base de conselheiros de longa data que tem encolhido bastante ao longo do tempo. Muitos destes conselheiros também não possuem experiência internacional em assuntos econômicos e empresariais.

http://cablegate.wikileaks.org/cable/2006/06/06BUENOSAIRES1462.html

Hackers do Wikileaks publicam material das embaixadas americanas

O Wikileaks, site que cada vez mais se assemelha mais a um site de hackers do que propriamente jornalistas investigativos, revelou centenas de documentos vazados das embaixadas americanas ao redor do mundo.

A vontade do Wikileaks é a de expor a maneira com que o 'real politics' funciona, e o contraste dos comentários com as posições oficiais do governo americano. A meu ver uma grande bobagem. Mas, em todo caso, o material contém análises de alta qualidade, curtas e objetivas. E como não são feitas para serem publicadas em um canal fechado de comunicação, vão diretamente ao ponto e dão nome aos bois.

A maior parte do material vazado no Brasil confirma o que por aqui todo mundo já sabia. Que a política externa do Lula tem um ranço anti-americano, que prefere se aliar aos ditadores e governos encrenqueiros, que omite casos de terrorismo em território nacional, que continua a fomentar teorias conspiratórias na Amazônia ( que são na verdade quase uma mania nacional ).

Na maior parte do tempo a embaixada americana no Brasil está mesmo é preocupada em obter oportunidades de negócio para empresas americanas. Só que por motivos estratégicos e ideológicos o governo do Brasil interfere no ministério da defesa para impedir a compra de equipamento bélico americano.

Novamente, não há surpresa nenhuma nisso. O que vocês acham que fazem as embaixadas brasileiras mundo afora? Eles vivem fazendo isso, usando verbas públicas para representar empresários brasileiros com boas conexões políticas, entre um jantar e outro.

Já na Argentina, uma análise me chamou a atenção, que traça um retrato bastante verossívil do recém-falecido Nestor Kirchner, cujo sumário traduziremos no próximo post. Lido hoje, se torna um verdadeiro epitáfio do líder populista latino americano, esta praga que teima em brotar por estas terras.