8 de novembro de 2010

Presidente do Banco Mundial sugere o retorno ao padrão ouro

O cenário monetário e financeiro muda rapidamente com a crise. Não espere que ninguém venha explicar na grande mídia ou na televisão, mas líderes de Rússia, Arábia Saudita e China, países que controlam grandes reservas de investimentos e são credores líquidos, são recebidos com tapete vermelho na Europa, enquanto Obama concretizou sua liderança histórica barranco-abaixo, e os emissários americanos são atacados no G20 por suas tentativas de inflacionar o dólar de maneiras pouco convencionais. Temos uma rápida mudança na estrutura de poder.

Governos da periferia da Europa como o irlandês estão tendo grandes problemas para vender títulos sem pagar altas taxas de juros. 8% em um título Irlandês é, para eles, algo inimaginável. Isto nos dá um bom exemplo da resistência do Brasil à crise. A Europa se viciou no crédito fácil tanto quanto os EUA, mas agora tentam reorganizar as finanças públicas do jeito difícil, passando por uma fase de aperto e de reajuste econômico.

Já nos EUA a situação é desoladora. O que toma conta do pensamento econômico americano são os velhos conselhos Keynesianos. Os velhos erros fundamentais que partem de uma concepção errada dos processos econômicos e dão origem ao que se entende por macroeconomia. A macroeconomia é uma teoria em frangalhos, após todos os golpes que a realidade econômica lhe desferiu nas últimas décadas, e especialmente nesta crise.

Articulistas como Paul Krugman e DeLong, e em geral qualquer um de Princeton, Yale e demais departamentos econômicos fortemente keynesianos, recomendam do alto de suas torres-de-marfim uma estratégia que no longo prazo vai levar ao colapso do dólar e da américa. Já lavam as mãos desde já: se não funcionar, é porque os americanos não se jogaram de um penhasco alto o suficiente.

É uma grande pena que uma economia tão rica como a americana pereça como cobaia da pseudo-ciência Keynesiana. Estão estimulando a inflação porque acreditam no consumo como a mola propulsora da economia. Subcrevem àquela opinião imbecil de que na divisão global do trabalho cabe aos EUA o papel de se especializar em consumo, enquanto cabe ao resto do mundo, especialmente a China, competir para supri-los com capital, crédito e, principalmente, com os produtos que eles importam.

Agora eles querem tentar através de uma inflação de preços mais alta sabotar o reestabelecimento da poupança nos EUA, que rapidamente se recuperou por causa da crise. Os americanos tem cortado as dívidas, economizado, e isso vai contra os planos do Fed.

Só que desta maneira o capital do país continuará sendo dilapidado pelo consumo, como tem acontecido nas últimas décadas, e como naquela estória em que os trabalhadores da fazenda resolvem comer as vacas leiteiras para ver se a produção da fazenda aumenta. Só o que os Keynesianos enxergam são efeitos de curto-prazo. E no curto prazo, os QE's do Fed vão causar um retorno momentâneo à euforia pré-crise. Por quantos meses isto pode ser sustentado, não cabe perguntar.

Mas como a carruagem da economia mundial deve prosseguir, algumas vozes dissidentes tem se levantado contra aqueles cegos que dizem que 'não há nada de errado' com a macroeconomia ou com o sistema monetário. Uma nova declaração que me causou muita surpresa foi a do presidente do banco mundial, sugerindo que o ouro deveria ter um papel maior na estabilização do sistema monetário internacional.

http://www.ft.com/cms/s/0/e669c7dc-eb43-11df-811d-00144feab49a.html#axzz14ivBoA7r

Isto mesmo. Isto não é opinião de Peter Schiff, nem de Jim Rogers, Marc Faber ou outros analistas de sucesso, com grande experiência prática ou forte base austríaca. Vem de um presidente do banco mundial.

O maior medo dos Keynesianos é a deflação de preços. Eles vivem em um mundo econômico onde salários sempre sobem e nunca podem ser negociados. Isso na época de Keynes tinha uma certa razão de ser, com forte atuação de sindicatos. A desvalorização da moeda através da inflação é, neste esquema, uma trapaça que ajuda os preços a atingirem o valor correto.

Como escrevi em um post anterior, não consigo ver problema nenhum com o padrão ouro. Uma moeda com 6000 anos de uso certamente é mais estável do que a nossa moeda fiat com no máximo 200 anos de uso. Bancos e estados precisam de um laço forte com as possibilidades do mundo real, e a moeda fiat nos traz rápido crescimento de baixa qualidade, com sucessivas crises, maiores e piores.

Sob um padrão ouro a importação americana da China seria paga com ouro. Não há deficit, porque o ouro é a exportação americana para a China. Logo diriam que há uma 'fuga de ouro', e justamente por bater nestas amarras é que o padrão-ouro foi abandonado. A moral da estória é: estados precisam destas amarras. Você remover as amarras só torna o problema pior.

Com mais ouro a China naturalmente construiria um estoque de capital ao invés de um estoque de dívida pública americana. Emprestariam ao mundo com os juros mais baixos. Ou, se preferirem, guardariam estas pilhas de ouro sem ter retorno nenhum. Os preços nos EUA cairiam bastante, e a taxa de juros aumentaria, como deve ser. O contrário do que acontece no sistema monetário atual, onde quanto mais os EUA importa, mais abaixam as taxas de juros em dólar.

Os Keynesianos entendem o fluxo econômico como um ciclo. Mas é evidente a qualquer matemático ou engenheiro que este ciclo dos EUA com a China e os incentivos trocados nas taxas de juros constroem o que se chama de sistema de feedback positivo. O que isto causa em qualquer sistema, seja econômico, seja em um circuito eletrônico ou em uma manada de animais? Crise, imprevisibilidade, caos, colapso total.

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