18 de outubro de 2010

A reforma da grande pirâmide

Toda vez que eu vejo protestos contra reformas na previdência eu lembro de uma estória que li sobre este episódio:

http://en.wikipedia.org/wiki/Caritas_(Ponzi_scheme)

O governo da Romênia resisitiu a atacar este esquema de pirâmide com medo de protestos e da impopularidade. Soa familiar.

As pessoas adoram bolhas e pirâmides, esta é que é a realidade. Não há nenhum investimento real que chegue perto do retorno oferecido pelas pirâmides em seu começo.

O sistema de pensões é o maior esquema de Ponzi do mundo, deixa Maddof e Ponzi no chinelo, e causa grandes decepções em quase todos os países onde foi implantado e reformado com seus sucessivos remendos. Entretanto, quando foi implementado - no começo da pirâmide - fazia a alegria geral dos políticos e da população da época, que resolveram um problema prático sem gastar nada.

Em uma discussão em um espaço no blog do Kupfer coloquei algumas opiniões e conclui, no final, que no Brasil o sistema de pensões é um caso perfeito de importação de um sistema que não funciona para um país que não funciona.

Porque aqui, por razões demográficas, ainda haveria espaço para a pirâmide crescer antes do seu inevitável desmoronamento. Ou, seria possível remendar tando a pirâmide até que se tornasse uma loteria da longevidade, onde os que morrem antes pagam as pensões de quem morre depois. Tudo isso contrasta com a idéia popular de que contribuições previdenciárias são uma espécie de investimento. Não são.

Só que, no caso brasileiro em tempo recorde o sistema foi implodido em primeiro lugar por 1 milhão de funcionários federais, que tem seu sistema à parte, separado do INSS, com déficit anual de 25 bilhões de reais, e em segundo lugar por um dos maiores programas do mundo de distribuição de renda, feito pelo INSS, no qual os trabalhadores do setor privado garantem o pagamento de 1 salário mínimo para quem jamais contribuiu na pirâmide. Ambos apresentam déficit que cai no ministério da previdência. E o estado precisa pagar 10% ao ano de juros para cobrir este rombo.

Em um esquema de pensões legítimo há acumulação de poupança, e aplicação de juros sobre juros que fazem o montante crescer. Já no modelo estatal há acumulação de déficit, com os juros que fazem esta dívida crescer.

Notaram o absurdo da situação? Temos um esquema de pirâmide, que por si já não funciona, que no Brasil virou garantia de renda para o clero governamental e suas viúvas e virou programa social financiado pela pirâmide dos outros.

O déficit atual está em 50 bilhões por ano, no qual metade é só pra pagar as pensões dos funças.

Para aprender um pouco mais sobre este tema, geralmente abordado de maneira emocional e irracional, encomendei o livro do Fábio Giambiagi que está por 13 R$ nas Americanas:

http://www.americanas.com.br/produto/5603559/livros/economia/economiabrasileira/livro-reforma-da-previdencia:-o-encontro-marcado

Este é com certeza um dos temas que a imprensa não tem dado destaque ultimamente. Até parece que estamos em uma zona de prosperidade sem nenhum problema. Imaginem o que será deste país quando acordarmos do transe lulista e percebermos que temos um problema de dívida pública agravado pelos déficits previdenciários, uma situação que não se resolve sem uma boa dose de decepção.

Nenhum comentário: