2 de outubro de 2010

A grande ausência no debate presidencial

Em mais um de seus ótimos artigos, Celso Ming comenta a total ausência do debate econômico na campanha presidencial.

http://blogs.estadao.com.br/celso-ming/2010/10/01/a-grande-ausencia/comment-page-1/#comment-2128


Comento:

Não sei se isto é de todo mal, porque indica que a 'herança maldita' na verdade não era tão maldita assim, e hoje virou 'consenso maldito'. Todos concordam sobre o consenso. Claro que é difícil governar com responsabilidade fiscal, mas no final compensa. Mesmo os populistas sabem disso. O seu eleitor pode não entender nada do assunto, mas se a moeda ou a economia entra em parafuso ele vai jogar a culpa no atual governante.

Especificamente sobre a questão dos juros, hoje o país poderia até escolher, pois temos alguns caminhos para reduzir juros de maneira sustentável. Porém, todos eles implicam em altos custos de ajuste. Assim como o plano Real resultou em um custo enorme de ajuste que até hoje não foi bem entendido pelas pessoas.

O futuro governo poderá aceitar a valorização natural do Real, o que causaria uma pressão de baixa nos índices de inflação - e os juros tomariam um rumo de baixa. Porém, este cenário é temido pela indústria nacional.

O futuro governo pode retomar o único caminho sutentável para reduzir a enorme parcela de juros que o país paga: parar de gastar tanto, conseguir superavits nominais, o que neste contexto internacional de quebra geral permitiria rolar a dívida com taxas bem menores, se apresentando ao mercado como um dos poucos países a apresentar as contas em ordem.

Finalmente, outro tema importante já abordado pelo Celso Ming, o futuro governo poderia inicializar o regime de capitalização na previdência, o que passaria, pela primeira vez, para surpresa dos leigos, a realmente acumular poupança ao invés de gastar agora e acumular promessas. Para minha surpresa o PV adotou esta proposta, e no debate presidencial o candidato José Serra também se comprometeu com ela.

O PT por sua vez tem duas escolhas. Ou os petistas começam a arrumar a casa, visando permanecer lá por um bom tempo, ou terminam de roer as paredes e deixam a bomba explodir na mão de sua candidata.

Administrar é isso, fazer escolhas difíceis. Conciliar a vontade de comer a vaca agora com o desejo de deixar a vaca viva e tirar o leite ao longo do tempo.

Infelizmente em campanha eleitoral eles se candidatam ao posto de salvador da pátria e mercadores de milagres. Tudo é fácil. Um vai aumentar isso, o outro vai criar aquilo. A nossa população é simples, infantilizada para a democracia. O eleitor ainda não é maduro o suficiente para entender que no final ele é que paga por estas promessas de almoço grátis.

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