Nas últimas semans assistimos a algumas manobras contábeis feitas pelo governo em clima eleitoral. Assistimos a um grande contorcionismo, uma fórmula mágica que o governo buscou para capitalizar a Petrobras sem ter capital disponível, e sem que o capital dos investidores pudesse ameaçar a preponderância da fatia do estado. Isso, para quem entende o modo de pensamento da esquerda, era algo bastante esperado.
Agora, de sopetão, o governo usa dois de seus brinquedos favoritos, o BNDES e a Petrobrás, para dar uma maquiada nas contas públicas, e atingir a meta de superávit primário que eles iam perder. Alguns dias antes eles disseram que não usariam mais o BNDES neste tipo de operação. Evidentemente mudaram de idéia.
http://blogs.estadao.com.br/rolf-kuntz/2010/09/29/o-custo-da-arrumacao/
Isto dá um grande reforço na nossa reputação de usuário pesado da ‘contabilidade criativa’, e certamente não ajuda em nada o país à longo prazo. O problema é que governo federal por aqui pensa que pode administrar como se fosse a casa da mãe Joana. Arrumando a casa de qualquer jeito e à sua maneira, abrindo brechas e espalhando gambiarras. Eles acham que ganhar eleições e ter altos índices de popularidade os libera de seguir práticas de transparência e de boa governança.
Justamente esta idéia de que se tem do estado como tendo o direito sagrado de se erguer acima de qualquer restrição, seja auto-imposta ou através da exposição de certos temas pela imprensa, é que ecoa perfeitamente com a doutrina fascista, que enxerga o estado como expressão máxima do povo, não admitindo qualquer oposição. Note que estamos usando o termo 'fascista' historicamente e com causa, e não como palavrão, como é comum pela esquerda.
Desta doutrina herdamos outros elementos, tais como nosso forte corporativismo, também bastante valorizado por Lula, como seria esperado em um presidente sindicalista. E esta tendência de tranformar governo em árbitro supremo, infiscalizável por natureza, e de criar uma religião laica de culto ao estado.
Precisamos acabar com isso. Em primeiro lugar, chega de contorcionismo e de MPs aparecendo pra dar um jeitinho nas contas na última hora. Isto é inaceitável. O governo federal precisa jogar dentro de regras estabelecidas. Estados e municípios são bem mais limitados em suas aventuras pela LRF, criada pelo governo anterior, quando o estado estava, realmente, ainda saindo do fundo do poço.
Hoje estamos em uma situação macroeconômica bem melhor, graças a esta e outras reformas fundamentais. Mas no que o atual governo contribuiu? Qual será o legado do governo atual? Será certamente o de avançar no ideal do estado fascista: consolidar a mítica do líder e da grandeza nacional acima das regras e trivialidades administrativas, fiscalizar tudo e todos, mas não prestar contas para ninguém. Transformar anseios populares em patriotada, e agir com amadorismo e extremo 'patrimonialismo partidário' no trato da máquina pública.
Será que vamos ter que chegar novamente ao fundo do poço para amadurecer e continuar avançando administrativamente? Parece que sim. Porque infelizmente estes temas técnicos não interessam o eleitor. Só há um interesse nacional quando as turbinas do avião começam a falhar.
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