A novidade na campanha eleitoral não são denúncias de última hora e casos de corrupção sendo expostos em frente dos eleitores. A novidade é que para o PT o culpado é sempre a vítima e o mensageiro. É uma mudança de postura que só mesmo o PT poderia se dar ao luxo de defender.
Enquanto os ratos e as baratas de outros partidos correm para seus buracos quando alguém chega com uma lanterna, os petistas atacam o sujeito que chega com a lanterna, como se o problema estivesse na luz, e não nas baratas deles.
Passamos pela primeira fase da era Lula com parcimônia nos primeiros anos, seguindo a recuperação fiscal e estrutural do estado brasileiro. Aí foi só colher os frutos da estabilização macro-econômica, e engatar neste clima surreal de ufanismo lulista, com a expansão do gasto governamental, e a sensação falsa de que agora estamos vivendo em um país desenvolvido.
Podíamos não ter zarpado pela crise, mas o estado tinha alavancagem para tanto. Culminamos nas patéticas lições de Lula para o mundo: para a Europa, para os EUA. Como se o petismo tivesse descoberto a roda. Entraram em uma aeronave com destino certo, e tiveram a inteligência de não alterar radicalmente o curso, e apenas trataram de pendurar seus companheiros às asas. E ainda chamaram a isto de 'herança maldita'. Imagine qual será a herança que ELES deixarão para o futuro.
Além de seus clientes cativos, alto funcionalismo federal e dependentes de bolsas estatais, o petismo agora aposta eleitoralmente em seus supostos descendentes, a emergente classe média, brasileiros que melhoraram de vida graças à estabilização macro, e que, esperam os petistas, serão voto cativo do PT durante anos.
Mas nada impede que com a ascenção estes brasileiros começem a ler e se informar melhor, e descubram que na verdade tudo não passa de propaganda enganosa. Cresceram por seus próprios esforços, em um clima de inflação controlada, grande demanda pelos produtos primários exportados pelo Brasil, e com o estado reduzindo por um tempo seu enorme arrasto na economia nacional. Para depois engatar a marcha-ré.
Até este amadurecimento a repercussão de corrupção ou a ameaça do estado autoritário não serão determinantes políticos. Vivemos em plena democracia de massas, onde estes assuntos não tem muito valor, e onde as eleições se resolvem no atacado, através do marketing, mensagens subliminares, e, especialmente, a percepção momentânea de bem-estar econômico e a crença generalizada de que o estado é uma máquina de criar valor, capaz de resolver a vida de todo mundo, bastando vontade política. Uma grande falácia, já que o estado distributivo é uma pirâmide. No topo desta pirâmide figuram membros do partido e aqueles empresários ligados ao partido e com boas conexões políticas.
http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/08/02/pt-quase-dobra-numero-de-filiados-na-era-lula-dem-e-pmdb-crescem-pouco.jhtm
O que será que nos leva a fazer este epitáfio da democracia brasileira, depois de tanta luta para que fosse duramente reconquistada? Será o prospecto de um partido único no poder, com os demais políticos e empresários ingressando no partido para não serem incomodados? Será a constatação de que viveremos por um tempo em um país completamente decapitado, centralizado, sujeito às tentações de um paternalismo autoritário? Ou será que é o sentimento que temos quando vemos um candidato palhaço em São Paulo servindo de 'puxador de voto', hipótese certamente não considerada pelo legislador ao elaborar os mecanismos de quociente eleitoral?
http://www1.folha.uol.com.br/poder/791706-saiba-quem-voce-pode-acabar-elegendo-ao-votar-no-palhaco-tiririca.shtml
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