O governo esta semana retorna a um dos objetivos estratégicos de sua 'agenda secreta', que é exercer o controle da Vale. O atual presidente da empresa ousou contrariar os interesses do atual partido no governo, e agora paga um preço pesado.
Hoje ele foi sabatinado pela Previ, um dos maiores fundos de pensão brasileiros. Como sabemos, o capitalismo tupiniquim é financiado em grande parte pelo cofrinho dos funcionários públicos, com seus volumosos fundos, que são curiosamente gerenciados por pessoas indicadas pelo governo ou por sindicatos através também de pressões políticas.
Por aqui, coisa normal, e não causa nenhum espanto. Assim como não causa espanto um ministro pedindo a cabeça de um executivo de uma empresa privada em uma bandeja.
Não sou especialista em Vale, mas quando esta empresa ainda não tinha começado sua história de sucesso, era mais um buraco de dinheiro público entre os tantos que existem no nosso país.
Uma empresa estatal típica investe não apenas pelo lucro, mas para oferecer emprego em uma determinada região, aumentar a produção de aço, ter o melhor time de futebol do país, e para satisfazer objetivos políticos através do investimento em setores estratégicos.
O lucro e a eficiência são evitados, afinal, porque o objetivo da empresa estatal não é apenas o lucro, e sim produzir 'valor social'. Ou seja, é a tradução em um vocabulo progressista do as pessoas entendem vulgarmente por produção de 'tetas' e 'cabides'.
No final, as empresas estatais investem tanto por outros motivos que acabam por se tornar empresas que apresentam péssimo resultado financeiro. Não é raro que se tornem deficitárias, mesmo operando com baixa competição, e, em alguns casos, mesmo sob monopólio.
Imagine você, o pagador de imposto pagando para a Petrobrás tirar o petróleo da terra ou a Vale para cavar o minério. Inimaginável?
Bom, quando essa estória começou nosso país era mais estatizado do que hoje, e não havia a enorme fome por commodities chinesa. A situação deficitária era normal no setor de mineiração. As estatais produziam algo que, em termos simples, ninguém queria comprar pelo preço que à eles custava produzir. Aí o estado intervia, e enterrava dinheiro público nestes investimentos por causa do 'valor inestimável, etc'.
Aí tivemos a onda de privatizações, este tsunami benigno que mudou as bases economômicas de muitos países na nossa região, que saíram de uma base mais estatista para um sistema misto.
E o que a Vale fez após sua privatização? Começou a desfazer o emaranhado de negócios auxiliares que ocupavam o capital da empresa.
Ninguém no momento sabe quais são os planos do governo para a Vale. Mas acredito que envolvam um retorno às origens, à presença maior da empresa em várias outras frentes em que uma análise financeira diria que seria melhor não investir.
A China como descrevemos em um post anterior vive uma bolha de contrução e investimento em infra-estrutura, o que beneficiou bastante a Vale nos últimos anos. Mas o futuro, ninguém sabe. Talvez quando mais precisará de agilidade e de 'destruição criativa', a Vale se envolverá em um jogo político, tendo que tocar projetos para agradar a seus controladores, ou será apenas usada dentro de um plano estratégico político e econômico.
Assustam, por exemplo, declarações de um funcionário do governo revelando que o governo inveja a Vale por seu poder de barganha com a China. Ou seja, acreditam que este poder estaria melhor neles mesmos, para ser usado como moeda de troca.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário