Se está comentando muito o efeito que as redes sociais estão tendo na política em face aos protestos no norte da África. Tanto nas sociedades democráticas quanto nas autoritárias a tecnologia está mudando as regras do jogo. Podemos apostar que um dos temas caros ao governo este ano será como 'regular' este novo mundo, e evitar que mobilizações políticas apareçam do nada e se multipliquem em dias, e ameacem o status quo.
Este é um tema sobre o qual absolutamente todos os governos se debruçam. Porque todo governo possui por natureza uma imensa vontade de auto-preservação, acima de qualquer outra consideração. Desde os países autoritários que, como o Egito, chegam a desligar serviços de comunicação, passando pela China, que busca usar tecnologia para vigiar eletronicamente seus cidadãos, Europa e EUA que buscam fazer um cordão de isolamento aos novos movimentos políticos, e punir exemplarmente episódios tais como os dos hackers do WikiLeaks, e, finalmente, Brasil e outros emergentes no meio do caminho entre autoritarismo e democracia, que buscam seduzir grandes e pequenos a entrarem no jogo oficial, usando a justiça para reprimir o livre direito à informação, porém tentando manter as aparências e evitando proibições e outras medidas drásticas.
Governos de emergentes como Rússia, Brasil e China são bastante caros à pratica de manter meios de comunicação oficiais camuflados na internet, pagos por baixo dos panos com verbas públicas ou do partido para dar a aparência de um autêntico movimento político, e servindo de válvula de escape ao radicalismo em suas organizações.
Existe hoje tecnologia suficiente sob controle dos governos mais atualizados em tecnologia que permite vasculhar a internet, buscando, por exemplo, pedófilos e criminosos eletrônicos. Mas o carro-chefe destas tecnologias é a busca de informações que podem levar à prisão de esquemas de pedofilia.
Pois bem, exatamente estes mesmos equipamentos, usados para o bem, mas sob os quais não se faz muito controle, poderiam ser usados tranquilamente para a espionagem política. Diria até que isto já está acontecendo em estágio avançado no nosso país.
Mas da mesma maneira que os criminosos, grupos políticos de oposição na internet podem também usar ferramentas de tecnologia que evitam o escrutínio do crescente aparato de vigilância eletrônica. É um jogo de gato-e-rato, uma verdadeira corrida armamentista nas tecnologias de comunicação.
2 de fevereiro de 2011
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