Depois da eleição vem a conta: governadores alinhados ao governo federal buscam ressussitar a CPMF. A arrecadação cresce, o governo gasta mais e mais. Para fazer frente às promessas eleitoreiras, tais como o aumento do salário mínimo, seguem pelo caminho que acreditam ser de menor resistência.
Notem que o PSDB adotou claramente a bem-sucedida estratégia petista de, quando confrontado com promessas feitas pelo PT, aumentar estas promessas. Com o PT se acostumando a ser dono da estrutura de governo por um período mais longo de tempo, há uma transição natural do comportamento de lobo para o de pastor de ovelhas, o que exige uma moderação fiscal maior. Já quem está fora do poder tem a vantagem de oferecer à população uma agenda irrealizável.
O salário mínimo impacta em cheio este que é o maior programa de distribuição de benefícios do Brasil : o 'bolsa-idoso', a concessão de pensões estatais de um salário mínimo sem contrapartidas, e com contínuos reajustes reais sendo oferecidos ao longo da última década. Há uma clara tendência de achatamento de aposentadorias dos que contribuíram ao sistema em direção ao salário mínimo. Ora, para receber um salário mínimo não precisavam ter contribuído nada. Imaginem o que esta mudança de comportamento representará em breve para as contas já bastante inviáveis do INSS.
Mas o salário mínimo é um dos principais motores de popularidade do governo Lulista, e é outra das bombas que este deixa para sua sucessora, junto com a inflação crescente (IGP-M acumulado em quase 8% ), a mudança do cenário externo, a deterioração da situação fiscal, resolvida com gambiarras não vistas desde a era Sarney.
Há também uma visível mudança de discurso oficial. Depois do discurso anestésico aplicado na população até as eleições, agora vem as autoridades alertar para o fato que há uma grave crise no mundo, que temos grandes desequilíbrios, temos um grande desafio cambial e fiscal. Vem chumbo grosso por aí, e eles mesmo já estão tentando acordar as suas ovelhas da hipnose.
Eu vejo basicamente dois cenários para o governo da mulher do Lula, até o retorno do Chefe ao poder. Na primeira hipótese, tudo continua no estilo do Chefe, e nada faz além de reformas pontuais que possibilitem empurrar com a barriga mais um pouquinho.
Um segundo cenário mais inesperado seria a realização de reformas impopulares e necessárias, porque sem estas reformas o brinquedo corre o risco de quebrar na mão do Chefe. Nesta hipótese, aparecerá o nome Dilma, que assim como Erenice será sacrificada pelo chefe, e entrará para a história como um dos governos mais odiados, justamente por ter feito todas as reformas impopulares absolutamente necessárias ao país e ao domínio petista por mais uma década. A população, sem entender patavina, poderia culpar Dilma e ... votar em Lula.
Dependendo do que eles fizerem com a CPMF, taxa de juros, e com os aumentos de salário mínimo, já vai dar para ver qual caminho desejam seguir.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário